Diretoria de Comunicação da Uerj

O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Uerj, chegou ao número de mil cirurgias robóticas no último dia 7 de abril – data em que se celebra o Dia Mundial da Saúde. Este marco histórico consolida o Hupe como referência em saúde pública e tecnologia médica no estado do Rio de Janeiro, ampliando o acesso da população às novas técnicas da medicina.
Utilizando o sistema robótico Da Vinci com plataforma Xi – um dos modelos mais avançados do mercado –, o robô em funcionamento no hospital desde fevereiro de 2019 pode ser utilizado nas áreas de urologia, cirurgia geral, cirurgia torácica e ginecológica. De acordo com o pró-reitor de Saúde (PR5) da Uerj, Ronaldo Damião, as cirurgias robóticas têm ampla utilização na área oncológica, beneficiando pacientes com diversos tipos de câncer (próstata, rim, pulmão, intestino), além de casos complexos de cirurgia pediátrica e de transplante.
Segundo ele, a capacidade de um hospital da rede pública como o Hupe em realizar cirurgias robóticas é uma forma de democratizar o seu acesso. “Estamos falando de procedimentos que, na rede privada, custariam dezenas de milhares de reais, mas que aqui são oferecidos à população gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), obedecendo, é claro, à fila de regulação do sistema”, destaca o pró-reitor.
Coordenador do Programa de Endometriose e da Cirurgia Robótica Ginecológica do Hupe, o professor Marco Aurélio Pinho explica que essa tecnologia permite ao hospital realizar procedimentos complexos com precisão milimétrica, menor sangramento e recuperação mais rápida. “O robô nos dá uma visão 3D, com uma precisão muito grande”, reitera.
Formação de profissionais e expansão do programa

Além do atendimento à população, o professor Damião destaca que o Hupe cumpre um papel fundamental na formação de recursos humanos para o SUS. “Já capacitamos dezenas de médicos, enfermeiros e técnicos nesta tecnologia. Esses profissionais estão levando seu conhecimento para outras instituições públicas, multiplicando o impacto social do investimento”, afirma.
Ele acrescenta que o robô também é importante para produzir trabalhos científicos, mostrando a eficiência de sua tecnologia. “Esses trabalhos são apresentados por professores da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj em congressos e em jornadas internacionais”, completa.
Ex-pacientes comemoram rapidez na recuperação
Maria Aparecida Felix Soares, 43 anos, moradora de Queimados, foi uma das beneficiadas. No último dia 5 de maio, ela passou por uma laparoscopia robótica para retirada de miomas do útero e do ovário. “Em 24 horas depois da cirurgia, eu já estava caminhando. Quando fiz cesárea há 12 anos, a recuperação foi muito mais dolorosa e demorada”, relata. O caso da paciente exemplifica as vantagens da técnica minimamente invasiva: menor trauma cirúrgico, incisões reduzidas e alta hospitalar mais rápida.
Já a paciente da milésima cirurgia, Maria da Conceição, de 42 anos, que passou por um procedimento para retirada de lesões de endometriose profunda, conta que, devido ao seu quadro grave de saúde, imaginou que iria demorar muito a retomar as atividades básicas diárias. “Foi uma cirurgia de 8 horas e em pouco tempo já estava conseguindo fazer quase tudo. Me sinto privilegiada e espero que esse trabalho chegue para mais pessoas do estado e do país também”, comenta.
Desafios e perspectivas futuras
O professor Marco Aurélio Pinho lembra que manter essa tecnologia de ponta exige investimento contínuo. “Cada conjunto de instrumentos dura cerca de 200 cirurgias e precisa ser reposto regularmente. Chegarmos à milésima cirurgia revela que o robô vem sendo utilizado de forma consistente. Demonstra o compromisso do hospital Pedro Ernesto com a formação, pois estamos num campus universitário, e isso permite a alunos e residentes o acesso ao aprendizado com uma tecnologia de ponta”, diz ele.
“Alcançar mil cirurgias comprova que transformamos essa tecnologia em rotina hospitalar”, comemora também Damião. “Mas nosso compromisso vai além: queremos expandir ainda mais o acesso a esses procedimentos para a população do Rio de Janeiro. Já estamos em entendimento com os órgãos de fomento, como a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), a Secretaria de Ciência e Tecnologia e a Secretaria de Saúde do Estado, para conseguir um outro robô, com vistas a atender ainda mais a todas as áreas cirúrgicas”, acrescenta.
Com 500 leitos e capacidade para realizar 100 cirurgias diárias, o Hupe se consolida como o hospital público mais complexo do estado, segundo Ronaldo Damião. “Oferecemos desde cirurgias robóticas até exames de alta complexidade, todos indisponíveis em outras unidades da rede pública”, finaliza.