Diretoria de Comunicação da Uerj
A Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulgou, na última segunda-feira (14), a lista dos semifinalistas da 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico e, mais uma vez, a Uerj tem bons motivos para comemorar: a Universidade está representada por oito obras entre os indicados. Este ano, a premiação recebeu 2.004 inscrições, distribuídas em 25 categorias de dois eixos: “Ciência e Cultura” e “Projetos Especiais”. Foram indicados dez semifinalistas em cada categoria.

Pelo segundo ano consecutivo, a Editora da Uerj (Eduerj) está presente entre os semifinalistas, na categoria “Artes”, com a publicação “O Brasil de Jack Smith: arte queer, tropicalista e underground”, de Ana Gabriela Dickstein, professora da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O livro é o primeiro em português a abordar o cineasta, fotógrafo e performer norte-americano, considerado ícone da contracultura e precursor do teatro queer e do cinema expandido. “A indicação é fundamental para ampliar a divulgação sobre esse artista ainda desconhecido no Brasil, que produziu uma obra vigorosa, em diálogo com o cinema, a fotografia, o teatro, as artes de performance, as artes visuais e a escrita”, frisa a autora. “Além disso, sua trajetória ilumina aspectos essenciais sobre as relações entre o underground estadunidense e os tropicalismos brasileiros”, acrescenta.
A Eduerj já foi agraciada, em 2017, com o Prêmio Jabuti, e, em 2021, com o Prêmio ABEU, da Associação Brasileira de Editoras Universitárias.
Professores semifinalistas no eixo Ciência e Cultura
O livro “Ruínas circulares: uma antropologia da história do norte do Haiti”, do professor Rodrigo Charafeddine Bulamah, do Departamento de Antropologia da Uerj, concorre na categoria “Antropologia, Sociologia, Demografia, Ciência Política e Relações Internacionais”. A obra, da editora Papéis Selvagens, explora as articulações entre vida e história no norte do Haiti a partir de uma etnografia centrada no vilarejo de Milot, onde diferentes vestígios de tempos passados se cruzam por meio de experiências cotidianas e rituais.

O professor Guilherme Leite Gonçalves, da Faculdade de Direito da Uerj, é outro semifinalista, com o título “Financeirização: crise, estagnação e desigualdade”, na categoria “Economia”. A publicação, da Editora Contracorrente, foi organizada em conjunto com Lena Lavinas, Norberto Montani Martins e Elisa Van Waeyenberge, e busca oferecer uma visão abrangente da dinâmica do capitalismo financeirizado nos países desenvolvidos e nas economias emergentes. Segundo o professor, a indicação representa um reconhecimento de intenso trabalho de pesquisa sobre a dinâmica da financeirização, desenvolvido no campo da crítica da economia política. “Há tempos, estudos sobre processos econômicos têm sido reduzidos a reflexões convencionais orientadas pela discussão da maximização da utilidade. Nossa proposta é outra: resgatar o capitalismo como categoria analítica, articular interdisciplinarmente economia, sociologia, ciência política e direito, bem como construir um conhecimento crítico acerca dos impactos da hegemonia financeira na vida social”, pontua Gonçalves.
Representante da Uerj na categoria “Psicologia e Psicanálise”, Bethânia Assy, professora da Faculdade de Direito, é uma das autoras de “Pensar o sujeito, agir no mundo: diálogos com a obra de Jurandir Freire Costa”, com Francisco Ortega, Gabriela Bastos Soares e Jairo de Almeida Gama. Lançado pela editora Blucher, o livro é uma homenagem a um dos principais responsáveis por produzir, no Brasil, um pensamento original, implicando profundamente a psicanálise com a crítica cultural, além de construir uma análise profunda e atenta dos processos sociais e seus impactos subjetivos.

Os professores Antonio Augusto Passos Videira, do Departamento de Filosofia, Sandro Fonseca de Souza e Marcia Begalli, ambos do Departamento de Física Nuclear e Altas Energias, concorrem na categoria “Filosofia” com o livro “Filosofia da Física: problemas de ontologia e epistemologia da Física Moderna” (Ed. Livraria da Física). A obra reúne aulas ministradas pelos docentes na disciplina Filosofia da Física no Instituto de Física Armando Dias Tavares da Uerj, entre 2020 e 2023, bem como o conteúdo de extensa pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Filosofia da Universidade. “A indicação do livro representa a força de um trabalho coletivo de forte diálogo entre grandes áreas do conhecimento, o que reforça a construção de marcos e pontes”, revela Sandro Fonseca de Souza. “O recorte proposto aborda problemas que se apresentam na Física Moderna, um conjunto de teorias e descobertas que revolucionaram a física no início do século XX, marcando uma mudança significativa em relação à Física Clássica”, explica.
Dois livros de autores da Uerj foram indicados na categoria “Educação e Ensino”. O primeiro é “Africanidades brasileiras: o legado de Petronilha Beatriz” (Ed. Fundação Santillana, Moderna), organizado por André Lázaro, do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj, e Nilma Lino Gomes. A obra reúne nove artigos em homenagem à professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, em comemoração aos 20 anos das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.

O segundo é “Narrativas e corpos em trânsito: resistências e insubordinações” (Ed. CRV), organizado pela professora Ana Chrystina Mignot, da Faculdade de Educação da Uerj, ao lado de Paula Perin Vicentini e Elizeu Clementino de Souza. O livro reúne textos que problematizam questões acerca das vivências de diferentes grupos sociais – professoras negras, segmentos distintos do movimento LGBTQIAPN+, trabalhadoras sexuais e meninas vítimas de violência sexual, construindo diálogos entre narrativa, educação e saúde, além de análises acerca das potencialidades de diferentes formas de expressão artística na produção de estudos (auto)biográficos. “Participar dessa coletânea significou um duplo exercício de parceria: como coorganizadora de uma obra coletiva e como coautora, pois compareço com um texto escrito com uma então mestranda – Vanessa Lima Correia – que iniciara recentemente sua pesquisa de dissertação sobre a presença de Eunice Weaver na Universidade Flutuante e as políticas de combate à hanseníase por ela disseminadas. Nesse sentido, além do trabalho de selecionar textos, escrever com uma orientanda se constituiu em um importante investimento na formação de futuros pesquisadores”, afirma Ana Chrystina.
Eixo Projetos Especiais
Já na categoria que reconhece a tradução de obras para o português, dentro do eixo de “Projetos Especiais”, a professora Márcia Cristina Ferreira Gonçalves, do Departamento de Filosofia da Uerj, está indicada por “Da alma do mundo: uma hipótese da Física Superior para esclarecimento do organismo universal”, de F. W. J. Schelling, figura central da filosofia clássica alemã. A publicação é da Editora da Universidade de São Paulo (Edusp).
Vencedores serão conhecidos em agosto
A lista com os finalistas do Prêmio Jabuti Acadêmico será divulgada no dia 22 de julho. Os vencedores da premiação serão conhecidos em cerimônia para convidados em 5 de agosto, no Teatro Sérgio Cardoso, na capital paulista.
Criado em 2024 pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), o Prêmio Jabuti Acadêmico é dedicado às áreas científicas, técnicas e profissionais, com o objetivo de valorizar a excelência editorial e ampliar a visibilidade de autores e editores que atuam nesses segmentos. Os vencedores recebem a estatueta do Jabuti e um prêmio de R$ 5 mil.
A lista completa dos semifinalistas e jurados pode ser consultada no site da premiação.