Na Semana do Meio Ambiente, conheça as ações de coleta seletiva solidária na Universidade

05/06/202310:03

Diretoria de Comunicação da Uerj

Uma importante iniciativa da Prefeitura dos Campi da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) está sendo intensificada. Na semana em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, serão apresentados, em evento nos dias 5 e 6 de junho, os primeiros resultados da implementação da coleta seletiva solidária no campus Maracanã. E serão propostas reflexões sobre a necessidade de participação de toda a comunidade acadêmica no processo. A troca de ideias sobre projetos bem-sucedidos de reciclagem do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) e dos campi de Resende e Nova Friburgo também está na programação.

A coleta seletiva no campus Maracanã

A partir da criação, pela Reitoria, de uma Comissão de Coleta Seletiva Solidária, a Uerj abriu chamamento público, convocando três cooperativas para receber o lixo reciclável do campus Maracanã, por período de seis meses, cada uma. Além de reforçar o compromisso ambiental da Universidade, a campanha desempenha o papel de ajudar catadores a gerar renda, sem qualquer ônus para a instituição.

Os resultados iniciais já surpreendem: a primeira parceira do projeto, a Cooperativa de Coleta Seletiva e Reciclagem de Materiais Reaproveitáveis da Zona Oeste (CooperRio Oeste), com prazo total já cumprido, revelou a quantidade de material coletado: foram 4,1 toneladas de papel, 1,4 tonelada de papelão, 350 quilos de resíduos eletrônicos, 340 quilos de plástico, 90 quilos de garrafas pet, 60 quilos de isopor e 100 litros de óleo, totalizando mais de 6 toneladas de resíduos.

Atualmente, a coleta seletiva está a cargo da segunda aprovada no chamamento, a Cooperativa de Trabalho CoopQuitungo Cooperando e Reciclando o Rio. Em seguida, será a vez da Associação Carioca de Catadores e Ex-catadores. A Prefeitura dos Campi já prepara um novo processo para que, após o prazo desses três grupos, a Uerj firme outras parcerias.

Os setores da Universidade interessados devem separar seus resíduos entre recicláveis e não recicláveis, usando sacos transparentes específicos fornecidos pela Divisão de Serviços Auxiliares (Disau). A solicitação para recolhimento de grande porte deverá ser feita pelos e-mails prefei@uerj.br e uerj.prefei@gmail.com. Em breve, um novo contrato com a empresa que cuida dos serviços de limpeza deverá ser assinado, prevendo que a terceirizada forneça um agente especializado para prestar orientações sobre a separação do lixo, a fim de assegurar suporte àqueles que tiverem dúvidas sobre o descarte.

Próximas etapas

O evento da Semana do Meio Ambiente é parte essencial do esforço educativo necessário para os próximos passos da coleta seletiva solidária. Isso porque, nos próximos meses, novas lixeiras serão instaladas em pontos estratégicos do campus, com dois coletores: um para material reciclável e outro para resíduos não reaproveitáveis. Desta forma, espera-se o engajamento de toda a comunidade na hora do descarte de lixo.

Para Marcelo Bruno de Lima, técnico ambiental e prestador de serviços na Prefeitura dos Campi, essa etapa é crucial para o sucesso do programa. “Quantidade de pontos de coleta e localização são determinantes no processo. Mas é no dia a dia que precisamos entender o quanto a população está disposta a se locomover para encontrar um coletor e depositar, ali, o material reciclável”, afirma.

Ainda em junho, as ações para expandir a divulgação devem incluir espaços estratégicos de alta circulação. “O Restaurante Universitário, por exemplo, tem um fluxo muito grande de usuários, que precisam ser informados”, destaca.

Outras iniciativas

Além do Maracanã, outros campi da Uerj contam com mecanismos de aproveitamento do lixo, por meio de projetos de extensão. É o caso da Faculdade de Tecnologia em Resende, com o Projeto Síntese, criado em 2018. Lá, os próprios alunos construíram coletores para separar os resíduos em três categorias: recicláveis, compostáveis e rejeitos.

