Diretoria de Comunicação da Uerj
Aquecimento global, desmatamento, elevada concentração de gases do efeito estufa. Esses são apenas alguns dos fatores que apontam para um possível colapso climático no planeta, exigindo medidas urgentes para colocar o mundo em um caminho mais sustentável. Diante desse quadro, um projeto de extensão do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (Ibrag), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), busca simplificar o ensino de Ciências e transformar os jovens em protetores do meio ambiente.
O projeto “Duas escolas públicas de Santa Maria Madalena se inserindo nas metas de sustentabilidade da Agenda 2030 e da COP26 para um planeta melhor” oferece oficinas de ecologia e sustentabilidade, além de aprimoramentos na infraestrutura do CIEP Graciano Cariello Filho e do Colégio Estadual Barão de Santa Maria Madalena, localizados no município do Norte Fluminense. As atividades iniciaram no ano passado e seguem até o fim de 2024, contemplando alunos dos ensinos fundamental e médio.
De acordo com o professor Carlos Frederico Duarte da Rocha, do Departamento de Ecologia da Uerj, o intuito é enfocar as ações urgentes que precisam ser tomadas para evitar que a destruição da natureza atinja um ponto de não retorno. “A principal saída está na educação, formando crianças e jovens para atuarem como parte ativa nessa discussão e no processo de mudança na defesa do meio ambiente”, afirma Rocha, classificado como um dos melhores cientistas do mundo em sua área, de acordo com ranking do portal acadêmico Research.com divulgado em 2023.
Em consonância com a Agenda 2030
O projeto foi concebido para contemplar as urgências da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas e da Agenda 2030, plano de ação global que reúne 17 objetivos de desenvolvimento sustentável e 169 metas, criado para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos. “Nosso objetivo é dar um suporte adicional às escolas. São conteúdos que eles escutam falar na mídia e nós trazemos para a ‘vida real’”, diz o professor.
Dentre as próximas atividades programadas, os alunos vão coordenar uma ação de despoluição dos rios da cidade, articulada com a companhia de limpeza do município, analisando a quantidade de lixo acumulado nas águas, além de realizar um encontro na praça da cidade para apresentar os resultados.
Contemplado em edital da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o projeto oferece quatro bolsas para alunos jovens talentos e outras quatro para professores das duas escolas. Ambas as unidades também foram beneficiadas com a construção de salas de informática, providas com notebooks, impressoras e projetores.
Uma das contempladas com a bolsa foi a professora Alvina Hespanhol Macedo, do Colégio Estadual Barão de Santa Maria Madalena. Ela conta que sua experiência com o projeto Duas Escolas de Madalena tem sido de aprimoramento pessoal. “As oficinas e palestras me ajudaram a encontrar melhores ferramentas nos ensinos referentes a ecologia, conservação e sustentabilidade. As atividades com os alunos são gratificantes por ver o amadurecimento deles com relação ao entendimento sobre como pesquisar e construir textos originais. O projeto também já beneficiou as escolas com computadores, TV, projetores de imagem e material pedagógico, que auxiliam os alunos e professores na pesquisa e diversas áreas do conhecimento, bem como a prática de aulas mais dinâmicas”, explica.
Já Simone Boechat, também professora bolsista do projeto, lembra que os dramas ambientais deixaram de ser uma projeção de algo que poderia acontecer no futuro. Por isso, conectar a Universidade à educação básica, inserindo os jovens da rede pública de ensino no debate, tornando-os parte das estratégias para frear ou parar com as ações que agridem o meio ambiente, é imprescindível. “Hoje, como num filme de terror, já vivenciamos na prática os reflexos impactantes das alterações climáticas. Por isso, não podemos apenas assistir às degradações e reações ambientais, é preciso envolvimento para que a conscientização se torne uma prática. Não há mudança sem conhecimento, consciência e envolvimento”, frisa.
Plantio de 400 mudas de árvores
A experiência tem sido enriquecedora para os alunos, que se engajam nas oficinas e produzem textos sobre diferentes temas envolvendo o aquecimento global e os impactos ambientais. “Com o projeto tive a oportunidade de aprender e conhecer coisas novas sobre a Terra. Com ele aprendo como conservar a natureza, fazendo assim com que as gerações futuras tenham a oportunidade de viver em um planeta melhor, com as questões ambientais respeitadas e melhores perspectivas de vida”, revela João Pedro Portugal Corrêa, de 15 anos, aluno do CIEP Graciano Cariello Filho.
Como resultado direto da iniciativa, a Secretaria de Meio Ambiente de Santa Maria Madalena disponibilizou uma área do município para ser restaurada, oferecendo também 400 mudas de espécies de árvores nativas. Com o reflorestamento, as escolas se tornarão “carbono-neutro”, compensando suas emissões de dióxido de carbono.
As atividades também contam com apoio da Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Cultura, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e do Parque Estadual do Desengano – PED do Instituto Estadual do Ambiente/INEA/Santa Maria Madalena.