Diretoria de Comunicação da Uerj
Aguçar a curiosidade, orientar e estimular o interesse dos estudantes do ensino médio do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (Cap-Uerj) pela pesquisa acadêmica. Este é o objetivo do Programa de Iniciação Científica Júnior (ICJr), que, há mais de 35 anos, vem ajudando os jovens a se tornarem futuros cientistas nas áreas Biomédica, Exatas e Humanas, por meio de estágio realizado em diversas instituições.
Parte integrante do Núcleo de Extensão, Pesquisa e Editoração (Nepe) do CAp-Uerj, o programa abrange alunos do 1º e 2º anos do ensino médio, sendo os projetos de ICJr supervisionados por docentes do CAp-Uerj e unidades da Uerj. Em média, há cerca de 50 bolsistas e, aproximadamente, 20 estudantes voluntários a cada processo seletivo de bolsas de IC, organizado pelo Departamento de Capacitação e Apoio à Formação de Recursos Humanos (Dcarh/Probic).
A coordenadora da ICJr, Tatiana Docile, estudou no CAp-Uerj e foi ela própria bolsista do programa. Ela revela, com nostalgia, que a experiência foi fundamental para a escolha de sua carreira. “Ao ser convidada pela direção do CAp, me veio à mente toda a minha trajetória acadêmica, iniciada aos 16 anos, quando participei da seleção de ICJr da Fiocruz. Essa oportunidade foi um verdadeiro divisor de águas, abriu inúmeras portas e ampliou meus horizontes. Agora, atuo do outro lado, incentivando jovens a seguirem esse caminho tão enriquecedor. É uma honra e um privilégio contribuir para o desenvolvimento de futuros cientistas e inspirá-los a perseguir seus sonhos com dedicação e entusiasmo”, conta Tatiana, também professora do CAp-Uerj.
Segundo a coordenadora, a primeira proposta sistemática de iniciação científica para jovens foi criada em 1986 pela Fundação Oswaldo Cruz, coordenada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. “O CAp-Uerj, como uma das primeiras instituições parceiras, participa do ICJr há mais de 35 anos”, explica.
ICJr: celeiro de jovens talentos
O sonho de Mariana Morandini, de 17 anos, é apresentar um trabalho de sua autoria em um congresso fora do Rio. Estudante do 3º ano do CAp, desde pequena tem familiaridade com pesquisas, já que seus pais fizeram IC durante a graduação. No entanto, o principal motivo em permanecer na área de projetos científicos vem da inspiração de pesquisadores do CAp, como seu professor de Biologia, Ney Mello.
No momento, a aluna e seu orientador desenvolvem o projeto de ICJr intitulado “Coleções botânicas didático-científicas”, em versões física e virtual. Na primeira, trabalham com exemplares de plantas, sementário e produções de impressão 3D. Já na parte virtual, com digitalizações em 3D em 360° imersivas, podendo ser usadas em qualquer tela e ainda em realidade virtual.
“A Mari recebeu Menção Honrosa pela metodologia desenvolvida no Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, em 2023, e ganhou o prêmio Thereza Christina Barja Fidalgo de ICJr, ano passado, na Uerj”, conta, orgulhoso, o orientador Ney Mello.
Apesar da rotina intensa, Mariana adora a escola e ainda aconselha quem deseja estudar no CAp. “Estudo três dias, das 7h às 17h, mas não conseguiria trocar essa instituição por nenhuma outra nessa fase acadêmica. As memórias criadas no CAp-Uerj superam todos os desafios. O contato com a universidade desde cedo traz experiências quase inimagináveis se comparadas com outras instituições de ensino básico”, revela a estudante.
Mello também quer abrir caminhos para as novas gerações, popularizar a ciência e formar professores comprometidos com uma ciência mais inclusiva para todos. Ele observa que os alunos mais ávidos pelas pesquisas científicas sempre querem saber mais sobre o que os professores do CAp fazem enquanto pesquisadores. “‘Como faço para estagiar no que você faz?’, eles sempre me perguntam. Como um colégio de aplicação, o CAp é uma das poucas escolas que oferecem projetos para iniciar alunos da educação básica na carreira científica, e ainda com bolsas Uerj e CNPq. Isso chama a atenção dos alunos, que passam a participar mais ainda das aulas já pensando em ingressar em um dos muitos projetos de pesquisa que temos disponíveis para eles”, acrescenta o professor.
O professor destaca ainda que o metaverso tem sido usado em aulas de Biologia no CAp e alcançado resultados importantes no ensino inclusivo. “Na gamificação virtual, pesquisamos aplicativos e plataformas com potenciais pedagógicos e acadêmicos para criar novas metodologias de ensino e pesquisa utilizando o mundo virtual. As estruturas imersivas facilitam o aprendizado de alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que, muitas vezes, precisam de algo mais concreto, lúdico e interativo do que esquemas e textos descritivos de aulas e livros”, pontua Mello.
Incentivo aos processos investigativos
A professora do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Uerj, Patrícia Nunes, também orienta alunos do CAp em um projeto de ICJr: “Resolução de problemas – Olimpíadas e Enem”. Associado às Olimpíadas de Matemática, o trabalho promove a discussão de técnicas de resolução de problemas e desafios propostos em competições.
“A resolução de problemas olímpicos permite que os alunos vivenciem, em pequena escala, processos investigativos em matemática. Os problemas exigem dos alunos análise, estratégias e avaliação dos resultados. É visível a evolução e amadurecimento deles”, explica Patrícia.
A orientadora destaca a tradição do CAp em envolver os alunos em variadas pesquisas. “Anualmente, é promovida uma feira de ciências com a participação de alunos de diferentes níveis de escolaridade. O processo de investigação científica e de construção do conhecimento é valioso para o amadurecimento acadêmico dos alunos. É fundamental que eles participem de atividades além da sala de aula”, complementa.
Semic-Uerj: visibilidade de projetos ICJr
Na área de Humanas, o projeto de ICJr “O lugar da sociologia no contexto do novo ensino médio” encantou a aluna Pâmela Alecrim, do 3º ano do CAp, que trabalha em parceria com o professor de Sociologia Walace Ferreira desde 2022. A jovem, que sempre se identificou com a área, percebe a importância de ter, no currículo, a relevância de uma pesquisa acadêmica. “É muito bom me construir como pessoa em uma instituição que visa à nossa formação crítica, além da curricular. Sou muito feliz por fazer parte da história do CAp e por ter ele na minha história também”, conta.
Segundo Ferreira, o projeto também será apresentado na 33ª Semana de Iniciação Científica (Semic-Uerj), entre os dias 23 e 27 de setembro deste ano. O professor vê o evento como mais uma oportunidade de engajamento ao mundo científico para os alunos do ensino médio do CAp-Uerj. “Ao entrarem no universo das pesquisas científicas, os estudantes se encantam, pois enriquecem seus currículos, conhecem detalhes do roteiro de uma pesquisa, entre outras vantagens”, explica. “É importante que os estudantes do CAp tenham acompanhamento de professores que avaliem suas provas no Vestibular da Uerj. Fazer parte de um instituto que pertence à Universidade já os conecta nesta perspectiva futura de acesso ao ensino superior”, enfatiza Ferreira.