Diretoria de Comunicação da Uerj
Quatro subprojetos da Uerj foram contemplados na última edição do edital Pró-infra da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), possibilitando a captação de R$ 18,76 milhões para a aquisição de equipamentos de alta performance, de médio e grande porte (valor unitário acima de R$ 500 mil), similares aos existentes nos grandes centros de pesquisa. Majoritariamente importados e destinados ao uso compartilhado por diferentes laboratórios, eles permitirão o incremento qualitativo da produção científica da Universidade, impulsionando programas de pós-graduação e a formação de recursos humanos.
A proposta institucional “Modernização da infraestrutura de pesquisa e inovação da Uerj: expansão e consolidação” foi elaborada pelos coordenadores dos subprojetos e gerenciada por uma equipe da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PR2), composta por Maria del Carmen Fernandez Corrales, Juliana Alves e Diego Nascimento de Jesus. O resultado final da avaliação de mérito foi divulgado no dia 6 de dezembro. Conheça, a seguir, os laboratórios da Uerj vencedores do edital.
Estudos geológicos
Coordenado por Monica Heilbron, da Faculdade de Geologia (FGel), o subprojeto “Isótopos radiogênicos e não convencionais no Sistema Terra-Vida: expansão das aplicações do Lagir” visa modernizar a capacidade analítica do Laboratório de Geocronologia e Isótopos Radiogênicos (Lagir). Reconhecido internacionalmente por sua excelência, também é vinculado ao Instituto GeoAtlântico, uma rede formada por 13 universidades brasileiras, colaboradores estrangeiros e parceiros na indústria. “O Lagir ocupa um lugar central nessa rede, sendo um núcleo de multiplicação de pesquisa, no Brasil e no exterior. E, com certeza, o fato de ser um laboratório tão longevo e multiusuário, foi um dos pontos importantes para a aprovação no edital da Finep”, argumenta Monica.
Desde a fundação, há 20 anos, o laboratório realiza análises isotópicas de rochas. “Ao longo do tempo, diversificamos nossas pesquisas, trabalhando com solos, poeira mineral do ar, dentes humanos, oriundos de material arqueológico, e madeiras de construções históricas. Também abordamos outras temáticas, como Biologia, Paleontologia, mudanças climáticas, meio ambiente, mobilidade humana, mobilidade animal, lidando com fósseis de mamíferos no Pleistoceno, entre outras”, aponta o professor Claudio de Morisson Valeriano, coordenador do laboratório. “O Lagir, portanto, começou suas atividades com uma aplicação estritamente geológica, desenvolvendo estudos sobre a evolução da crosta terrestre, e agora conta com um leque de atuação bastante multidisciplinar”, acrescenta.
Com os recursos do edital (R$ 7,4 milhões), serão adquiridos um espectrômetro de massa multicoletor Neoma, equipamento de última geração, ainda não montado no país, um Laser Ablation System Iridia, um triturador de mandíbulas e um moinho de disco. “Esse novo módulo permite a análise de soluções líquidas e amostras sólidas, determinando diversos minerais, como zircão e apatita, importantes para entendermos a evolução do nosso planeta e como os primeiros continentes se formaram. Também pode ser aplicado para a Geologia Econômica (mineração), Oceanografia, Geografia, entre outras áreas”, diz Henrique Bruno, vice-coordenador do Lagir.
Estudos biomédicos
O subprojeto “LFCM-ObeCan – Avanço dos estudos em inflamação, obesidade e câncer na Uerj: explorando alvos terapêuticos” prevê a aquisição de dois equipamentos essenciais para a compreensão de processos inflamatórios, obesidade e câncer, decifrando os mecanismos que conectam essas três enfermidades ao nível celular e molecular.
