Diretoria de Comunicação da Uerj
Na última segunda-feira (11), o auditório da Reitoria da Uerj recebeu a sessão de pré-lançamento do documentário “Ivo Barbieri: o primeiro eleito”, produzido pelo Centro de Tecnologia Educacional (CTE). O filme resgata a história do primeiro reitor escolhido diretamente pela comunidade acadêmica, em 1988, destacando sua luta pela democracia, a resistência durante a ditadura militar e o legado para a instituição.
A reitora Gulnar Azevedo e Silva destacou que a atividade marca a abertura das comemorações dos 75 anos da Universidade, que serão completados em dezembro. Ela enfatizou a importância de resgatar a memória institucional. “Quisemos começar trazendo para vocês esse documentário, gravado com muito carinho por toda a equipe do CTE. Parabéns à equipe que montou, que editou, que criou o roteiro”, elogiou.
Presente ao pré-lançamento no auditório que leva seu nome, Ivo Barbieri relembrou sua trajetória na Universidade, iniciada em 1966, quando ingressou para lecionar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Ele destacou que aprendeu muito mais na Uerj do que ensinou, ao longo dos 40 anos em que esteve na instituição. Barbieri passou por diversas funções, desde auxiliar de ensino até professor titular, vice-reitor e finalmente reitor (gestão 1988-1992). “A Reitoria foi um acidente de percurso, o que eu sempre almejei era ser professor. Nunca fui chegado à administração. Quem administrou a Uerj na minha gestão foi a equipe. Eu simplesmente apoiava”, comentou.
Ex-reitores reverenciam o trabalho de Ivo Barbieri
O ex-reitor da Uerj Antonio Celso Pereira (gestão 1996-2000) destacou que a gestão do professor Ivo Barbieri representou um legado fundamental para a Universidade e para as administrações subsequentes. Ele ressaltou que, quando Ivo Barbieri assumiu, a Uerj ainda funcionava como um conjunto de faculdades pouco integradas, com forte atuação na graduação, porém carente de programas de pós-graduação. “Foi o professor Ivo Barbieri, em colaboração com o então pró-reitor Reinaldo Guimarães, quem implantou a pós-graduação. Esse trabalho, continuado por gestões sucessivas, consolidou a Universidade como uma grande instituição voltada para atender não apenas o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil, tendo a administração do professor Ivo como marco inicial dessa trajetória de sucesso”, observou.
Outro ex-reitor presente ao evento, Nival Nunes de Almeida (gestão 2004-2008) salientou que Barbieri promoveu avanços significativos, especialmente no fortalecimento da pós-graduação, não apenas criando programas stricto sensu, mas incentivando ativamente os professores a realizar mestrados e doutorados. “Essa política foi fundamental para desenvolver massa crítica e estabelecer os primeiros cursos de pós-graduação na Universidade, constituindo o principal legado da gestão Barbieri para a Uerj”, lembrou.
Já o ex-reitor Ricardo Lodi (gestão 2020-2022) expressou sua satisfação em participar da homenagem. Para ele, trata-se de uma reverência amplamente merecida pelo notável impacto do trabalho de Barbieri na Uerj. “Como estudante de graduação durante a reitoria de Barbieri, testemunhei as transformações fundamentais promovidas em sua gestão, particularmente no fortalecimento da pesquisa e na expansão dos cursos de pós-graduação, legados que beneficiaram todas as administrações subsequentes”, concluiu.
Importância da memória institucional
Ana Paula Ribeiro, diretora do CTE, agradeceu ao professor Barbieri por sua gentileza e participação no projeto. Ela ressaltou que essa iniciativa foi impulsionada pelas discussões promovidas pelo Centro sobre a preservação da memória audiovisual e a exploração de novas formas de linguagem e expressão. “O documentário só foi possível graças ao reconhecimento da importância da memória institucional, ao trabalho coletivo de diversas equipes, ao apoio do professor Ivo e à colaboração da Reitoria, das Pró-reitorias e das diretorias de Centro”, ressaltou.
Uma vida dedicada às letras
Gaúcho de Farroupilha, Ivo Barbieri chegou ao Rio de Janeiro em 1962 e dedicou sua vida à educação e à literatura. Professor emérito da Uerj, ele foi preso e torturado durante o regime militar, mas nunca abandonou sua militância por uma universidade pública e de qualidade. Sua gestão como reitor (1988-1992) foi marcada pela modernização administrativa, valorização da pesquisa e fortalecimento do ensino superior.
O documentário percorre sua trajetória da infância em uma colônia italiana no Rio Grande do Sul à Reitoria da Uerj, revelando histórias de resistência, como sua prisão pela ditadura militar em 1970, e de conquistas, como a implantação de políticas de pós-graduação e a expansão do acervo bibliográfico da Uerj. Com lançamento previsto para setembro, o filme também aborda sua paixão pela literatura, especialmente por Machado de Assis, tema de seu livro mais recente, “Um leitor ruminante: ensaios machadianos”.
Fotos: George Magaraia
