Startup incubada na Uerj desenvolve aplicativo que emite alertas meteorológicos personalizados

20/03/202316:59

Diretoria de Comunicação da Uerj

Ferramentas tecnológicas inovadoras e acessíveis podem ser utilizadas na difícil tarefa de prever chuvas fortes e suas consequências, como enchentes e deslizamentos de terra. Com base nessa premissa, a startup Wiiglo, estruturada na incubadora Phoenix, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), desenvolve um aplicativo que promete transmitir informações meteorológicas personalizadas a partir do georreferenciamento. A plataforma, chamada Cittua, contempla ainda o envio de mensagens de SMS com alertas específicos para cada região, um espaço colaborativo e de publicações dos usuários, além de conteúdo educativo e orientações sobre rotas de fuga, entre outros procedimentos, em caso de tempestades e risco de desastres.

Oficina com servidores da Defesa Civil de Petrópolis
Victor Azevedo em atividade de campo com lideranças da comunidade da Floresta

Nos próximos meses, o aplicativo será testado no bairro Floresta, em Petrópolis. A partir dos resultados e avaliações iniciais, será possível aprimorar o sistema e ampliar sua utilização para outras localidades. O projeto é financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e conta com o apoio da Defesa Civil Municipal.

Segundo Victor Azevedo, fundador e CEO da empresa, a parceria com os órgãos públicos possibilitou a escuta ativa dos moradores das comunidades do Floresta e da Vila 24 de Maio, duas áreas seriamente afetadas pelas chuvas ocorridas em fevereiro de 2022. Também foram realizadas oficinas de trabalho com o Centro Integrado de Monitoramento e Operações de Petrópolis (Cimop).

“A partir desse processo, conseguimos analisar como deveria ser o funcionamento de uma plataforma para cidades inteligentes, voltada à proteção das pessoas frente aos eventos relacionados às mudanças climáticas e os impactos na mobilidade urbana”, explica. A Cittua possui também um painel, em funcionamento no Cimop, que monitora em tempo real os sensores de registro de chuvas, bem como outras ocorrências e riscos para a operação da cidade.

Além da experiência adquirida na região serrana, a Wiiglo capta dados pluviométricos e de trânsito da capital fluminense. A empresa, inclusive, foi uma das vencedoras do II Desafio COR – Smart City, Smart People, promovido pela Prefeitura em 2020 com o objetivo de fomentar soluções inovadoras para tornar a cidade do Rio mais tecnológica e eficiente. Arrojada, a startup desenvolveu um software dedicado à gestão dos impactos das chuvas no sistema de ônibus do município.

App Cittua está em fase de testes

Um novo acordo foi firmado recentemente com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). O termo de cooperação técnica permite à startup coletar e processar os dados brutos emitidos pelo radar meteorológico da instituição. “O objetivo é conseguir uma previsão do tempo de curto prazo, com maior precisão, e ainda levar à população informações sobre tempestades severas, reduzindo danos, prejuízos, e, sobretudo, salvando vidas. Nossa missão é possibilitar ao cidadão se prevenir diante dos graves eventos naturais”, salienta Azevedo.

Parceria com a Uerj

Graduado em Engenharia de Sistemas e Computação e mestre em Geomática pela Uerj, Victor retornou à Universidade em 2013 para criar a Wiiglo, com foco em big data e geolocalização. Sua motivação à época era desenvolver tecnologia brasileira de ponta. Segundo ele, o intercâmbio de ideias e experiências com outros desenvolvedores na incubadora Phoenix e a mentoria dos professores foram fundamentais para consolidação da empresa, que administra com o sócio Daniel Morim, também ex-aluno da Uerj.

De acordo com o professor Jorge Amaral, da Faculdade de Engenharia, a unidade possui um ecossistema muito propício ao desenvolvimento de startups disruptivas como a Wiiglo, atualmente em destaque na Faperj pelo impacto social das ações empreendidas. Desde 2019, a empresa mantém uma parceria com o Laboratório de Redes Industriais e Sistemas de Automação (Larisa) da Uerj. O laboratório presta consultoria na área de Inteligência Artificial. “Espero que, animados por este sucesso, possamos fortalecer ainda mais este ambiente, aumentando a interação entre novas startups, os programas de pós, a incubadora e os alunos da graduação”, pontua o professor.

Victor Azevedo também ressalta a importância da colaboração entre Wiiglo e Uerj na busca contínua por soluções tecnológicas. “Hoje trabalhamos juntos em projetos e pesquisas, provando que a relação entre inovação e academia tem grande potencial, com resultados positivos para a sociedade”, afirma. “A Universidade também me deu oportunidade para entender o mundo de forma mais ampla, a pensar além da questão profissional, cumprindo o seu papel na formação dos alunos enquanto cidadãos. Tenho muita gratidão”, comenta.