Limpa, renovável e em expansão, energia solar é tema de livro escrito por professor do Instituto de Biologia da Uerj

27/08/202117:27

Diretoria de Comunicação da Uerj

 

Em tempos de mudanças climáticas, crise hídrica e bandeiras tarifárias vermelhas empurrando para cima as contas de luz no país – nos últimos 12 meses, a tarifa média de energia subiu 20% para os brasileiros -, refletir sobre a importância do uso de novas fontes de energia limpa tem sido cada vez mais necessário. O assunto é tema do livro “A Evolução da Energia Solar na Matriz Elétrica Brasileira: Perspectivas de Implementação e Impacto Positivo na Sustentabilidade”, do professor Carlos Frederico Duarte da Rocha, do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (Ibrag) da Uerj, em parceria com Filipe Gabriel Neves, biólogo formado pela Universidade e consultor de empresas de energia solar fotovoltaica.

Na obra, publicada pela Editora Appris, os especialistas mostram que a evolução da matriz energética brasileira, que engloba a matriz de energia elétrica, foi construída sobre fontes não limpas, como combustíveis fósseis e termelétricas, desde o chamado “milagre brasileiro”, no início dos anos 1970. No entanto, o uso desses recursos têm impacto significativo, em termos de poluição e emissão de gases do efeito estufa. O texto alerta sobre a necessidade da inserção em grande escala, no Brasil, de fontes energéticas mais limpas, como a solar e a eólica. 

A favor desse diagnóstico, há a grande vocação nacional em recursos ambientais para estabelecer uma ampla mudança, que pode resultar na conservação de ambientes, por um lado, e na geração de milhões de empregos, por outro. Os autores destacam que a energia solar no Brasil consegue se enquadrar nos três pilares do conceito de sustentabilidade: ambiental, econômico e social.

Vantagens brasileiras 

A geração de energia a partir da captação de luz solar e da força dos ventos é capaz de reduzir drasticamente as emissões dos gases do efeito estufa, impactando muito menos o ambiente e promovendo maior sustentabilidade em escala local e global, frente às fontes tradicionais e mais poluentes. Por sua localização geográfica no planeta, o Brasil tem um grande potencial de uso da energia solar. Além disso, possui um diferencial competitivo: capacidade para estabelecer toda a cadeia necessária à produção dos equipamentos de geração de energia solar, tanto no nível industrial quanto no nível domiciliar. 

O professor Carlos Frederico Rocha destaca que “uma das principais vantagens econômicas dessa fonte é a possibilidade de geração própria de energia por qualquer cidadão, por meio da modalidade distribuída. Ela oferece ao consumidor uma economia de até 95% nas contas de luz e, sobretudo, é uma fonte da matriz elétrica mais limpa”. 

A evolução e o crescimento da energia solar no Brasil já vêm sendo notados e acenam positivamente ao mercado, para a adoção em larga escala dessa tecnologia. “O acordo de Paris, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 21), em 2015, foi um marco da preocupação com o desenvolvimento sustentável. Naquele ano, a fonte solar sequer aparecia nos principais balanços de energia do Brasil. Mas, em 2016, ela representou 0,01% da nossa matriz elétrica. Embora o número pareça pequeno, foi muito significativo pois, pela primeira vez, a planta solar foi mencionada de forma mais enfática nos balanços energéticos nacionais”, acentua Filipe Gabriel Neves. 

Os indicadores de crescimento exponencial da energia solar se comprovaram quando, em 2019, essa fonte já representava 1% do total da matriz elétrica, ou seja, em termos percentuais, sua participação aumentou em 100 vezes no período de três anos. 

Sob o prisma da sustentabilidade, as vantagens e o potencial das fontes de energia limpas e renováveis se destacam. Basta olhar para os impactos ambientais negativos provocados pela construção e operação das hidro e termelétricas.

“O segmento energético foi responsável por mais de 30% dos danos ambientais em 2015. E desse total, só o setor elétrico foi responsável por 18%. Então, a geração de eletricidade sozinha correspondeu a, aproximadamente, 6% do total de emissões líquidas de gases de efeito estufa no Brasil. Se a gente conseguir anular ou mitigar esse número, vai ser muito significativo”, enfatiza Neves. 

De acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o Brasil terá, em 2027, cerca de 3% de sua geração de energia elétrica oriundos da fonte solar fotovoltaica. Para Neves, “esses números talvez sejam até ultrapassados, porque a tendência de crescimento é muito grande”. Com estimativas futuras promissoras, acredita-se que uma mudança na atual matriz energética nacional possa, além de se contrapor aos riscos das mudanças climáticas globais, também resultar em uma ampla vantagem na economia.

Para mais detalhes e vídeos sobre o conteúdo do livro, acesse o canal Ecophilip Solar Energy

Confira também a entrevista do professor Carlos Frederico Duarte da Rocha à Rádio Uerj.