62º Congresso Científico do Hupe destaca hospital como referência em transplantes; ‘Longevidade e Saúde’ será tema de 2025

02/09/202418:48

Diretoria de Comunicação da Uerj

A 62ª edição do Congresso Científico do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), realizado de 26 a 30 de agosto, reuniu 2.200 inscritos, entre profissionais e estudantes, para debater o tema “Transplantes – Conectando Vidas”, em um vasto panorama de discussões multiprofissionais, desde a doação de órgãos até os procedimentos cirúrgicos com órgãos artificiais e bioengenharia. Com o avanço do Hupe como centro de referência no Rio de Janeiro na realização e pesquisa de transplantes hepáticos, renais, de córnea, de coração e de medula óssea, o evento, que comemorou os 62 anos da incorporação do hospital à Uerj, propôs discutir as perspectivas que o futuro reserva na área desses procedimentos de alta complexidade, em 60 mesas-redondas e conferências, quatro plenárias simultâneas e 38 cursos multiprofissionais.

O Congresso englobou, ainda, quatro eventos conjugados: o Simpósio 10 anos do Programa de Pós-graduação em Telemedicina e Telessaúde Uerj; a Jornada Acadêmica da Faculdade de Ciências Médicas 89 anos (JAFCM89); a Jornada de Fisioterapia Uerj 2024 e o III Simpósio Alumni FCM.

Durante todo o evento, o ponto de encontro dos participantes foi uma grande tenda armada no estacionamento do Hupe, onde foram oferecidas atividades culturais, de saúde e entretenimento, além da divulgação de produtos e serviços de empresas parceiras.

Drauzio Varella proferiu conferência de abertura

Drauzio Varella durante a conferência de abertura

A solenidade de abertura contou com a presença de autoridades institucionais e pesquisadores de todo o Brasil, como a secretária de estado de Saúde do Rio de Janeiro, Cláudia Mello; o presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima; a presidente da Academia Nacional de Medicina, Eliete Bouskela, entre outros. Na ocasião, a reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, destacou o significado do trabalho dos profissionais de saúde e a importância do Hupe para a população. “O tema deste ano, ‘conectando vidas’, é, para nós, profissionais de saúde, o significado da nossa profissão; cooperar com a vida de outras pessoas. A temática abordada aqui mostra o quanto o Hupe vem trabalhando pela vida da população do estado do Rio de Janeiro, ajudando nas situações difíceis e qualificando mão de obra tão necessária para o nosso estado e para o SUS, que sofrem com a carência de serviços de saúde”, afirmou.

A conferência de abertura ficou a cargo do médico oncologista, cientista e escritor Drauzio Varella, que contou sua trajetória de vida e de formação profissional. Dirigindo-se aos estudantes, Varella recomendou dedicação continuada aos estudos a quem busca conquistar sucesso na profissão. “Se você não gosta de estudar, procure outra coisa para fazer na vida, porque a medicina exige estudos a vida inteira”, aconselhou.

Um marco histórico na medicina de transplantes

Na tarde do último dia do evento, o Anfiteatro Ney Palmeiro ficou lotado para a conferência de encerramento “Inovações em transplante: da tolerância ao xenotransplante”, apresentada por Leonardo Riella, médico que liderou, em março deste ano, a equipe que transplantou, pela primeira vez no mundo, o rim de um porco geneticamente modificado para um ser humano vivo, no Massachusetts General Hospital, em Boston (EUA). A cirurgia é considerada um marco histórico na medicina e um avanço para os pacientes que esperam por um órgão. Atualmente, o brasileiro é diretor de Transplante Renal do maior hospital-escola da Faculdade de Medicina de Harvard e pesquisador sênior do Center for Transplantation Science. Em sua exposição, acompanhada pela plateia atenta, o médico detalhou cada etapa do procedimento.

