Diretoria de Comunicação da Uerj
A Uerj sediou, na última quinta-feira (15) – Dia do Assistente Social –, a sessão solene de entrega da Medalha Tiradentes a Marilda Villela Iamamoto, professora titular aposentada da Faculdade de Serviço Social da Uerj, por iniciativa do mandato do deputado estadual Professor Josemar (PSOL), em coautoria com a deputada Marina do MST (PT). Mais alta condecoração oferecida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a honraria foi concedida à homenageada por sua relevância nacional e internacional no campo do serviço social e por sua trajetória de vida marcada pelo compromisso com a coletividade e pela defesa dos direitos humanos.
Na mesa de abertura, a fala da reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva, foi recebida por um auditório lotado de estudantes e professores de Serviço Social e de outras áreas acadêmicas, da Universidade e das principais instituições de ensino superior do estado. Dirigindo a palavra diretamente à homenageada, ela destacou a importância histórica da professora: “Estou vendo quantas gerações aqui foram formadas por você, quantas pessoas que se inspiraram em você, que se tornou uma referência de luta pela democracia, luta por um país melhor e para diminuir nossas enormes desigualdades. Dou os parabéns por essa medalha justa, merecida e muito legítima, por você e pelo Serviço Social”, salientou.
Dirigindo-se a um grupo de contemporâneas de graduação de Marilda Iamamoto presente no auditório, Gulnar lembrou de sua formação e participação no movimento estudantil da década de 1970, em uma geração próxima à da professora. “Foi uma época muito difícil, quando conseguimos reabrir o centro acadêmico da Faculdade de Medicina, o primeiro a ser reaberto após o fechamento de todos os centros aqui da Universidade pela ditadura. Fico feliz de ver vocês aqui e eu acho que a nossa história precisa ser contada para todos os estudantes. A nossa história não acabou, estamos aqui para contá-la, junto com a professora Marilda Iamamoto”, concluiu.
Trabalho extenso e luta pela democracia
A importância de entregar uma medalha de honra a uma intelectual e militante com a formação, a produção e a história de luta e de vida de Marilda Iamamoto foi destacada pelo deputado estadual Professor Josemar. “Marilda é autora de livros na área do serviço social, com várias edições e reimpressões no Brasil e no exterior, e possui artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais. Ex-presa política no período mais duro da ditadura militar, ela é motivo de orgulho e admiração pelo intenso e extenso trabalho no serviço social e por sua luta pela democracia. Quero dizer que essa biografia, daqui a alguns minutos, estará desatualizada, porque nós vamos entregar a Medalha Tiradentes para essa importante guerreira”, anunciou o deputado.
A professora Marilda Iamamoto fez coro com os demais participantes da mesa, ao afirmar que a homenagem é um acontecimento importante não somente para ela, mas também para a Uerj e para o serviço social brasileiro. “É fundamental, nesse momento histórico do Brasil e do mundo, com o avanço avassalador da extrema-direita, entregar essa medalha a alguém com uma história de lutas desde o período da ditadura e que hoje continua lutando contra o avanço do autoritarismo em nossa sociedade. Por isso, fico muito honrada, sabendo que não é uma medalha só para mim. Ela é merecida por todos os que fizeram a opção por uma sociedade mais justa, mais igualitária, mais democrática, e que prezam a Constituição Brasileira”, finalizou a homenageada.
Uma trajetória marcada pelo engajamento político e acadêmico
Graduada em Serviço Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Marilda Iamamoto consolidou sua carreira acadêmica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde atuou como professora titular na Faculdade de Serviço Social e contribuiu significativamente para o desenvolvimento do pensamento crítico na área. Sua militância social se expressa na luta pela reconceituação do serviço social, buscando uma abordagem mais alinhada às necessidades da classe trabalhadora e aos desafios impostos pela desigualdade social no país.
Durante a ditadura militar, enfrentou perseguições devido ao seu engajamento político e acadêmico. Como muitos intelectuais da época, sua atuação em defesa dos direitos sociais e da democracia a colocou sob vigilância do regime, que reprimia vozes dissidentes. Apesar das adversidades, ela seguiu firme em sua produção intelectual e na formação de novas gerações de assistentes sociais, consolidando um legado que continua a influenciar o pensamento crítico e a prática profissional no Brasil.
Ao longo de toda a cerimônia, alunos, professores e autoridades se referiram ao livro “Relações sociais e serviço social no Brasil”, de 1982 – uma das várias obras publicadas por Marilda Iamamoto –, escrito em parceria com o pesquisador Raul de Carvalho, como uma leitura fundamental, por trazer o pensamento marxista para o serviço social brasileiro. Entre suas publicações, destacam-se também os títulos “Renovação e conservadorismo no serviço social” (2004) e “O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional” (2007).
Além de sua trajetória de destaque na Uerj, a professora Marilda Iamamoto colaborou com diversas universidades brasileiras, incluindo a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No exterior, também teve passagem em várias instituições, destacando-se por sua atuação como professora visitante na Universidad Nacional de La Plata, na Argentina, e como ‘membro avaliador’ do Sistema Nacional de Acreditación de La Educación Superior, na Costa Rica.
Fotos: George Magaraia
