Projeto da Uerj presta assessoria técnica para habitações de interesse social e recruta voluntários

21/03/202415:42

Diretoria de Comunicação da Uerj

O princípio da dignidade da pessoa humana, previsto na Constituição Federal de 1988, é o que norteia o trabalho do Núcleo de Assessoria Técnica Popular (Natep) da Uerj, projeto de extensão que visa combater as desigualdades sociais existentes nas cidades por meio de serviços no campo das habitações de interesse social, aquelas que têm a finalidade de promover o direito à moradia associado ao desenvolvimento econômico, à geração de trabalho e de renda e à elevação dos padrões de habitabilidade e de qualidade de vida da população urbana e rural. Coordenada por Ana Cláudia Dantas, arquiteta e professora do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj), a iniciativa presta assessoria técnica em construção civil desde 2020 e está com inscrições abertas para processo seletivo de voluntários em diversas áreas e especialidades.

Iniciativa conta com trabalho de voluntários

Com foco na realização de trabalhos em áreas excluídas ou marginalizadas da cidade, o Natep desenvolve pesquisas, cursos e propostas voltados para o estudo de materiais e técnicas sustentáveis, a fim de diminuir o impacto ambiental e reduzir o custo das obras. “Pensamos que a construção tradicional, com concreto, cimento, tijolo, é um processo muito poluente, então estamos tentando promover práticas de bioconstrução e utilizar materiais recicláveis e mais econômicos”, explica Ana Cláudia.

Além do caráter socioambiental, a professora destaca o potencial de formação profissional do núcleo. Ao todo, a iniciativa conta com 40 voluntários, entre eles estudantes de diversas graduações da Universidade, considerando a multidisciplinaridade da atividade, que exige a atuação de arquitetos e engenheiros, mas, também, de assistentes sociais, comunicólogos, psicólogos e biólogos. “Temos várias possibilidades com esse projeto, que não é puramente arquitetônico. É um trabalho feito em conjunto com a comunidade, o que envolve escuta às necessidades dos moradores”, pontua a coordenadora.

Projeto recruta voluntários

A estudante Eduarda da Silva Salgado, aluna do curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) da Uerj e bolsista do Natep, conta que o interesse pelo projeto surgiu a partir do desejo de ter novas experiências em sua formação. “Fico muito feliz de participar da construção de algo tão importante. Não apenas para mim, na área acadêmica, mas também para esse público que precisa de moradias de qualidade”, avalia. 

O processo seletivo para voluntariado, voltado a profissionais e estudantes a partir do quarto período, está com inscrições abertas até 31 de março. As vagas, preferenciais para a comunidade da Uerj, contemplam as formações em Arquitetura e Urbanismo; Comunicação Social; Educação Ambiental; Engenharias e Serviço Social. Para se inscrever, o candidato deve enviar seu currículo para o e-mail rhnatepuerj@gmail.com com o assunto “Vaga Natep + área de interesse”.

Atuação em rede

Desde a sua criação, o Natep já elaborou projetos de arquitetura, urbanismo e saneamento para diversas favelas do Rio de Janeiro, como as comunidades Indiana, Formiga e Salgueiro, na Zona Norte da cidade, que receberam reformas de creches e praças, por exemplo. No entanto, a atuação não é restrita ao município, com atividades realizadas e em etapa de planejamento em Araruama, na Região dos Lagos, e em Petrópolis, na Região Serrana do Estado.

Projeto 3D de quadra esportiva em Petrópolis

Na Cidade Imperial, a proposta é a reforma de uma quadra de futebol e de uma praça na comunidade Lopes Trovão, localizada no bairro Alto da Serra, em Petrópolis. De acordo com Vagner de Almeida Xavier, porteiro e líder comunitário da região, a expectativa é a criação de uma área que possa ser usufruída por todos os residentes da localidade. “Meu objetivo é ter a nossa coletividade realmente unida, crianças, pais, idosos e pessoas com deficiência, em um espaço para organização esportiva e lazer”, afirma.

Outra iniciativa vem sendo delineada em Araruama. Após receber a doação de um terreno da Prefeitura do município, a assistente social Chirley Vicente Correia procurou a professora Ana Cláudia com o objetivo de obter o apoio para criar um projeto social no local. “Acredito que a gente pode melhorar muito por meio do conhecimento e do cuidado. Queremos criar um lugar para reunir mães e suas crianças, focando em capacitação, esporte e reforço escolar”, define Chirley.

Origem e desafios

Equipe do Natep na comunidade Lopes Trovão

Segundo Ana Cláudia, a ideia de arquitetar o Natep veio de uma iniciativa anterior com duas amigas. “Chegamos a fazer um projeto de uma praça na comunidade Trapicheiros, na Tijuca, com materiais que os próprios moradores conseguiram, como pneus”, lembra. “Pensando sobre essa proposta, eu tive a ideia de criar um projeto de extensão que utilizasse a estrutura da Uerj, o que ajudaria a expandir nosso potencial impacto”, acrescenta.

A docente evidencia, entretanto, que a principal dificuldade é causada por fatores financeiros, já que o núcleo não conta com financiamento, além de não cobrar nada aos moradores das áreas que recebem as obras. “Para arrecadar fundos, fazemos campanhas no Instagram, eventos – como festas, almoços e jantares – e rifas, pois os custos são altos”, frisa.

O Natep conta também com uma campanha online de arrecadação de recursos. Para saber mais, acesse o link do projeto.