Em seguida, foi realizada uma homenagem ao atual pró-reitor de Saúde da Uerj, Ronaldo Damião. Diretor do Hupe de 2020 a 2023, o médico urologista, membro titular da Academia Nacional de Medicina, teve sua foto acrescentada à galeria dos ex-diretores do hospital e sua competência destacada pelo atual ocupante do cargo, Rui de Teófilo. “O professor Damião iniciou sua história profissional no nosso hospital, em 1970, como estudante da Faculdade de Ciências Médicas. É um entusiasta do transplante”, destacou. “Durante a pandemia de Covid-19, ele foi um gigante à frente desse hospital. Contando com uma equipe multidisciplinar e a união de esforços de todos, fez com que o Hupe tivesse uma performance fabulosa, atendendo e internando milhares de pacientes”, concluiu Teófilo.

O início de uma jornada

Dando sequência às atividades de encerramento do Congresso, aconteceu a premiação dos trabalhos com temas livres da JAFCM89 e do 62º Congresso Científico do Hupe. As jornadas são a oportunidade de os estudantes apresentarem os trabalhos científicos desenvolvidos, interagindo com os médicos/professores. O tema de discussão deste ano foi “A formação médica e os caminhos na medicina”. O evento é a concretização do compromisso científico na formação dos alunos de graduação (monitoria, estágio interno ou externo, iniciação científica ou iniciação tecnológica), pós-graduação stricto sensu (mestrado acadêmico/profissional ou doutorado) e pós-graduação lato sensu (residência médica ou especialização).

A coordenadora da Jornada Acadêmica e de Pesquisa, Ana Beatriz Winter Tavares, enfatizou o aumento recorrente do número de submissões. “A cada ano, tanto o congresso quanto a jornada recebem cada vez mais submissões. Com o tema transplantes, o Congresso Científico teve uma multidisciplinaridade muito grande, o que é um fator importante. Foram oito áreas temáticas, todas contempladas com trabalhos submetidos tanto com apresentação de pôsteres, como de temas orais.  Foram 232 submissões de trabalho para a jornada. Desses, 190 trabalhos foram aprovados: 56 na modalidade oral e 134 pôsteres. É um início para o aluno sentir o gostinho da pesquisa e se aprofundar, dando continuidade aos estudos”, declarou.

Joyce Martins (ao centro) e o grupo do Programa de Residência em Nefrologia

Para o Congresso Científico do Hupe, foram aprovados 126 trabalhos dos 151 submetidos, sendo 24 apresentações orais e 102 pôsteres. Segundo Ana Beatriz, não só a quantidade de trabalhos submetidos superou a expectativa dos organizadores, mas também a qualidade. Além da premiação por áreas temáticas, houve também a entrega do prêmio Pedro Ernesto ao trabalho mais bem avaliado, que se destacou dos demais: “Qualidade de vida de pacientes que retornam para diálise após transplante Renal – um estudo convergente-assistencial”, da ex-residente do Programa de Enfermagem em Nefrologia, Vanessa Fabiane Silva Sabino, apresentado pela professora Joyce Martins Arimatéa Branco Tavares, orientadora da pesquisa.

Divulgado o tema do 63º Congresso Científico do Hupe

“Longevidade e Saúde”. Este será o tema da 63ª edição do Congresso Científico do Hupe, a ser realizado de 25 a 29 de agosto de 2025. “Tratamos aqui de diversos aspectos sobre avanços da medicina que oferecem a possibilidade de prolongar a vida. Mas isso traz um grande desafio, que é como cuidar de tantas pessoas idosas”, ressaltou o diretor do Hupe, Rui de Teófilo, no encerramento do 62º Congresso. “Sabemos que não só o Brasil, mas o mundo caminha para um agrupamento cada vez maior de pessoas acima dos 60 anos. Pensando nisso, o nosso tema do próximo congresso vai ser o envelhecimento saudável, abordando patologias relacionadas ao envelhecimento e à longevidade”, concluiu.

Fotos: George Magaraia e José Claudio Rocha