Estudante do curso de Ciência da Computação da Uerj é finalista em desafio global da Nasa

09/12/202117:20

Diretoria de Comunicação da Uerj

Um calouro do curso de Ciência da Computação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) faz parte da única equipe brasileira na final do Nasa International Space Apps Challenge, hackathon organizado pela Agência Espacial Americana. João Pedro Cosso, de 21 anos, integra o Make it Cool, um dos 37 selecionados entre 4.534 times, reunindo mais de 28 mil participantes de 162 países. O resultado dessa apertadíssima disputa será divulgado nesta sexta-feira, 10 de dezembro. Os vencedores terão a oportunidade de apresentar seu projeto na Nasa e assistir ao lançamento de um foguete.

Realizada nos dias 2 e 3 de outubro de 2021, a maratona de 48 horas propôs um grande desafio a estudantes universitários e recém-formados: o desenvolvimento de soluções tecnológicas para problemas da Terra e do espaço. Ao longo de dois dias, a Make it Cool trabalhou no protótipo de um site e de um aplicativo, que alerta a população sobre possíveis mudanças climáticas, por meio de notificação sobre níveis de estresse térmico. 

Cosso explica que foi preciso estimar potenciais impactos humanos e ecológicos para conseguir desenvolver o aplicativo. “Para o cálculo do fator de risco à saúde humana foram necessárias predições de uma série de variáveis, como temperatura, umidade relativa, velocidade do vento e radiação solar. Usamos uma linguagem de programação voltada à análise para conseguir manipular esses dados, a fim de realizar as previsões de temperatura e CO2 para os próximos dois anos”, explica. 

Além disso, no site foram incluídos conteúdos educacionais, como um jogo para ensinar sobre medidas de mitigação, e uma seção destinada à divulgação dos usuários colocando em prática as orientações. Também há um mapa interativo para a visualização de incidência dos impactos resultantes do aquecimento global ao redor do planeta. 

A equipe Make it Cool é composta por João Pedro Cosso (Uerj), Vitória Ventura, Gabriel Pelizari e Thassia Gondek (Unicamp), Ana Barros (ESALQ/USP) e Vítor Gomes (UFSCar Sorocaba).

O que é um hackathon

O termo hackathon faz referência a maratonas de programação, eventos nos quais grupos de pessoas ligadas à área de tecnologia se reúnem por horas ou dias ininterruptos, no intuito de criar soluções tecnológicas para problemas reais. Em 2021, a Uerj promoveu a Liga de Startups Saúde Uerj, hackathon voltado à busca de soluções inovadoras para o Hospital Universitário Pedro Ernesto e a Policlínica Piquet Carneiro.

Para Alexandre Sztajnberg, coordenador do curso de Ciência da Computação da Uerj, encontros como esses são importantes por engajar os jovens. “O Nasa International Space Apps Challenge é, sem dúvida, muito interessante e propõe desafios sobre problemas muito atuais ligados à saúde, clima e sociedade. Isso aproxima os alunos de tecnologia das questões concretas e os incentiva a participar da busca de soluções viáveis, aplicando as competências adquiridas nos cursos em benefício da sociedade”, pontua.

Sztajnberg conta ainda que, na Uerj, há uma equipe dedicada a orientar alunos em eventos como este. “No nosso curso, temos um time de professores e ex-alunos que treinam os novatos para as Maratonas de Programação, promovidas nacionalmente pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Os primeiros classificados disputam a Maratona de Programação Internacional. Temos conseguido excelentes resultados, chegando às finais em vários anos. Estamos com uma equipe que vai participar da maratona Nacional 2022 em Gramado”, aponta. 

Primeiros passos

João Pedro Cosso é calouro na Uerj: aprovado no último vestibular, precisou correr atrás e aprender por conta própria muitos dos conceitos necessários para poder participar do evento. Para Sztajnberg, é muito bom contar com alunos com esse perfil proativo, pois eles inspiram outros a irem cada vez mais longe.

“João Pedro procurou grupos que estariam participando do evento, se apresentou e fez vários treinamentos por conta própria, tendo que aprender conceitos de programação Web, acessar as bases de dados e ainda desenvolver um trabalho em equipe remotamente.  Um aluno com esta atitude vai ‘contaminar positivamente’ os colegas do curso, mostrando com seu próprio exemplo que com dedicação é possível alcançar objetivos, encarando os desafios de frente, sem medo de transpor dificuldades, mesmo que estas sejam próximas ‘à fronteira final’”.

Ciência da Computação e muito mais

Além de prover competências específicas nas áreas de computação, informática e tecnologia, o curso de Ciência da Computação da Uerj oferece uma base sólida em matemática e estatística, desenvolvendo a capacidade de abstração e solução de problemas. Tudo para que o aluno tenha uma formação mais completa e uma visão holística profissional.

Para Sztajnberg, os estudantes passam a ter o ferramental necessário à realização das mais diversas atividades de desenvolvimento, pesquisa ou gerência em projetos ligados a software e integração software-hardware. “Nossos alunos aprendem desde algoritmos à Internet das Coisas (IOT), passando por Redes de Computadores e Inteligência Artificial. Projetos de Engenharia de Software, Computação de Alto Desempenho ou Jogos estão dentro deste espectro”, explica.

O coordenador acrescenta que o curso instiga o desenvolvimento das chamadas soft skills, competências e habilidades comportamentais essenciais. “A gente ajuda o aluno a desenvolver senso crítico, organização, técnicas de interação com usuários e também a observar aspectos éticos de sua futura profissão. Se ele se dedica ao curso, sai com uma formação ampla, mas também profunda, na área de computação, e vai para o mercado, para a pesquisa ou vai empreender como profissional ético, antenado com os problemas contemporâneos e consciente do seu papel”, conclui.