Conselho Universitário da Uerj aprova criação da Superintendência de Equidade Étnico-racial e de Gênero

03/05/202417:51

Diretoria de Comunicação da Uerj

Em sessão realizada nesta sexta-feira (3/5), o Conselho Universitário (Consun) da Uerj aprovou, por unanimidade, a criação da Superintendência de Equidade Étnico-racial e de Gênero (Supeerg). Vinculado à Reitoria, o novo órgão executivo vai desenvolver ações que promovam uma cultura organizacional antirracista, antissexista, anti-homofóbica e antitransfóbica, estimulando práticas que superem as desigualdades reproduzidas nas relações cotidianas da Universidade.

A relatora da proposta no Consun, professora Luciana Maldonado, do Instituto de Nutrição, destacou o pioneirismo da Uerj na adoção do sistema de cotas na graduação e como essa política transformou o perfil da Universidade nos últimos 20 anos. “Hoje, no entanto, outros desafios estão colocados. A reserva de vagas é apenas uma das ações afirmativas que podem ser implementadas a fim de mitigar o impacto da exclusão socioeconômica no passado ou no presente, ampliando a participação de diferentes grupos populacionais”, declarou.

“Sem dúvidas, avançamos no acesso, mas precisamos de novas medidas que atendam às necessidades de permanência. Devemos enfrentar as barreiras impostas pelo racismo e machismo institucional e apoiar a discussão de casos de assédio, quando estes estiverem associados a questões de gênero, maternidade, raça, entre outras”, acrescentou. A professora também pontuou a importância de repensar os currículos, que precisam refletir a diversidade, incorporando a pauta étnico-racial e os conhecimentos sobre a história, a identidade e a cultura dos povos afrodescendentes e indígenas.

Responsável por analisar a autodeclaração dos candidatos aprovados no Vestibular Estadual, a Comissão Permanente de Validação de Autodeclaração (CPVA) da Uerj comporá a Superintendência. Criada em 2021, a comissão evita fraudes e assegura a efetivação da política de cotas raciais na instituição.

Após as considerações dos conselheiros e da votação em plenário, a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, parabenizou a todos que envidaram esforços para criação da nova Superintendência. “É um compromisso que assumimos daqui para frente. Nossa Universidade vai trabalhar em prol dessas causas tão importantes para a comunidade acadêmica e a sociedade”, frisou.

 Desafios e expectativas

Patrícia Santos, da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Uerj, em São Gonçalo, vai comandar a Superintendência de Equidade Étnico-racial e de Gênero (Supeerg). Formada em Pedagogia, a docente tem ampla experiência na área da Educação e se dedica, há anos, à temática das relações raciais. “Hoje, celebramos esse marco que é a criação de um espaço institucional que vem valorizar e potencializar o debate étnico-racial e de gênero, que não é novo na história da Universidade, mas precisa ser aprofundado”, disse. A docente ressaltou que um dos desafios a serem enfrentados em sua gestão à frente da Superintendência é a discussão e implantação das cotas raciais nos concursos docentes da Uerj, que já conta com legislação aprovada em 2011 e reformulada em 2022, mas ainda não efetivada na prática.

“Além disso, temos que avançar em muitas pautas voltadas à comunidade LGBTQI+, e pensar na questão das mulheres, dos homens, dos indígenas e dos quilombolas na academia. Vamos desenvolver, de forma coletiva e articulada, uma série de proposições e ações para construir esse lugar de consciência. Isso nos permitirá alcançar o que desejamos: uma Universidade verdadeiramente antirracista, antissexista, democrática, que valoriza a diversidade”, concluiu.