Uerj celebra centenário de sociólogo, historiador e jornalista Clóvis Moura com debates sobre raça, classe e resistência

12/05/202514:31

Diretoria de Comunicação da Uerj

Em celebração ao centenário do sociólogo, historiador e jornalista Clóvis Moura, um dos maiores intelectuais da história brasileira, o Projeto de Extensão Ações Afirmativas e Políticas Públicas (Peap), da Faculdade de Educação da Uerj, em parceria com o Núcleo de Estudos das Américas (Nucleas), promove o evento “Clóvis Moura 100 anos”, entre os dias 13 e 15 de maio, no auditório 111, 11º andar, campus Maracanã. As inscrições para ouvintes podem ser feitas, de forma gratuita, por formulário online.

Moura é autor de obras fundamentais para a compreensão das estruturas racistas da sociedade brasileira e da luta negra por emancipação, tendo marcado profundamente o pensamento social brasileiro. “Estamos diante de uma obra intelectual monumental e que merece ser relida por uma nova geração”, afirma Roberto Santana, professor da Faculdade de Educação e um dos organizadores do evento.

A programação contará com mesas-redondas, simpósio temático, atividades culturais e o lançamento do livro “Marxismo negro: pensamento descolonizador do Caribe anglófano”, do pesquisador espanhol Daniel Montañez Pico, da Universidade Complutense de Madrid. Dentre as presenças confirmadas, estão o deputado federal (PSOL/RJ) Pastor Henrique Vieira e a deputada estadual (PSOL/RJ) Renata Souza. O encontro também sedia o 1º Seminário Marxismo Negro, que reunirá a apresentação de mais de 30 trabalhos acadêmicos voltados às questões de raça e classe sob a ótica do materialismo histórico. “Todos e todas estão convidados a participar dessa celebração do legado de Clóvis Moura”, convida Santana.

Uma trajetória multidisciplinar

Clóvis Steiger de Assis Moura nasceu em 1925, no interior do Piauí, e teve uma trajetória intelectual que atravessou campos como a sociologia, a economia política, a literatura e o jornalismo. Moura foi decisivo na desconstrução de mitos persistentes sobre a escravidão e o período pós-abolicionista. Em “Rebeliões da senzala” (1959), sua obra mais conhecida, ele desmente a narrativa oficial de que os negros aceitaram passivamente o cativeiro, demonstrando como quilombos, insurreições e outras formas de resistência foram estratégias ativas de combate ao sistema escravocrata.

Segundo Santana, o centenário é uma oportunidade de tornar a obra de Clóvis Moura mais conhecida entre estudantes, pesquisadores e militantes: “Suas ideias são fundamentais para compreender as contradições da sociedade brasileira, especialmente nos tópicos raça e classe. Moura inovou ao apresentar a escravidão como parte constitutiva do capitalismo dependente brasileiro, e não como um resquício arcaico a ser superado”, destaca.

Confira a programação do evento:

13/5

18h – Intervenção cultural no hall do 11° andar

18h30 – Mesa 1: “Revolução Clóvis Moura – escravidão, capitalismo e a falsa abolição”.

Deputado federal Pastor Henrique Vieira, Roberto Santana (Uerj), Fábio Nogueira (Ueba), Ana Paula Procópio (Uerj)

14/5

18h – Lançamento do livro “Marxismo negro”

19h – Mesa 2: “Clóvis Moura e sua obra – ideias e conceitos para pensar raça/classe no Brasil atual”.

Deputada estadual Renata Souza, Dennis de Oliveira (USP), Gabriel Siqueira (Uerj), Joselicio Junior “Juninho” (USP, Editora Dandara)

No período da tarde dos dias 14 e 15 de maio ocorre o 1º Simpósio Marxismo Negro, com apresentações de trabalhos.