Diretoria de Comunicação da Uerj

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) realizou, nesta quinta-feira (18), um sonho antigo da comunidade acadêmica: a inauguração do Serviço de Acolhimento à Saúde Universitária (Sasu), localizado no subsolo do campus Maracanã, próximo à Gráfica Uerj. O serviço, que funcionará em fase piloto até dezembro, das 8h às 18h, de segunda a sexta-feira, tem como foco inicial o acolhimento de casos de sofrimento psíquico de estudantes, servidores técnico-administrativos, docentes e trabalhadores terceirizados.
A cerimônia de inauguração contou com a presença de autoridades universitárias e destacou a articulação do Sasu com o Sistema Único de Saúde (SUS), do qual funcionará como uma “porta de entrada” qualificada para a rede pública, acolhendo, avaliando e encaminhando as demandas de saúde da comunidade interna. O serviço não realizará atendimentos clínico-terapêuticos ou acompanhamentos de longo prazo, mas atuará no acolhimento, na avaliação inicial multiprofissional e no encaminhamento responsável.
Um espaço de acolhimento
A reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, enfatizou a importância de concretizar uma aspiração histórica da comunidade universitária. “O que pretendemos com o Sasu é que ele seja um espaço para acolher, encaminhar e acompanhar as pessoas da nossa comunidade que precisam de uma orientação sobre a melhor forma de buscar assistência à saúde. Isto será feito a partir de uma equipe multiprofissional com enfermeiros, médicos, psicólogos e assistentes sociais com experiência na rede pública”, afirmou.
Gulnar também destacou a integração do serviço com outras políticas de promoção de saúde da Universidade. “Aprovamos no Conselho Superior Universitário (Consun) uma política transversal de saúde mental, estabelecendo uma coordenação colegiada que se articula com uma rede capilarizada de ações. Além disso, este serviço tem por princípio estar integrado também às demais políticas que vêm sendo implementadas na Uerj, que são a política de acessibilidade e a política de enfrentamento ao assédio”, explicou.
Resposta aos desafios da pandemia
O pró-reitor de Saúde (PR5) da Uerj, Ronaldo Damião, lembrou que o Sasu é a materialização de um sonho de muitos anos e uma resposta direta aos agravos emocionais intensificados pela pandemia. “Com a pandemia, vários distúrbios emocionais se agudizaram, a ansiedade, a depressão, o medo. E tudo isso entrou também na Universidade. Então, a atual reitora pensou, trabalhou e estabeleceu esse espaço do Sasu como ação prioritária”, disse.
Damião expressou sua confiança no impacto positivo do serviço, reforçando que este ainda vai passar por um tempo de adaptação. “Tenho certeza que o Sasu possibilitará muitos benefícios para manter a saúde mental de universitários, funcionários e professores, sempre visando alinhar o autocuidado individual com o apoio institucional”, finalizou.
Missão, valores e os desafios de um projeto inédito

Renata Maciel, coordenadora de Promoção e Atenção à Saúde do Sasu, detalhou a missão e os valores do novo serviço. “Nossa missão é acolher trabalhadores e estudantes do campus Maracanã que necessitem de cuidados relacionados à saúde psicossocial, tendo como referência os serviços externos do SUS”, explicou. Ela listou como valores norteadores o acolhimento, a equidade, a humanização, a interdisciplinaridade, a confidencialidade e a ética.
O projeto teve início em março de 2024, a partir de um grupo de trabalho (GT) multidisciplinar nomeado pela reitora, de acordo com Renata, que ressaltou a escolha da palavra “acolhimento” como central. “O acolhimento expressa uma ação de aproximação, um ‘estar com’ ou um ‘estar perto de’, uma atitude de inclusão. É exatamente nesse sentido que buscamos o acolhimento, descrito como uma das diretrizes de maior relevância da política nacional de humanização do SUS”, elucidou.
Entre as oportunidades abertas pelo serviço, a coordenadora citou a chance de realizar o “letramento em saúde” sobre o SUS, que se refere à capacidade de buscar, compreender, avaliar e aplicar informações, a fim de tomar decisões conscientes e de desenvolver um sistema de saúde para a comunidade da Uerj com dados epidemiológicos próprios.
“Os desafios, no entanto, são muitos, desde garantir a estrutura física e a articulação com a rede SUS até o ineditismo do projeto. A ausência de modelos de referência direta, a inovação, que exige tempo e flexibilidade, e a reunião de profissionais abertos à experimentação foram alguns dos nossos maiores desafios”, completou.
Foco inicial na saúde mental
Anália Barbosa, coordenadora de Acolhimento à Saúde Mental do Sasu, explicou que o serviço foi planejado para ser implementado em etapas. “Neste momento, estamos na fase de implantação: estruturando a equipe, organizando fluxos de acolhimento e testando protocolos. A partir daí, vamos ampliar horários e fortalecer a articulação tanto com os setores da Uerj quanto com a rede SUS. Nossa previsão é que, até o final deste semestre, esteja funcionando de forma consolidada e integrada”, anunciou.

Ela reforçou que o foco inicial será a saúde mental. “Nosso papel é acolher, oferecer escuta qualificada, realizar uma avaliação inicial em equipe multiprofissional e encaminhar de forma responsável, seja para a rede SUS, para serviços especializados ou, quando pertinente, para dispositivos da própria Universidade. Neste primeiro momento, vamos priorizar casos de violência autoprovocada, situações de crise e de sofrimento agudo”, apontou.
O serviço é universal e destinado a toda a comunidade da Uerj. “A Universidade é formada por estudantes, técnicos, docentes e também trabalhadores terceirizados, todos atravessados por situações que podem afetar a saúde mental. Nosso compromisso é que qualquer pessoa da comunidade possa encontrar aqui um espaço de acolhimento”, afirmou Anália.
Sobre as expectativas para essa fase inicial, a coordenadora foi incisiva: “É importante deixar claro que o Sasu não é um pronto-socorro nem fará acompanhamento de longo prazo. Neste início, a comunidade pode esperar acolhimento respeitoso, escuta qualificada e encaminhamentos responsáveis. Nosso maior compromisso é não deixar ninguém sozinho diante de uma situação de crise”, finalizou.
Fotos: George Magaraia