Murais de Marielle Franco e Paulo Freire colorem FFP e resgatam importância das lutas por Educação e Direitos Humanos

12/06/202417:18

Diretoria de Comunicação da Uerj
Da esquerda para a direita, os artistas Tr3p, Aila, Mika e Mutant

 

A Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) está mais colorida e esperançosa: em comemoração aos seus 50 anos, a unidade de São Gonçalo agora exibe dois painéis artísticos, de 8 metros de altura, com figuras como Marielle Franco e Paulo Freire. Produzido pela diretora criativa Camila Cristina Dias Oliveira, com os artistas principais Aila e Thiago Tr3p e os auxiliares Mika e Mutant, os murais trazem a força da luta pela educação de qualidade, pelos Direitos Humanos e pelo letramento étnico-racial.

Estudante de Licenciatura em História, desde 2022, na FFP, e graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Camila é coordenadora do projeto Leitura Graffita, que, em sua primeira edição, coloriu o Colégio Estadual Doutor Adino Xavier, em São Gonçalo, com uma pintura de aproximadamente 150m2 de grafite, contando com os painéis da fachada, muro frontal e muro da oficina.

Em sua segunda edição, agora na FFP, o projeto foi contemplado pelo edital “Conexões Urbanas”, categoria B, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei Paulo Gustavo. O último painel, intitulado “Conexões ancestrais”, será produzido no dia 21 de junho, com a colaboração dos artistas envolvidos e dos próprios alunos da faculdade.

Painéis comemoram 50 anos da FFP e do Hip Hop

O processo de criação de Camila começou com a escolha dos artistas, para, em seguida, desenvolver os desenhos por meio de colagens e montagens em meio digital, com a concepção de trazer na linha de frente o hábito da leitura de livros físicos e a militância da artista em prol dos temas das ilustrações. “Eu procuro colocar nos meus projetos o que eu sou e o que eu defendo. O motivo de usar a figura da Marielle tem a ver não só com a luta dela pelos Direitos Humanos, mas, também, pelo que ela representa como mulher negra”, esclarece. “Já a escolha do livro como objeto principal era essencial para mim, porque eu acho que por meio da leitura conseguimos não só nos aprimorar como pessoa, mas ter uma defesa interna contra qualquer tipo de informação maliciosa ou informações que alienam de alguma forma. Todo mundo tem que ler”, complementa.

O diretor da unidade de São Gonçalo, Maximiliano Gomes Torres, vê os murais realizados pela equipe da Leitura Graffita como uma forma de diálogo e encontro de duas potências culturais: a FFP e o movimento Hip Hop, que completam 50 anos em 2024. “O projeto foi pensado e articulado de forma extremamente cuidadosa para que cada traço e cor dos painéis se unam em linguagem e movimento para as pessoas que o contemplem. Os pontos escolhidos para a pintura também fazem parte desse desejo de democratização do grafite, pois tanto de dentro quanto de fora da faculdade, as artes podem ser vistas em vibração”, frisa.

Segundo Camila, ter liderado esse projeto na FFP da qual faz parte, assim como sua mãe, que cursou Ciências Biológicas na unidade no passado, significa que lutar pela arte e pela educação vale a pena. Fazendo referência às palavras destacadas no mural com a figura de Paulo Freire, a artista finaliza: “Apesar de todos os percalços que encontramos pelo caminho e pela longa estrada, acredito que ‘inéditos viáveis’ são realmente possíveis e que nunca é tarde para ‘Esperançar’”.