Diretoria de Comunicação da Uerj

Os desafios e os impactos proporcionados pelo envelhecimento da população estiveram no centro do debate da 63ª edição do Congresso Científico do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) da Uerj. Com o tema “Longevidade e saúde”, o evento reuniu, de 25 a 29 de agosto, pesquisadores, estudantes, profissionais de saúde e autoridades para discutir os avanços científicos e refletir sobre políticas públicas, planejamento urbano e inovação social voltados para uma sociedade que envelhece.
A cerimônia de abertura, realizada no anfiteatro Ney Palmeiro, contou com a presença de autoridades, como a reitora da Universidade, Gulnar Azevedo e Silva; o pró-reitor de Saúde, Ronaldo Damião; o diretor do Hupe, Rui de Teófilo; o presidente do congresso, José Augusto Messias; a secretária de Estado de Saúde, Cláudia Mello; e a presidente da Faperj, Caroline Alves.

Durante a solenidade, o diretor do Hospital, Rui de Teófilo, ressaltou a relevância do congresso para a Universidade e para a sociedade: “É uma satisfação ver este anfiteatro cheio de pessoas interessadas em discutir o futuro da longevidade. Este congresso tem o objetivo de tratar não só da ciência, mas também de políticas de saúde pública que possam colaborar dentro do contexto de uma população que envelhece. O nosso propósito é promover conhecimento que possa transformar a vida das pessoas, oferecendo caminhos para que vivam mais e melhor”, enfatizou.
Para a conferência magna, o congresso recebeu o médico, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil e ex-diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS), Alexandre Kalache. Durante sua apresentação, Kalache abordou a complexidade do aumento da longevidade e os impactos desse fenômeno sobre a sociedade, as cidades e as instituições. Ele destacou que, com o envelhecimento populacional, é fundamental repensar o planejamento urbano e criar políticas inclusivas que permitam que as pessoas idosas continuem participando ativamente da vida social e econômica. “É preciso que a sociedade, que a população, que as cidades se preparem para isso. É preciso ter cidades mais propensas a pessoas com uma idade maior. São inúmeras situações que precisam ser pensadas para acolher a população numa idade um pouco mais avançada,” afirmou.

Kalache frisou, ainda, que a longevidade não deve ser apenas sobre viver mais anos, mas sobre viver melhor. “Quem quer viver para sempre? A questão não é viver mais, é viver mais e melhor. A medicina tem muito a trazer para que possamos avançar cada vez mais”, disse.
O palestrante também destacou como a desigualdade social atravessa a questão da longevidade, lembrando que nem todos os indivíduos têm acesso às mesmas condições de saúde, educação e infraestrutura urbana. “A longevidade é um fenômeno que se manifesta de forma desigual. Quem tem menos acesso a serviços de saúde, educação e oportunidades econômicas enfrenta desafios adicionais para envelhecer com qualidade de vida. Políticas públicas devem, portanto, considerar essas desigualdades e trabalhar para reduzir essas barreiras”, alertou Kalache.
Ao final, a reitora reforçou a visão da Uerj sobre seu papel social e compromisso com a saúde e a longevidade da população. “A saúde é a prioridade para nossa Universidade, porque é também prioridade para a população. Sem saúde, não conseguimos ir longe, não conseguimos produzir, não somos felizes e não conseguimos pensar no futuro”, concluiu Gulnar.
A estrutura do congresso

O 63º Congresso do Hupe também contou com a participação de nomes como a médica e pesquisadora Margareth Dalcolmo, a jornalista Maria Cândida e a professora e antropóloga Mirian Goldenberg, além de uma programação diversificada, incluindo palestras, mesas-redondas, workshops e debates com especialistas de diferentes áreas, representantes de órgãos públicos, pesquisadores e estudantes da Uerj. Entre os temas discutidos estavam políticas de saúde voltadas para idosos, inclusão social, inovação em serviços de saúde, planejamento urbano e impactos econômicos do envelhecimento populacional. Experiências internacionais também foram apresentadas, trazendo estratégias de países que enfrentam desafios semelhantes e que podem servir de inspiração para políticas locais.
Com 78 mesas-redondas, 15 conferências, 23 cursos pré-congresso, sete rodas de conversa, 551 trabalhos apresentados, duas jornadas e mais de 1.700 participantes, o congresso buscou criar um espaço que unisse ciência, tecnologia e políticas públicas. Além das palestras, foram realizados painéis sobre inclusão, tecnologia assistiva e promoção da equidade de gênero, trazendo uma perspectiva multidimensional sobre o envelhecimento. Um dos objetivos centrais do congresso foi mostrar que a longevidade deve ser abordada de forma integrada, contemplando aspectos sociais, urbanos, econômicos e de saúde, e que a Universidade desempenha papel crucial nesse processo.
Fotos: George Magaraia