Diretoria de Comunicação da Uerj
Graças à aquisição de um supercomputador – nomeado pelos pesquisadores de “Escola de Sagres” – pelo Instituto Politécnico (IPRJ) da Uerj, em Nova Friburgo, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro pode celebrar a sua inserção no centro de um esforço colaborativo entre instituições científicas e tecnológicas de países da Bacia Atlântica, do qual também faz parte a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
Capitaneada pela organização não governamental AIR Centre – Centro de Pesquisa Internacional do Atlântico, com sede no Arquipélago de Açores, em Portugal, a colaboração inclui instituições de países como Brasil, Portugal, Espanha, Reino Unido, França, Colômbia, Guatemala, Marrocos, Nigéria, Angola e Cabo Verde. Um dos objetivos do AIR Centre é formar uma rede colaborativa dedicada a estudar os desafios e prioridades referentes às questões ambientais sobre a Bacia Atlântica, estruturando-se em quatro áreas de pesquisa – oceanos, clima, espaço e energia.
Segundo a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa (PR2) da Uerj, Elizabeth Macedo, o uso do supercomputador do IPRJ nessa parceria possibilita pesquisas oceanográficas e atmosféricas muito mais consistentes na região do Atlântico. “Poderemos ter modelagens computacionais de maior escopo em torno da questão ambiental”, endossa Elizabeth.
A aquisição do Escola de Sagres pela Uerj – financiada pela Faperj – foi considerada pelos pesquisadores ligados ao AIR Centre como uma demonstração do comprometimento das duas instituições do estado do Rio de Janeiro com essa colaboração internacional. Em vista disso, em julho deste ano, data da inauguração do supercomputador na sede do IPRJ, foi assinado um memorando de entendimento entre a Faperj e o instituto sediado em Portugal.
O supercomputador do IPRJ e a parceria Faperj / AIR Centre
A parceria impulsionada pela compra do supercomputador pelo IPRJ começou a ser desenhada em 2019, quando a Faperj lançou o edital para um programa de apoio à cooperação bilateral com a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de Portugal. Segundo o professor do IPRJ e assessor da Presidência da Faperj, Antônio da Silva Neto, o objetivo era apoiar projetos conjuntos no âmbito do AIR Centre, visando facilitar a mobilidade de pesquisadores nas áreas abrangidas pela organização portuguesa. Um dos projetos contemplados pelo edital foi justamente o do professor sobre modelos computacionais para avaliação de poluentes no sistema marinho.
De acordo com Silva Neto, as primeiras conversas convergiam para o interesse do AIR Centre na aquisição de um supercomputador pelo instituto português para pesquisas relacionadas ao oceano, espaço e clima. “Um dos elos do acordo é o professor Ramiro Neves, do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, que desenvolveu uma plataforma computacional para modelagem oceânica. Posteriormente, quando o professor Miguel Miranda, também da Universidade de Lisboa, assumiu a diretoria executiva do AIR Centre, ele manifestou ao professor Neves o desejo de montar um supercomputador na sede em Portugal”, conta.
Silva Neto acrescenta que Neves teria afirmado não ser necessário montar o computador na sede do AIR Centre, mencionando a aquisição em curso do supercomputador em Nova Friburgo, que, por meio de uma parceria, poderia ser usado pelas instituições de pesquisa associadas para a modelagem oceanográfica e atmosférica. Desse modo, o AIR Centre poderia se concentrar na aquisição de bolsas para pesquisadores portugueses, brasileiros e de países da África. Foi assim que o supercomputador acabou facilitando as conversas para um entendimento entre a Uerj, a Faperj e o AIR Centre.
Estudar problemas e trazer soluções para as populações
Segundo Elizabeth Macedo, o computador Escola de Sagres – o nome é uma alusão a uma escola de navegação que teria existido em Portugal no século XV – não é exclusivo da parceria com o AIR Centre, e pode ser utilizado nas diversas pesquisas em curso no IPRJ e em outros campi da Uerj, embora seja peça fundamental nesse acordo internacional. “O IPRJ dispõe de um programa de modelagem computacional, aplicações em engenharia, aplicações pesadas de inteligência artificial e inteligência computacional que demandam muita capacidade computacional e ferramentas estatísticas. O Escola de Sagres será usado em todas essas atividades”, adianta.
Demais instituições de pesquisa no Brasil também poderão ter acesso ao supercomputador. “Já estão previstas parcerias em pesquisas do Instituto Federal Fluminense (IFF), da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná e de ex-alunos do professor Ramiro Neves que atuam no Pará. E, claro, será usado em pesquisas do Programa de Pós-graduação em Oceanografia do campus da Uerj no Maracanã”, acrescenta Silva Neto.
Uma das aplicações práticas do supercomputador é a modelagem de catástrofes, como inundações, com o objetivo de prever onde vão ocorrer e programar como podem ser emitidas medidas mitigatórias dos efeitos de eventos extremos, de acordo com o professor Silva Neto. “Uma aluna nossa vai começar o pós-doutorado e está modelando o que aconteceu nas enchentes no Rio Grande do Sul. Com um computador desses, conseguimos saber qual tipo de intervenção de engenharia pode ser feita em casos semelhantes, e quais medidas posteriores poderão ser tomadas, bem como podemos programar a emissão de alertas”, finaliza.