Diretoria de Comunicação da Uerj
O Instituto Multidisciplinar de Formação Humana com Tecnologias (IFHT) da Uerj promoveu, na última segunda-feira (4), uma aula inaugural para recepcionar os alunos da nova turma do Programa Mudar de Vida: perspectivas além do horizonte. A iniciativa, fruto da parceria entre a Fundação Santa Cabrini e o IFHT, oferece oportunidades de qualificação profissional e inclusão para pessoas com deficiência e dependentes químicos em recuperação privados de liberdade (regimes aberto e semiaberto) ou egressos, além de seus familiares. Nesta edição, os interessados puderam se inscrever nos cursos de Auxiliar Administrativo; Auxiliar de Serviços Gerais (ASG), Empreendedorismo e E-commerce. Também haverá oficinas de corte de cabelo, design de sobrancelhas e tranças como possibilidade de empreender.
“O Programa Mudar de Vida visa capacitar pessoas oriundas do sistema penal para o retorno à sociedade por meio do mundo do trabalho. Para isso, há uma equipe de produção e aplicação de cursos que também se preocupa com a formação humana e uso de tecnologias. Além disso, os participantes contam com o atendimento prestado por psicólogos e assistentes sociais”, explica o professor Carlos Alberto de Oliveira, diretor do IFHT.
Firmado em 2019, o convênio também busca fortalecer a Fundação com outros órgãos públicos e privados, promovendo palestras e seminários direcionados aos colaboradores da instituição, responsável pela gestão do trabalho prisional no estado do Rio de Janeiro. De janeiro a julho deste ano, 3.058 pessoas foram atendidas pelo Programa. Em 2024, ocorreram cinco cerimônias de formatura, e a próxima já está marcada para o dia 13 de dezembro, na Uerj.
Depoimentos
Na aula inaugural “Capacitação como ferramenta para a inclusão”, realizada no auditório Regina Weissman, campus Maracanã, Douglas Manassés, superintendente terapêutico da Subsecretaria de Políticas Inclusivas, contou sua experiência de luta e superação de uma dependência química. “Fui usuário de crack por 11 anos e vivi nas ruas de São Paulo por quase quatro anos, longe da minha família. Para muitos, eu não tinha mais condições de sair daquela situação e me tornar um profissional”, revelou.
“A partir do momento em que tive uma oportunidade de recuperação, pude entender minha doença e tratá-la de forma correta. Posso dizer que voltei à sociedade e ressignifiquei minha história graças a uma comunidade terapêutica. Hoje, defendo a importância desses espaços, que oferecem apoio psicossocial e ajudam a capacitar pessoas para que elas mostrem o melhor do seu potencial”, salientou Manassés.
Com o objetivo de se qualificar, Vitor Hugo da Silva Mello, 23, egresso do sistema penal, concluiu em outubro o curso de Auxiliar Administrativo, na Fundação Santa Cabrini. Mais que uma profissão, ele conta que o projeto lhe proporcionou novos conhecimentos e habilidades. “Com os ensinamentos dos professores, as aulas trouxeram muitos recursos para minha vida. Aprendi valores importantes, como ética, respeito, capacidade de comunicação, trabalho em equipe e também a ter empatia com o próximo”, relatou. Contente e animado, ele agora se matriculou no curso de Auxiliar de Serviços Gerais (ASG).
Perspectivas
De acordo com o diretor do IFHT, a partir de 2025, será montado um grupo de pesquisa na Uerj, envolvendo a Faculdade de Direito, o Centro de Educação e Humanidades (CEH) e o Centro de Ciências Sociais (CCS), sobre a aprendizagem ao longo da vida voltada aos privados de liberdade e seus familiares, assim como a remição de pena. “Estamos desenhando o plano de trabalho para o próximo ano, incluindo o grupo de pesquisa, mas mantendo a característica de um projeto de extensão que também terá uma perspectiva de produção acadêmica”, diz Oliveira.