“O primeiro deles, chamado CytoFlex, um citômetro de fluxo, é utilizado para identificar células dispersas em um pool, um conjunto de outras células, a partir de marcadores próprios. Essa técnica possibilita, inclusive, o diagnóstico de doenças. Podemos, por exemplo, adicionar anticorpos específicos a uma amostra de sangue e, então, separar os diferentes tipos de células, inclusive tumorais. É um equipamento moderno, que vai substituir nosso citômetro anterior e ampliar o alcance da nossa pesquisa na área Biomédica, em especial no campo da Saúde Pública”, explica Thereza Christina Barja Fidalgo, coordenadora do projeto e do Laboratório de Farmacologia Celular e Molecular (LFCM), do Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes (Ibrag) da Uerj.
Também será adquirido o microscópio de alta resolução Eclipse Ti2E, modelo motorizado que fornece imagens muito precisas. O subprojeto foi aprovado integralmente pela Finep, com a liberação de R$ 1,47 milhão para a compra dos equipamentos solicitados.
Atualmente com 23 integrantes, a equipe do laboratório, inaugurado em 1992, analisa culturas de células e propõe investigar a influência da dieta alimentar na regulação de processos metabólicos e inflamatórios. Segundo a professora, as pesquisas desenvolvidas podem ter impactos positivos na saúde e na qualidade de vida da população, orientando políticas públicas e ajudando a prevenção de doenças crônicas. Além disso, espera-se um aumento do número de artigos publicados pelo grupo em revistas científicas relevantes.
Estudos químicos e ambientais
O subprojeto “PAI_Uerj – Expansão da Infraestrutura para Pesquisa Ambiental Integrada”, coordenado pelo professor Aderval Severino Luna, do Instituto de Química, busca expandir a capacidade analítica do Laboratório de Espectrometria Atômica, Molecular e Métodos de Separação (Leams), do Laboratório de Cinética e Catálise (LCC), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, e do Laboratório de Geografia Física (Lagefis), vinculado ao Programa de Pós-graduação em Geografia.
Serão realizadas pesquisas de forma compartilhada, visando solucionar desafios na área ambiental, com ênfase na caracterização, remediação, fertilidade e estabilização de solos, na cobertura vegetal, na análise de sedimentos, recursos hídricos, águas pluviais e residuárias e das interfaces sedimento-água.
Com os R$ 3,37 milhões oferecidos pela Finep, serão adquiridos, entre outros equipamentos, um espectrômetro de massa com plasma indutivamente acoplado. “Ele serve para a determinação de qualquer elemento químico estável da tabela periódica, seja ele majoritário, traço e ultratraço, ou seja, é capaz de fornecer dados precisos mesmo em contrações muito baixas em vários tipos de amostra. É o instrumento de maior sensibilidade disponível no campo da espectrometria atômica”, explica Luna.
Estudos radiológicos
Já o subprojeto “CaFeiCli – Laboratório de Calibração de Feixes Clínicos de Fótons, usados no Tratamento do Câncer”, coordenado pelo professor Luis Alexandre Gonçalves Magalhães, do Ibrag, foi contemplado com R$ 6,5 milhões em recursos. Esse repasse possibilitará a aquisição de equipamentos de alto custo e precisão, que fortalecerão a infraestrutura do Laboratório de Ciências Radiológicas (LCR) da Uerj, referência nacional no estudo das radiações ionizantes. Por meio de parcerias com instituições de pesquisa e empresas, o LCR desenvolve e aprimora tecnologias e metodologias relacionadas à radiologia, contribuindo para a inovação e o desenvolvimento tecnológico do país.
Criado em 1993, o laboratório lidera diversas pesquisas na área da saúde, na qual esses tipos de radiação têm larga aplicação no diagnóstico e tratamento de doenças. Além das atividades acadêmicas, o LCR ampliou sua atuação, atendendo a demandas de entidades médicas, órgãos de saúde e indústrias do estado do Rio de Janeiro.
Outros editais Finep
Além do Pró-Infra, também foram aprovadas as propostas submetidas pela Uerj aos editais Finep “Centros Temáticos” (R$ 12,2 milhões); “Recuperação de Equipamentos” (R$ 8,2 milhões); e “Acervos” (R$ 1,7 milhões). Somados aos valores contemplados no Pró-infra, foram obtidos quase R$ 42 milhões na Finep, graças ao trabalho dos pesquisadores da Universidade.