Uerj concede título de Doutor Honoris Causa ao compositor e escritor Nei Lopes, por suas contribuições à cultura

29/03/202216:59

Diretoria de Comunicação da Uerj

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) entregou, nesta segunda-feira (28), o título de Doutor Honoris Causa a Nei Braz Lopes, compositor, cantor, escritor e estudioso das culturas africanas. A honraria, criada em 1965, é a mais alta concedida pela instituição a personalidades de destaque brasileiras e estrangeiras por suas contribuições à cultura, à educação ou à humanidade.


Na cerimônia realizada na Capela Ecumênica, no campus Maracanã, o reitor Ricardo Lodi Ribeiro falou sobre a relevância de Nei Lopes para a cultura nacional e a importância de seu trabalho sobre a cultura africana. “É uma das homenagens mais merecidas que a Uerj conferiu. Com suas obras, seu importante dicionário, suas composições, Nei Lopes, como um estudioso da cultura negra, não podia deixar de ser homenageado pela universidade mais negra do Brasil”, afirmou.

A pró-reitora de Extensão e Cultura, Cláudia Gonçalves, destacou a magnitude do trabalho de Nei Lopes. “É uma personalidade com história singular de vida e contribuição artístico-cultural de imensa diversidade. A importância dessa titulação para um homem negro, atuante na luta contra o racismo e comprometido com a constituição de instrumentos e peças que forjam o lugar de fala com ênfase na cultura africana e afro originada, constitui um ato político consciente da comunidade acadêmica da Uerj”.

Alegre e irreverente, Nei Lopes agradeceu a titulação e falou um pouco sobre sua trajetória de vida e sua relação com a instituição. “Quem forneceu o ritmo e a cadência dessa caminhada foi o samba, que representa hoje também o traço de união entre esse modesto trabalhador da cultura e esta querida e respeitável universidade. Minha relação com a Uerj é antiga, elaboramos um dicionário, escrito em fichas preenchidas à mão, e o professor José Flávio, então diretor do Proafro [Programa de Estudos e Debates dos Povos Africanos e Afroamericanos], garantiu a digitalização. O dicionário foi lançado em 1996, com prefácio do professor Evanildo Bechara, catedrático do Instituto de Letras. Foi ainda aqui que participei como palestrante de um significante curso de extensão de conscientização de cultura afro-brasileira”, relembra.

Produção de destaque em diversas frentes

Nei Lopes é bacharel em Direito e Ciências Sociais. Destacando-se inicialmente como compositor de música popular, consolidou um amplo repertório gravado por músicos de renome. Em 2005, seu CD Partido ao Cubo era eleito o “melhor disco de samba” no Prêmio da Música Brasileira.  Lopes ainda foi agraciado, na categoria “Música”, com o 28º Prêmio Shell de Teatro, além do Troféu Bibi Ferreira e o prêmio da Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (ATPR).

Como escritor, vem publicando, desde 1981, vasta obra de estudos africanos, contabilizando 44 livros, com destaque para Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana e Novo Dicionário Banto do Brasil. Em 2009, conquistou o Prêmio Jabuti, na categoria “paradidáticos”, com o livro História e Cultura Africana e Afro-brasileira. Em 2015, foi novamente agraciado com o Jabuti, pelo Dicionário da História Social do Samba (Civilização Brasileira), parceria com Luiz Antonio Simas, na categoria “Não-ficção” e como “Livro do Ano”.  Por sua trajetória intelectual, Nei Lopes foi também laureado com a Ordem do Mérito Cultural (Ministério da Cultura, 2005) e a Ordem de Rio Branco (Ministério Relações Exteriores, 2013).

A decisão unânime de concessão do título de Doutor Honoris Causa foi tomada em sessão do Conselho Universitário da Uerj realizada em dezembro de 2021.