UnATI-Uerj se engaja em esforço global no combate ao Alzheimer e promove seminário para discutir a doença

03/07/202316:56

Diretoria de Comunicação da Uerj

A Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), ingressou numa batalha que está mobilizando organizações líderes em todo o mundo para combater uma situação considerada “epidêmica”: a doença de Alzheimer. Em parceria com o Davos Alzheimer’s Collaborative (DAC), fundação público-privada criada durante o Fórum Econômico Mundial em 2021, na Suíça, por um grupo de entidades internacionais, o núcleo da Uerj promove o “Seminário Atenção Primária e Doença de Alzheimer – Cenário Atual”, no dia 11 de julho, das 13h às 16h, presencialmente, na Capela Ecumênica do campus Maracanã, e online, com transmissão via Zoom.

Voltado para profissionais e estudantes da área de saúde e afins, o encontro busca apresentar potenciais cenários da relação entre a detecção precoce da doença de Alzheimer e a atenção primária. Para tanto, contará com a participação de quatro palestrantes brasileiros e quatro estrangeiros. As inscrições podem ser feitas no site da UnATI.

A atenção primária tem papel fundamental na detecção precoce do Alzheimer

De acordo com o pesquisador Otelo Corrêa dos Santos Filho, da UnATI, investigador principal do DAC no Brasil, a ideia de realizar o seminário surgiu a partir da necessidade de se conscientizar os profissionais de saúde que atuam na atenção primária – médicos, enfermeiros e agentes comunitários – sobre a detecção precoce do Alzheimer. “O médico de família é o primeiro contato que o idoso tem com o sistema de saúde. Por isso, pode detectar a doença em seus estágios iniciais e encaminhar os pacientes para o geriatra ou o neurologista. Os agentes comunitários de saúde também podem ser treinados para detectar comprometimento cognitivo nos idosos”, afirma Otelo, que é um dos coordenadores do seminário.

Alzheimer atinge 50 milhões de pessoas no mundo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há 50 milhões de pessoas com Alzheimer no mundo atualmente. Até 2050, o número de indivíduos com demência triplicará para 139 milhões. No Brasil, estima-se que exista 1 milhão e 700 mil pessoas sintomáticas. O diretor da UnATI, Renato Veras, ressalta que o crescimento no número de casos está relacionado ao aumento da expectativa de vida: há 40 anos, vivia-se em torno de 63 anos; hoje, a média está em 75 anos. “As pessoas estão vivendo muito mais, porém com uma doença que tira a qualidade de vida não apenas delas, mas de todo o seu entorno. A importância do Alzheimer no envelhecimento é enorme, porque há um impacto financeiro e social sobre, em geral, mulheres, que são tiradas do mercado de trabalho para cuidarem de seus familiares”, explica.

Foto: Divulgação DAC

Veras observa que houve um avanço nas pesquisas científicas nos últimos anos no combate a doenças com grande incidência entre os idosos, como diabetes e hipertensão. Entretanto, no campo neurológico, ainda há muito o que progredir. “Estamos engatinhando e isso faz com que o mundo todo fique muito preocupado. Por isso,  esse projeto é mundial, e procura impulsionar pesquisas, recursos e inovação sobre a doença de Alzheimer”, diz.

O DAC atua em três áreas críticas: desenvolve uma estatística global para diversificar as populações que podem ser alcançadas com tratamentos direcionados; cria uma plataforma global de ensaios clínicos para reduzir o custo e o tempo de desenvolvimento de novos tratamentos; e prepara todos os sistemas de saúde dos países para fornecer cuidados e acelerar as inovações para aqueles que mais precisam.

Diagnóstico precoce e prevenção

Entre as prioridades da entidade está o incentivo à detecção precoce da doença. No Brasil, o projeto-piloto do DAC, em parceria com a Secretaria municipal de Saúde de Volta Redonda, enfatizou o diagnóstico na atenção primária. “Os médicos de família aplicavam nos idosos com qualquer queixa de memória um teste de avaliação cognitiva digital e, a partir da resposta de detecção nesse teste de um comprometimento cognitivo leve, era aplicada uma dosagem para um biomarcador sanguíneo que dá uma indicação muito alta para Alzheimer”, conta Otelo, responsável pelo projeto.

Idosa faz o teste de avaliação cognitiva em Volta Redonda

A partir da experiência com o estudo controlado em Volta Redonda, que tem uma população numerosa de idosos, Otelo e Veras estão elaborando o Núcleo de Detecção Precoce de Alzheimer na UnATI. Mas quais seriam as vantagens de se detectar precocemente a doença?

O estudo Finger (Geriatric Intervention Study to Prevent Cognitive Impairment and Disability), publicado em 2015, na Finlândia, aponta que é possível prevenir o declínio cognitivo quando se atua no estilo de vida dos pacientes e na remediação dos fatores de risco do Alzheimer – entre eles, diabetes, hipertensão, perda auditiva, isolamento, sedentarismo e poluição. “É um trabalho que prova que, se atuarmos na redução desses multifatores, a evolução da doença é completamente alterada. Além disso, hoje há 271 drogas em testes. Acredito que daqui a aproximadamente quatro anos teremos um medicamento para tratar precocemente o Alzheimer”, revela Otelo.

Para o diretor do DAC, Tim MacLeod, a liderança de Otelo na detecção oportuna da doença de Alzheimer no Brasil está causando um impacto global significativo. “Ao defender um programa inovador para detecção precoce na atenção primária, ele demonstra como os formuladores de políticas e médicos em países de renda média podem adotar programas importantes como esse”, diz MacLeod, que também elogia o seminário na Uerj. “O notável progresso do Brasil nessa área é demonstrado por esse evento, destacando seus esforços bem-sucedidos na implementação e disseminação de um programa verdadeiramente impressionante”, conclui.

Criada há 30 anos, a UnATI-Uerj realiza um trabalho pioneiro junto à população idosa do Rio de Janeiro, contribuindo para a melhoria dos níveis de saúde físico-mental e social das pessoas com mais de 60 anos ao utilizar as possibilidades existentes na Universidade. O núcleo conta com uma Coordenação de Projetos de Ensino, estruturada em um Centro de Convivência para idosos, que promove cerca de 70 cursos e oficinas livres por ano, além de inúmeras atividades abertas como conferências, seminários, fóruns, workshops e palestras, entre outras. E, em parceria com a Faculdade de Medicina da Uerj, oferece um curso de Especialização em Geriatria e Gerontologia, além do curso de extensão de Informação e Orientação para Acompanhantes e Familiares de Idosos, e Residência nas áreas de medicina, enfermagem, nutrição, fisioterapia, psicologia e serviço social.