Instituto Politécnico da Uerj seleciona projetos e empresas inovadores para programa de incubação

28/06/202312:11

Diretoria de Comunicação da Uerj

Criar condições físicas e tecnológicas para desenvolver e aperfeiçoar empreendimentos inovadores. Esse é o objetivo da seleção promovida pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (IEBTec), do Instituto Politécnico (IPRJ), campus regional da Uerj em Nova Friburgo. Ao todo, são seis vagas ofertadas, distribuídas igualmente entre empresas incubadas (que se instalarão fisicamente no campus), pré-incubadas (ainda em fase de estruturação) e associadas (já consolidadas e que tenham interesse em firmar parceria com a Universidade). As inscrições podem ser feitas até 30 de junho, presencialmente na sede da incubadora.

Serão avaliados o conteúdo tecnológico, grau de inovação da ideia apresentada, potencial mercadológico e viabilidade técnica e financeira de cada proposta. O processo de produção, que não deve ser poluente, e a capacidade empresarial da equipe são alguns dos outros requisitos.

“A incubadora proporciona um ambiente que auxilia na fase inicial de projetos de inovação apresentados por empreendedores, ampliando as possibilidades de chegada de seus produtos, serviços e processos ao mercado”, afirma o coordenador da IEBTec, Marcelo Verly. Os aprovados contarão com assessoria de profissionais qualificados e experientes, laboratórios científicos e tecnológicos modernos, além de serviços de internet, limpeza e segurança.

“Eles também passam a integrar uma rede de contatos envolvendo outras instituições de ensino e pesquisa, entidades representativas do segmento empresarial e órgãos governamentais. Isso permite o acesso a informações e a participação em eventos importantes para o desenvolvimento dos negócios”, acrescenta Verly.

Empreendimentos bem-sucedidos

Até o momento, mais de 20 empresas tiveram o apoio da incubadora, que desde 1995 fomenta o empreendedorismo e ajuda a impulsionar o crescimento econômico da Região Serrana do Rio de Janeiro. Um exemplo de sucesso é a EntreFolhas, especializada em manipulação de óleos essenciais para massagem, pomadas balsâmicas e cicatrizantes, aromatizantes de ambiente e perfumes, extraídos de plantas medicinais da Mata Atlântica. 

Divulgação EntreFolhas

A empresa foi fundada em 2007 pela aromaterapeuta Regina Braga, ainda com o nome Essência dos Arcanjos, em Nova Friburgo. Inicialmente, dedicava-se a pesquisas e criação de uma linha própria de fórmulas aromáticas com aplicações terapêuticas. Em 2008, ingressou na incubadora da Uerj, onde ficou até 2010. Na época, adotou a marca atual, que remete à natureza e incorpora conceitos de sustentabilidade.

“O tempo de permanência na incubadora foi fundamental para o projeto como um todo. Foram oferecidos diversos cursos preparatórios nas áreas de marketing e gestão de negócios e finanças, em instituições como o Sebrae, Endeavor e Fundação Dom Cabral, sempre com o suporte de uma equipe altamente qualificada”, comenta Regina.

Divulgação EntreFolhas

A EntreFolhas conquistou dois importantes editais nesse período. O primeiro foi o Prime, da Finep, em 2009, que permitiu a consolidação de uma equipe de pesquisa e desenvolvimento de soluções inovadoras na área de biocosméticos naturais. O segundo, da Faperj, em 2010, voltado ao apoio a modelos de inovação tecnológica social. Com esses recursos, a empresa implantou uma indústria de extração de óleos essenciais e um laboratório para concepção de novos produtos. 

A iniciativa gerou impactos positivos, tanto sociais quanto ambientais. “A empresa estabeleceu parcerias com pequenos produtores rurais, incentivando o cultivo de plantas medicinais aromáticas de forma orgânica (sem agrotóxicos) e agregando valor à agricultura local”, diz Regina. A colaboração com mulheres de uma comunidade da região na confecção de embalagens feitas em tear com fibras vegetais também reforça o compromisso da EntreFolhas com a sustentabilidade.

Outro empreendimento com passagem destacada pela incubadora é a Meristem Biotecnologia Vegetal. A empresa realiza micropropagação ou multiplicação in vitro para fornecimento ágil e em larga escala de mudas de diversas espécies de plantas com alto padrão genético e fitossanitário. A técnica envolve o cultivo de pequenos fragmentos de tecidos vegetais, como brotos, gemas, meristemas ou segmentos de folhas, em um meio de cultura contendo nutrientes e hormônios de crescimento.

João Paulo, da Meristem, com Ana Paula, floricultora local

Criado em 2002 por João Paulo de Lima Aguilar, o negócio surgiu como uma resposta à necessidade de inovar e melhorar a produção de flores de corte na localidade de Vargem Alta, em Friburgo, onde seu pai trabalhava como floricultor. “A tecnologia empregada na região ainda era muito incipiente. Então, após sermos aprovados na incubadora em uma segunda tentativa em 2003, decidimos reproduzir duas espécies: gérbera e limonium. O objetivo era viabilizar uma produção com qualidade diferenciada, sustentável e bem-remunerada de flores ornamentais no Rio de Janeiro. Assim, reduzimos a compra de mudas de São Paulo e Minas Gerais, favorecendo a economia do nosso estado”, enfatiza João Paulo.

Com estímulo e apoio técnico da incubadora, a Meristem incluiu posteriormente no portfólio plantas micropropagadas com aplicação de alguns bioinsumos, como bactérias e fungos benéficos aos vegetais. Foi uma decisão ousada na época e, embora tenha conquistado espaço no mercado, ainda é considerada uma forma de agricultura alternativa. “Nossas mudas, aclimatizadas em um substrato contendo esses produtos, passaram a ter muito mais raízes. Quando plantadas em solo adequado, com pH ajustado e outros fatores otimizados, observamos um aumento expressivo da produtividade por metro quadrado nas áreas cultivadas”, aponta. 

Muda pronta para o plantio

Hoje, além de atender com agilidade os floricultores da Serra Fluminense, a empresa envia cerca de 80% das mudas para clientes de Gravatá, em Pernambuco. O município é o maior produtor de flores tropicais do Norte e Nordeste. Segundo João Paulo, o desafio atual é implementar a produção integrada/conjunta no sítio, abrangendo tanto os bioinsumos quanto as mudas. A Meristem busca prospectar microrganismos presentes no solo e explorar seu potencial nas culturas locais, incluindo astromélias, crisântemos, gérberas, limônio e outras. “A utilização desses componentes tornará o processo mais eficiente, reduzindo o uso de pesticidas e fertilizantes industrializados. É, sobretudo, uma mudança de paradigma no sistema de produção”, finaliza.

Para mais informações, confira o edital. A incubadora fica na Rua Bonfim, nº 25, bloco I, sala 312 – Vila Amélia, Nova Friburgo, RJ.