Um levantamento local estima que são gerados, diariamente, 25 quilos de material, sendo 55% reciclável e 5% biodegradável. Cerca de 16 famílias da Associação de Catadores Recicla Resende são beneficiadas com essa iniciativa. Em números totais nesses cinco anos de atuação, com uma pausa na pandemia, mais de duas toneladas e meia de resíduos e 360 litros de óleo tiveram destinação correta. Os resultados positivos levaram à conquista do Prêmio Firjan Ambiental na categoria Resíduos Sólidos em 2021.

Para a coordenadora do projeto, Carin von Mühlen, o trabalho em conjunto foi ingrediente essencial para o sucesso da iniciativa. “O envolvimento de toda a comunidade, desde o início, foi fundamental. A equipe de limpeza foi muito parceira até para definir o melhor tipo de coletores, para facilitar a coleta e manutenção do sistema. Os alunos colocaram a mão na massa e se sentiram parte do processo. Isso fez com que a coleta seletiva entrasse na sua percepção e rotina”, ressalta.

Já no Instituto Politécnico (IPRJ), em Nova Friburgo, o Ecoponto estimula o descarte consciente. Ativo desde 2019, o projeto recebe resíduos sólidos urbanos e também pilhas, baterias, pneus, lâmpadas, entre outros. Nos dados mais recentes, que cobrem de agosto de 2019 a dezembro de 2022, foram coletadas: 6,8 toneladas de vidro, 23,1 toneladas de papelão, 2,4 toneladas de plástico, 300 quilos de metal, 76 quilos de pilhas e baterias, 947 esponjas de cozinha e 352 quilos de tampinhas plásticas.

Coordenado pela professora Ana Cristina Fontes Moreira, o Ecoponto abrange o descarte proveniente do próprio IPRJ e também da comunidade local. Duas vezes ao ano são oferecidas oficinas de educação ambiental. Os valores gerados pela reciclagem são repassados para três instituições sociais.

O trabalho de conscientização da população, segundo a coordenadora, foi o segredo do sucesso. “A informação é o maior acerto do Ecoponto Uerj. Isso inclui o treinamento das equipes de limpeza, manutenção, seguranças, oficinas com o pessoal que aderiu ao projeto, e muita informação contínua e permanente sobre o assunto. Com relação à comunidade, a adesão foi espontânea, pois a cidade não possui um sistema amplo de coleta seletiva. Alunos e servidores aos poucos vão aderindo”, explica Ana Cristina.

Com desafios maiores, Hupe também avança

Outro espaço da Uerj que trabalha na coleta seletiva de lixo é o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). A gerente de resíduos da unidade, Mary Elaine Ferreira da Silva, explica que particularidades relativas às atividades hospitalares tornam o desafio mais complexo. “Exige a colaboração de todos porque, se um material contaminante é descartado no local errado, todo o material reciclável junto dele deixa de ser próprio para a coleta seletiva”, explica.

Desde dezembro, um projeto do Programa de Incentivo às Atividades Técnico-Administrativas (Protec) recolhe garrafas PET usadas por pacientes nos leitos de enfermaria. Cerca de 12% do insumo plástico distribuído durante as refeições já vem sendo direcionado a cooperativas. Atualmente, o “Recicla Hupe” atinge capilaridade suficiente para atender a 43% dos leitos de enfermaria, com previsão de alcançar 100% até o fim do ano.

Em outra iniciativa, a digitalização de serviços permitiu que, durante uma fase de obras, mais de duas toneladas de papel fossem recicladas. “Conseguimos fazer o processo de descaracterização dos dados nesses formulários e documentos, permitindo a coleta segura”, conta a gerente.

Números no Brasil deixam a desejar

O Brasil produz mais de 82 milhões de toneladas de lixo a cada ano e recicla apenas em torno de 2% disso. Os dados são do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e alertam para a urgência da promoção de políticas verdes mais efetivas. No Rio de Janeiro, o Decreto Estadual nº 40.645/2007 estabeleceu o direcionamento de resíduos de órgãos e entidades públicas às cooperativas dos catadores de materiais recicláveis. O documento foi o dispositivo legal que embasou o chamamento público da Uerj.

A presidente da Comissão de Coleta Seletiva, Elizabeth Lahamar, ressalta que a ação é benéfica tanto em termos ambientais quanto econômicos. “Não há custos à Universidade. Nós doamos o material reciclável, que vai gerar renda para os trabalhadores, ao mesmo tempo que contribuímos para a preservação do meio ambiente”, finaliza.