Pela primeira vez, faculdades de Direito e de Comunicação Social serão comandadas por mulheres

09/12/201912:04

Diretoria de Comunicação da Uerj

Nas últimas eleições gerais da UERJ, realizadas na primeira semana de novembro, 16 mulheres foram vencedoras. Destas, duas serão pioneiras. A professora Heloisa Helena Barboza é a primeira mulher a ser eleita para dirigir a Faculdade de Direito, em 85 anos de história. Na Faculdade de Comunicação, a escolhida foi a professora Patrícia Sobral de Miranda.“A UERJ tomou conta da minha vida. Não tem nenhuma dimensão da minha vida em que as pessoas não saibam que eu sou daqui”, revela a jornalista.

Apesar de ter predominância de mulheres, a Faculdade de Comunicação Social (FCS) terá, após 33 anos de existência, sua primeira diretora. Miranda é graduada em Jornalismo pela PUC-RJ, mestre em Jornalismo pela School of Journalism da Southern Illinois University, Carbondale – EUA, e doutora em Literatura Comparada pela Faculdade de Letras da UFRJ. Apesar de pouco tempo de casa, onde leciona desde 2013, considera-se inteiramente uerjiana.

Já havia sido professora da PUC-Rio por 14 anos, mas foi aqui, nesta universidade pública pioneira na implantação da política de cotas, que me constituí gente. Aqui experimentei a diversidade, atravessei as inúmeras fronteiras reais e simbólicas da cidade, conheci o afeto que ultrapassa as diferenças, o amor por filhos alheios cujas mães sequer conhecia. Aqui aprendi a ser mulher, cidadã, educadora”, explica

Pat, como é chamada no 10º andar, está ciente das dificuldades que vai enfrentar. “Embora a UERJ seja construída por muitas mulheres, em vários cargos de chefia inclusive, o machismo é estrutural: o papel de uma mulher que está chegando, o papel de protagonismo que tem o poder de conduzir as coisas, incomoda muitos homens. Eles não estão acostumados a serem conduzidos”.

A mesma consciência sobre seu papel faz parte das expectativas da também pioneira Heloisa. “Eu tenho consciência da representatividade deste cargo. Sou mulher, idosa, com atividade intelectual plena, professora numa universidade como esta. Eu tenho clareza do lugar que vou ocupar”, revela a professora, pesquisadora e advogada de 71 anos. Ela é doutora em Direito pela UERJ, em Ciências pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca – ENSP/FIOCRUZ e procuradora de Justiça aposentada. A primeira diretora do Direito diz que vai encarar os próximos quatro anos como uma missão. “A bagagem que eu tenho preciso transmitir. Não só do Direito, mas também de vida”, falou.

Pesquisadora na área de Direito, com ênfase em Direito Civil e Biodireito, ela está acostumada a temas inovadores e até polêmicos. Na área da Bioética, vem atuando principalmente nos seguintes temas: direito civil, família, sucessões, reprodução assistida, sexualidade, homossexualidade, transexualidade e repercussões da biotecnologia na vida humana.

História – Apesar de UERJ estar iniciando o ano comemorativo dos 70 anos, a Faculdade de Direito é mais antiga. Teve sua origem em janeiro de 1935, no Rio de Janeiro, então capital federal. Um grupo de magistrados fundava uma nova escola de Direito no país, a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, um projeto de escola moderna, cientificista, plural, democrática, mais brasileira e, principalmente, autônoma, livre das amarras do poder vigente. Tempos depois, o curso foi incorporado à Universidade do Distrito Federal e em seguida à UEG (Universidade do Estado da Guanabara), que, com a mudança do Distrito Federal pra Brasília, deu origem à UERJ.