Tradicional polo de cultura do Rio, Uerj abriga novas exposições de artes plásticas

24/05/202417:48

Diretoria de Comunicação da Uerj
Exposição “Obra”. Foto: George Magaraia

 

Além do compromisso em oferecer um ensino gratuito e de qualidade, a Uerj vem se firmando como um relevante e tradicional polo de cultura no estado. Na última quinta-feira (23/5), a inauguração de duas exposições de artes plásticas confirmou a vocação da Universidade em promover o acesso da comunidade acadêmica a eventos artísticos em seus campi: as mostras “Obra”, no campus Maracanã, e “Anti-engenharias sonoras”, na Faculdade de Formação de Professores (FFP), em São Gonçalo, atraíram um público heterogêneo, formado por estudantes, docentes, técnicos, pesquisadores e, também, pela comunidade externa à instituição.

Aberta à visitação até 2 de agosto, na Galeria Candido Portinari, no campus Maracanã, “Obra” reúne 24 peças do artista plástico Jefferson Medeiros, formado em História pela FFP e atualmente doutorando no Programa de Pós-graduação em Artes da Universidade. O artista utiliza em seu trabalho materiais do cotidiano, especialmente da construção civil, como cimento, arames, espátulas, além de elementos cartográficos e símbolos nacionais e do dia a dia.

‌De acordo com Alexandre Sá, diretor do Departamento Cultural (Decult) da Uerj e curador da exposição, o propósito principal da mostra é promover uma reflexão sobre a relação das obras de arte com as obras de uma construção civil. “A ideia do Brasil é muito fundamentada nos trabalhadores, um Brasil profundo e épico que a gente às vezes finge que não está vendo. E o Decult tem uma preocupação com os apagamentos discursivos, com silenciamentos, com a memória e com aquilo que a gente foi esquecendo”, explicou o diretor.

O artista Jefferson Medeiros. Foto: George Magaraia

‌Pensando em retribuir à Universidade, Medeiros conta sua relação de longa data com a Uerj, que o acolheu e o conduziu a abrir seus horizontes para além de São Gonçalo. “Poder expor na Universidade de forma gratuita é a possibilidade de conseguir, de alguma maneira, devolver minha produção intelectual para o público, em uma instituição pública, e colaborar para que ela seja cada vez mais o que tem que ser: não só popular, mas, também, plural e acessível”, sublinhou.

Presente na inauguração da mostra, Fernando Batista, estudante de Artes Visuais no Instituto de Artes (Iart) da Uerj, elogia a proximidade com a arte proporcionada pelos espaços e eventos da Universidade. “A exposição mostra essa realidade do Brasil nua e crua e esses espaços culturais dentro da Uerj são uma forma de a gente se aproximar dela e dessa discussão”, afirmou.

“Anti-engenharias sonoras” em São Gonçalo

‌A Galeria da FFP surgiu de um projeto com o objetivo de retomar a visão da Faculdade como um polo cultural da região de São Gonçalo. Sua exposição inaugural foi “Esqueleto”, também de Jefferson Medeiros. Atualmente, o espaço recebe o trabalho do artista Lucas Ribeiro, “Anti-engenharias sonoras”, aberto à visitação até 28 de junho. A mostra conta com a curadoria de Giovanna Giffoni, professora de Teoria Literária e Literatura Brasileira do Departamento de Letras da FFP, e traz uma instalação artística, composta por instrumentos musicais, como a guitarra, utilizados para compor estruturas. A arte de Ribeiro tem o propósito de evocar a memória de seu avô, expressa na utilização da cadeira de palha que ele costumava usar em vida, ressaltando a memória do silêncio.

Lucas Ribeiro e a instalação. Foto: Íris Figueiredo

‌Giffoni foi convidada a colaborar e montar, em conjunto com outros curadores, como Alexandre Sá, o calendário de exposições da Galeria da FFP, localizada na entrada do campus. Segundo a professora, o intuito é, justamente, levar a mensagem da exposição artística para todos de forma acessível. “A noção espacial está sempre muito presente nas propostas de levar a arte para um espaço de passagem e torná-lo um local de permanência, para apreciar uma obra de arte, uma exposição artística. Isso já é uma transformação do espaço”, ressaltou Giovanna.

‌Morador de São Gonçalo, Lucas Ribeiro afirma que sempre entendeu a história e a importância da Uerj na região. Segundo o artista, é de grande relevância expor em uma instituição pública, sobretudo por ser uma das poucas da localidade. “Significa muito, para mim, fazer um trabalho com uma linguagem não comum em um espaço acadêmico”, declarou.

A arte em uma passagem

‌Além das recém-inauguradas exposições, outra mostra vem chamando atenção na Galeria da Passagem, no Centro Cultural do campus Maracanã: “Tiragem única: segunda edição”. Aberta à visitação até 18 de junho, a exibição é vinculada ao projeto de pesquisa e extensão “Experiências indiciais”, do Iart da Uerj. Seus participantes são artistas pesquisadores, estudantes da graduação e da pós-graduação, também do Instituto.

Mostra reúne obras de alunos do Iart. Foto: Álvaro Salgueiro

‌A ideia principal da exposição, que reúne obras de Ana Clara Souza, Ana Cople, Beatriz Carreira, Bruno Awful, Helena Assanti, Julia Miguez, Maria Clara Maiorano, Rafael Navarro e Victoria Shintomi, é apresentar diferentes possibilidades de intervenção poética a partir de meios gráficos, tendo em vista que, segundo a professora Inês de Araujo, do Departamento de Linguagens Artísticas do Iart, a gravura oferece uma gama enorme de procedimentos técnicos que permitem a reprodução. “Há trabalhos com monotipia, com fotogravura e gravura em metal, com estêncil, com serigrafia e mesmo com marcas do corpo, no caso, gravuras, a partir de mordidas”, completa a professora, que está vinculada à linha de pesquisa Arte, Experiência e Linguagem do Programa de Pós-graduação em Artes do Instituto.