Maria Teresa Toríbio, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, recebe título de Professora Emérita da Uerj

17/04/202516:42

Diretoria de Comunicação da Uerj
Maria Teresa recebeu a titulação do reitor em exercício Bruno Deusdará

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) homenageou Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos, docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), com o título de Professora Emérita, em cerimônia na Capela Ecumênica do campus Maracanã nesta quarta-feira (16). A honraria é atribuída aos docentes aposentados após, no mínimo, 20 anos de serviços prestados à instituição e que tenham se destacado, de forma excepcional, pela dedicação ao magistério.

O reitor em exercício da Uerj, Bruno Deusdará, abriu a mesa enaltecendo a trajetória da professora por sua dedicação à pesquisa científica e à articulação institucional, sua condução dos grupos de pesquisa, o empenho na consolidação do Núcleo de Estudos das Américas (Nucleas) da Uerj e a formação de quadros por muitas gerações na Universidade. “Essa cerimônia mostra que Maria Teresa tem hoje o reconhecimento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e entra mais uma vez para a nossa história, agora de maneira definitiva, como professora emérita, por tudo o que expressa a sua trajetória”, frisou.

Professor Paulo Roberto Gomes Seda

Amigo da homenageada, Paulo Roberto Gomes Seda, chefe do Departamento de Arqueologia da Universidade, destacou o protagonismo da professora Maria Teresa em estudos sobre a temática latino-americana e a participação em vários colóquios, fóruns regionais e congressos nacionais e internacionais voltados ao tema. “Ela conseguiu, por meio de inúmeras atividades, projeção nacional e internacional, sobretudo na América Latina. As citações, porém, seriam intermináveis, pois sua produção continua. A professora Teresa segue ministrando aulas na graduação e na pós. Maria Teresa se destaca por seu dinamismo, otimismo, espírito crítico, por sua cultura geral e por estar sempre pronta a estender a mão a alunos, orientandos e colegas”, salientou.

A professora agradeceu pelo acolhimento recebido na Uerj e pela oportunidade de exercer sua profissão para além dos espaços acadêmicos. Emocionada, contou passagens de sua vida dentro e fora da Universidade. Filha de pais operários que não queriam os filhos envolvidos com questões políticas, ela observou que foi a única a destoar, seguindo uma trajetória de vida marcada pelo engajamento político e social, o que lhe rendeu uma ficha policial nos anos da ditadura militar.

Maria Teresa e Bruno Deusdará com participantes da mesa solene

Maria Teresa comparou a Uerj ao espaço mágico de Macondo – a cidade fictícia do livro “Cem anos de solidão”, de Gabriel García Márquez. “Aqui tudo acontece. Aqui vivemos o realismo fantástico de sermos latino-americanos. Aqui vivemos, sobrevivemos e deixamos de ser fantasmas e invisíveis. É o espaço da modernidade de Melquíades [personagem do livro de García Márquez], o cigano visionário, o inventor, e é o lugar dos intelectuais e cientistas. É o espaço da multiculturalidade, desde as pesquisas culturais aos avanços científicos. Na Uerj somos cidadãos reais, fortes, profissionais e respeitados”, ressaltou.

“E agora vou descansar vocês. Inspirada em Pablo Neruda, ‘confesso que vivi’. E concluo com García Márquez, que escreveu: ‘A vida não é o que a gente viveu e sim o que a gente recorda – e como recorda – para contá-la’”, finalizou.

Uma das responsáveis pela implementação do curso de Arqueologia na Uerj

Maria Teresa Toríbio Brittes Lemos é professora titular aposentada do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Graduada em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado em História das Américas pela Universidade Federal Fluminense e doutorado em Filosofia pela Universidade Gama Filho, ela ingressou na Uerj por concurso público em 1984.

Nos anos 1990, atuou como coordenadora de Relações Internacionais e também como diretora e coordenadora de Convênios Internacionais da Uerj, representando a Universidade em diversos eventos no Brasil e no exterior. Em 2004, criou o Núcleo de Estudos das Américas (Nucleas) da Uerj, ainda hoje coordenado por ela, congregando pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e promovendo estudos e encontros de repercussão nacional e internacional.

Na Universidade, a professora Maria Teresa foi uma das principais incentivadoras da implementação do curso e do Departamento de Arqueologia, tema com o qual trabalhou no início da carreira e nos anos 2000, em pesquisas de campo com a etnia Pataxó, no sul da Bahia, e entre comunidades caboclas de Belém do Pará.

Bastante atuante em sua produção, publicou inúmeros artigos e livros, com destaque para a obra “Corpo calado”. Também presidiu a Sociedad Latinoamericana de Estudios sobre América Latina y el Caribe (Solar); lecionou e atuou como pesquisadora nas Universidades de Varsóvia, Nacional de Costa Rica, de Monterrey, e de Taiwan; criou a Revista Latinidade, por meio do Núcleo de Estudos das Américas (Nucleas) da Uerj; e, desde 2000, é editora da Revista Cesla, publicada anualmente em Varsóvia (Polônia).

 

Fotos: Thiago Facina