Diretoria de Comunicação da Uerj
Uma pesquisa inédita da UERJ publicada na revista Nature comprova que as queimadas na Bacia Amazônica aceleram o degelo na Cordilheira dos Andes. “Está comprovado que não se trata de uma questão interna, doméstica. É um problema com impactos continentais”, revela o pesquisador Newton Magalhães Neto, que durante cinco anos pesquisou o tema com orientação do geocientista Heitor Evangelista, professor do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes (IBRAG) e coordenador do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (LARAMG).
De acordo com a pesquisa, que verificou dados das principais queimadas dos últimos anos, em 2007 e 2010, a microfuligem (black carbon) resultante das queimadas é carregada por massas de ar até os Andes. A neve suja passa a atrair mais radiação solar, acelerando o degelo. “O gelo limpo, branco, atrai menos calor que o sujo. Isso é simples de entender. E conseguimos comprovar que as queimadas na Bacia Amazônica, principalmente no Brasil, Bolívia e Peru, influenciam no aceleramento do degelo. E isso vai ter consequências em todo o continente”, explica Neto.
Em 2020, a pesquisa vai crescer e continuar por outras geleiras do mundo, onde o fenômeno também acontece. Os resultados foram tão satisfatórios que a UERJ vai liderar um projeto do Programa Inter-Regional da Agência Internacional de Energia Atômica. O objetivo desse novo estudo é expandir a análise de black carbon nas maiores geleiras do planeta.
Para a pesquisa nos Andes, o grupo liderado pela UERJ tem apoio financeiro e científico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), da Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e da Organização das Nações Unidas (ONU). Teve também o apoio técnico de um grupo de pesquisadores franceses, do Centre National de La Recherche Scientifique (CRNS), reconhecido pelo projeto “The Great Ice”, que colaborou com as análises do gelo.
