Diretoria de Comunicação da Uerj
O campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) recebeu, na última sexta-feira (25), a visita de 250 estudantes da educação básica, no encerramento da XVII Semana do Instituto de Matemática e Estatística (IME). Na ocasião, alunos de cinco escolas públicas de Armação dos Búzios, Cabo Frio, Duque de Caxias e Magé apresentaram seus trabalhos em painéis e participaram de um conjunto de oficinas denominado “Ciência para os Curiosos”. As atividades foram ministradas por docentes e discentes do IME, da Oceanografia, Arqueologia, Geologia e do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj).
“Vivemos um período de crescimento do negacionismo; por isso, é primordial que a Universidade se aproxime das pessoas. Eventos como este, em favor da ciência, são fundamentais para os estudantes da educação básica, que serão futuros alunos do ensino superior”, afirma Monica Almeida Gama, egressa do IME, que hoje leciona Matemática nos colégios municipais Rui Barbosa, em Cabo Frio, e Paulo Freire, em Búzios. “Temos uma parceria com a Uerj desde 2017 e queremos estreitar cada vez mais os laços, desenvolvendo esse trabalho tão importante para a sociedade”, aponta.
Motivadas pela professora, as alunas do terceiro ano do ensino médio do Colégio Rui Barbosa Dhullyene Menezes, 17, Jhulya Thábyta Navarro, 18, e Eychila Vasconcelos Gonçalves,17, encontraram uma maneira divertida de trabalhar a matemática, usando um jogo de cartas colorido e popular. “Pesquisamos e descobrimos o Uno Matemático sobre unidades de medida, como grama, centímetro, metro quadrado, segundo. Jogando, relembramos o que aprendemos, e quem ainda não conhece os conceitos, pode começar a se familiarizar com as unidades”, conta Dhullyene.
Oficinas
Criada em 2001, a Semana do IME é promovida pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Computacionais e Modelagem Matemática (PPG-CompMat) e pelo Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (Profmat). As escolas parceiras integram a equipe do projeto Faperj “Pontes entre a universidade e a escola básica: promoção e construção do conhecimento científico”, coordenado pela professora Patrícia Nunes da Silva, do IME.
Nesta edição, foram realizados minicursos, palestras, mesas-redondas, maratonas de Programação e Matemática, além de oficinas sobre robótica com Arduino, constelações, produção artesanal de cosméticos, presença feminina nas ciências, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre outros temas.
O professor do CAp-Uerj Thiago Daboit Roberto supervisionou uma atividade que possibilita visualizar conceitos-chave da Física de forma lúdica e interativa. “Esta bicicleta tem um gerador acoplado à roda traseira que produz energia elétrica a partir do movimento mecânico, acendendo os painéis de lâmpadas LED e halógena. Ao pedalar, os alunos percebem que é necessário aplicar mais força para acender a halógena, evidenciando a eficiência e a economia proporcionada pela lâmpada LED”, explica.
Já o professor Francisco Dourado, da Faculdade de Geologia da Uerj, coordenou uma oficina que utiliza uma técnica de realidade aumentada, permitindo que os estudantes interajam com uma caixa de areia (sandbox) para observar e manipular áreas de risco de deslizamentos e inundação. “Atualmente, no Brasil, gastam-se muitos recursos no atendimento de emergências e no processo de recuperação. Todavia, entendo que o melhor caminho é a prevenção. Além das obras estruturantes de alto custo, como muros de contenção, por exemplo, podemos investir em ações educativas para redução de risco de desastres”, pontua Dourado. “Quem vai fazer a diferença são os jovens, que precisam saber quais áreas podem ser ocupadas, quando acionar a Defesa Civil e o que deve ser feito em caso de desastre”, completa.
Exposição “Marabohó: escavando aterros, construindo histórias”
Desde 2017, a Semana do IME desenvolve ações extensionistas e integra o calendário da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), cujo tema deste ano foi “Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais”. Em diálogo com a proposta, um dos destaques da programação da Uerj é a mostra “Marabohó: escavando aterros, construindo histórias”, que aborda o papel dos saberes tradicionais do povo indígena Guató na construção e preservação dos aterros no Pantanal.
A Arqueologia busca compreender as funções desses ambientes, que podem ter sido locais de moradia temporária ou permanente, cemitérios, praças centrais de assentamentos mais amplos, terrenos de solo fértil para produção de alimentos vegetais, demarcadores territoriais e lugares de memória, entre outras finalidades.
A exposição reúne fotografias científicas dos aterros, incursões e trabalhos de campo. Durante a visita, os alunos puderam simular o processo de escavação, auxiliados pela equipe de monitores e estudantes da graduação. “Quando as crianças tomam ciência dessas diferentes relações entre os seres humanos e o ambiente, abrimos um caminho para pensar alternativas para o futuro”, diz um dos curadores, Fernando Ozorio Almeida, professor do Departamento de Arqueologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Uerj. “Mostramos que natureza e homem não são inimigos e que um não existe sem o outro”, acrescenta. Espaço de contemplação e também de reflexão, a mostra está em cartaz no hall do 6º andar, bloco C, campus Maracanã, até o dia 8 de novembro.
O evento contou com o apoio das Pró-reitorias de Graduação (PR1), Pós-graduação e Pesquisa (PR2) e Políticas e Assistência Estudantis (PR4), além da Prefeitura dos Campi, da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Fotos: George Magaraia