Diretoria de Comunicação da Uerj
Maltratada por diversos vetores em seu entorno, a Baía de Guanabara terá, em breve, o Programa de Extensão Universidade do Mar, sob a coordenação da Faculdade de Oceanografia (Faoc) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). A iniciativa visa estimular atividades acadêmicas e técnicas para fortalecer ensino, pesquisa e inovação, promovendo o desenvolvimento sustentável da região, alinhado com a Agenda 2030 e a Década dos Oceanos 2021-2030, instituídas pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Oficializada pela Uerj no dia 8 de março de 2022, em ato assinado pelo então reitor, Ricardo Lodi, a UniMar compreende diversos projetos de extensão da Faoc: Apresentando a Maricultura aos Jovens; Botos da Baía de Guanabara; Corrente de Retorno; Oceano & Sociedade; Divulgação Científica na Oceanografia; e StandUPET.
De acordo com o diretor da Faoc, Marcos Bastos, será montado um centro de monitoramento de vulnerabilidade socioambiental na Ilha de Brocoió, que integra o arquipélago de Paquetá. O local é um refúgio para os botos cinza, símbolo ecológico do Rio de Janeiro e espécie ameaçada de extinção. “A proposta é transformar o espaço numa sentinela para toda a Baía de Guanabara”, explica Bastos.
A escolha da ilha para a implantação do programa se deve ainda ao fato de ser um dos locais mais preservados do ecossistema da baía e abranger a Zona de Amortecimento da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim e a Estação Ecológica (Esec) da Guanabara, Unidades de Conservação da Natureza (UCs) que compreendem os municípios de Magé, Guapimirim, Itaboraí e São Gonçalo.
Uma parceria firmada em 2018 entre a Faculdade de Oceanografia, a Morena – Associação de Moradores da Ilha de Paquetá e o Movimento Baía Viva deu início ao plano. Ainda conforme Bastos, “é importante destacar que a Universidade do Mar não é restrita à Ilha e ao Palácio de Brocoió (antiga residência do Governo do Estado): muito mais do que isso, é um conceito”.
A iniciativa envolve outras instituições acadêmicas, como UFRJ, UniRio, PUC-Rio, UFRRJ e UFF, além da Fiocruz e da Comissão Interministerial dos Recursos do Mar (Cirm). “A Faculdade de Oceanografia já desenvolve pesquisas nesses ambientes costeiros com ênfase na Baía de Guanabara, visando produção e disseminação de conhecimento, avaliação e monitoramento sobre o uso e consequências dos vetores que pressionam esse ecossistema. É importante destacar que, por meio do nosso navio oceanográfico, teremos a possibilidade de trabalhar na baía e áreas adjacentes também, potencializando cada vez mais a missão do centro de monitoramento que está dentro do programa da Universidade do Mar”.
Bastos ressalta que “o protagonismo na construção deste centro de referência é compartilhado entre os parceiros” e projeta um futuro de muitas atividades, “não apenas de pesquisa, mas também de extensão, de capacitação, treinamento, geração de oportunidade e também de ensino, seja ele de graduação ou pós-graduação. O conceito da Universidade do Mar é bem amplo: temos um polo, que vai ser Brocoió, e vários outros que virão depois”. Ele comemora o fato do conceito UniMar já estar ganhando força. “Maricá também já pediu para que a gente monte lá o programa de extensão”, afirmou.
Em maio de 2021, foi realizada uma visita técnica na Ilha de Brocoió, com a participação de representantes da Secretaria de Estado da Casa Civil (SECC) – gestora do espaço; da Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade (SEAS); Instituto Estadual do Ambiente (Inea); Departamento de Ensino e Navegação da Marinha do Brasil; Instituto Chico Mendes (ICMbio), órgão do Ministério do Meio Ambiente que gerencia as unidades de conservação da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim e da Estação Ecológica da Guanabara; dos proponentes do projeto (Uerj, Baía Viva e Morena) e da Confrem (entidade nacional representativa de pescadores artesanais e de populações tradicionais).
“Fomos evoluindo essa construção e, com a visita da SECC definiu-se o que caberia à Uerj ou não. Nesse momento, aguardamos os procedimentos e termo de cessão e temos mantido conversas com as Secretarias de Desenvolvimento Econômico, Ambiente e Ciência e Tecnologia”, diz Marcos Bastos. A Universidade do Mar deve ser instalada em prédio administrativo anexo ao Palácio de Brocoió. Também deve ser realizada uma dragagem para construção de atracadouro para o navio Professor Luiz Carlos, da Faculdade de Oceanografia da Uerj, utilizado nas atividades de pesquisa.
