Uerj aprova concessão de Honoris Causa a Gilberto Gil e Keila Simpson e institui Comissão da Verdade

02/02/202418:19

Diretoria de Comunicação da Uerj

O Conselho Universitário da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) aprovou, nesta sexta-feira (2), a concessão do título de Doutor Honoris Causa a duas personalidades brasileiras: Gilberto Gil e Keila Simpson. A honraria máxima da instituição é atribuída a pessoas notáveis, nacionais ou estrangeiras, que tenham se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação ou à humanidade.

O cantor, compositor, multi-instrumentista, escritor e político baiano Gilberto Gil é dono de vários prêmios, inclusive nove Grammy. Fundador da Tropicália e imortal da Academia Brasileira de Letras, Gil atuou como ministro da Cultura de 2003 a 2008 e foi embaixador da ONU para agricultura e alimentação.

Já a ativista LGBT maranhense Keila Simpson foi pioneira no trabalho de prevenção ao HIV/Aids e fundadora da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). O título é um reconhecimento à sua luta incansável em favor das pessoas trans e travestis, que enfrentam diariamente preconceitos, exclusões e diferentes formas de violência.

Memória e reparação

Na mesma sessão, os conselheiros aprovaram a criação de uma Comissão da Verdade, com o objetivo de apurar os fatos ocorridos na Uerj durante o regime militar (1964-1985). A proposta surgiu a partir da análise do requerimento de cassação do título honorífico outorgado, em 1974, ao general Emílio Garrastazu Médici, presidente entre 1969 e 1974, um dos períodos mais duros da ditadura.

“Nessa pesquisa prévia, nos deparamos com muitas informações relevantes. A Comissão será uma oportunidade preciosa de recuperar os registros históricos apagados e lembrar as pessoas que sofreram e foram perseguidas. Nunca é tarde para reverenciar estudantes e servidores da Universidade que tiveram suas vidas prejudicadas ou até mesmo ceifadas pela ditadura”, declarou o conselheiro André Furtado, representante dos técnicos administrativos.

Ao final, a reitora Gulnar Azevedo e Silva também defendeu a instauração da Comissão. “A Uerj precisa tomar uma posição institucional sobre o assunto. Devemos resgatar a memória daquela época e das diversas pessoas afetadas. Certamente, haverá muito trabalho a realizar, mas precisamos estar comprometidos com esse tema tão importante para a comunidade acadêmica”, afirmou.

Foto: George Magaraia