Diretoria de Comunicação da Uerj
A tese “Figurações primitivistas: trânsitos do exótico entre museus, cinema e zoológicos humanos”, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Uerj, recebeu o 15º Prêmio Capes de Tese 2020 da área de Sociologia. O trabalho da aluna de doutorado Marina Cavalcante Vieira, orientado pelos professores Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque e Britta Lange, agora também concorre ao Grande Prêmio Capes de Tese, oferecido ao destaque de cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas. O resultado da final sai em dezembro.
O estudo premiado aborda a circulação de imagens e representações de indígenas brasileiros entre Brasil e Europa, ao longo do século XIX e início do XX. Segundo a pesquisadora, cenas e momentos históricos distintos foram analisados, dando conta do trânsito de narrativas construídas em torno do exótico. “Tive como foco, principalmente, os casos de exibição de indígenas brasileiros e sul-americanos em zoológicos humanos, que eram formas de entretenimento, onde pessoas dos mais variados lugares do mundo eram expostas para o deleite de um público europeu, sedento por novidades e exotismos”, explica.
A premiação, considerada a principal do gênero no Brasil, evidencia a qualidade da pesquisa que é feita no Departamento de Ciências Sociais da Uerj. “Além de percorrer vários arquivos, museus e centros de documentação no Brasil, a autora também pesquisou na Alemanha. Lá, ela teve acesso a um rico material, grande parte nunca antes pesquisada para um trabalho desse gênero”, destaca o orientador, Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque. “O ineditismo da pesquisa e a forma como um tema tão multifacetado foi interligado com uma narrativa precisa são componentes que tornam a tese da Marina tão significativa”, revela.
Para a autora, o prêmio se estende a todos que participaram do processo direta ou indiretamente. “O Prêmio Capes de Tese tem uma relevância extraordinária na minha trajetória acadêmica. Assinala uma conquista não só para mim, mas para os meus orientadores, professores, colegas e amigos que, de certa forma, me ajudaram a formular as ideias que apresento”, afirma.
A atual edição do prêmio registrou o maior número de inscrições desde o seu início: 1.421 teses foram submetidas à avaliação. Além disso, 24 mulheres figuram entre os 49 trabalhos vencedores, o que é um recorde na premiação. “O número histórico de mulheres nesta edição do Prêmio Capes demonstra que encabeçamos a produção de conhecimento, apesar das estratégias políticas que apostam em um crescente ‘desfinanciamento’ na educação e pesquisa”, ressalta Marina Vieira. “Tenho orgulho de poder recuperar fragmentos perdidos da história de povos que continuam a resistir e se organizar, apesar de o presente atualizar cada vez mais as violências discursivas e físicas sobre seus corpos e territórios”, finaliza.
A premiação
Os autores das teses selecionadas receberão bolsa de estágio pós-doutoral em instituição nacional por um ano. Já seus orientadores, um prêmio para participação em evento acadêmico-científico nacional no valor de R$ 3 mil. No Grande Prêmio, os orientadores receberão R$ 9 mil para participação em congresso internacional, enquanto os autores ganharão uma bolsa para estágio pós-doutoral de 12 meses em uma instituição internacional.
Além dos premiados, outros 94 candidatos serão homenageados com menções honrosas, concedidas aos autores, orientadores, coorientadores e programas de pós-graduação.
Duas teses da Uerj ganharam menções honrosas no 15º Prêmio Capes de Tese 2020. São elas: “Poisson-Boltzmann Equation and Classical Density Functional Theory Applied to Electrolyte Solutions: from biological systems to enhanced oil recovery”, de Nathalia Salles Vernin Barbosa, do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, na área Engenharias II, orientada por Eduardo Rocha de Almeida Lima e coorientada por Frederico Wanderley Tavares; e “Prevalência da retinopatia diabética e seus fatores de risco em pacientes com diabetes tipo 1 no Brasil”, de Laura Gomes Nunes de Melo, do Programa de Pós-graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental, na área de Medicina I, orientada por Marília de Brito Gomes.
Confira a lista com as teses premiadas no Diário Oficial.
Leia a tese de Marina Cavalcante Vieira.
