Pesquisadores da UERJ monitoram óleo em Abrolhos

04/11/201915:46

Diretoria de Comunicação da Uerj

Os equipamentos que a UERJ tem instalados no fundo do mar no Parque Nacional de Abrolhos, no sul da Bahia, vão permitir o monitoramento do óleo que chegou ao arquipélago. O material que está contaminando outras praias do Nordeste desde o início de setembro foi detectado no local no último sábado. Na próxima semana, uma equipe liderada pelo biólogo Eduardo Sodré, pós-doutor em geociências, que atua no Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (LARAMG) do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (IBRAG), vai instalar uma nova armadilha de captura de sedimentos no fundo do mar, desta vez uma eletrônica, programada para fazer capturas de 15 em 15 dias, orçada em R$100 mil. “Este equipamento é programável por seis meses. Após este período, será retirado para coleta do material, manutenção e reprogramação”, explica Sodré.

A instalação do equipamento já estava previsto, mas agora ele irá colher amostras de água para comparar com os resultados das coletas que foram feitas anteriormente à chegada do vazamento. “Com o monitoramento que fazemos na região será possível comparar dados de antes e depois da chegada do óleo”, disse o professor Heitor Evangelista, líder da equipe de pesquisadores que  monitora o impacto dos rejeitos da Samarco desde o início da chegada dos rejeitos ao mar, em 2015.

Ele comprovou que os corais sofreram impactos significativos decorrentes da contaminação da mineradora. Agora os cientistas também vão pesquisar os possíveis impactos que forem gerados pelo óleo. “A gente não podia imaginar que um acidente deste ia acontecer. Mas aconteceu e agora as armadilhas serão usadas também para monitorar os impactos do óleo. Além da água vamos monitorar o tecido dos corais. No acidente da Samarco investigamos o esqueleto. Desta vez vamos pesquisar amostras de tecido”, explica o cientista que pesquisa o arquipélago desde 2005.

A equipe desenvolveu no primeiro semestre de 2018 uma armadilha de sedimentos, mecânica, específica para a região estudada. Seis foram instaladas em Abrolhos. A primeira coleta de material só deve acontecer em dezembro. “Vamos fazer manutenção na próxima semana, instalar a sétima armadilha e esperar mais um pouco para podemos recolher o sedimento. Não sabemos o que pode ir para o fundo do mar com a chegada do óleo”, explica.

História – Após o rompimento da barragem de Fundão, no município de Mariana (MG) em 2015, os resíduos do beneficiamento de minério se espalharam rapidamente pelo Rio Doce e, em seguida, começaram a atingir a região costeira, chegando ao arquipélago. A UERJ integra a rede Rio Doce Mar, que tem por objetivo monitorar os impactos dos rejeitos ao logo do rio e no mar. O professor Heitor revela que R$1,6 milhão estão sendo investidos pela Fundação Renova na pesquisa, por meio do pagamento de multas ambientais. A fundação é a entidade responsável pela mobilização para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem. Esta pesquisa também é coordenada pelo professor Cláudio Valeriano, da Faculdade de Geologia. Ao todo 18 bolsistas de graduação, mestrado e doutorado, das Faculdades de Oceanografia e Geologia e do Instituto de Biologia, trabalham para identificar os danos. Durante 30 meses, a cada 45 dias, uma missão de pesquisadores colhe o material que fica depositado nos seis exemplares do equipamento.

Resultado – No final de 2018, em um relatório de quase 50 páginas, os pesquisadores apresentaram análises detalhadas sobre a presença de metais nos corais, demonstrando notória incorporação de zinco e cobre, entre outros elementos.