Laboratório de Engenharia e Gestão em Saúde aponta aumento da mortalidade por Covid-19 na cidade do Rio

20/05/202012:54

Diretoria de Comunicação da Uerj

Professores e estudantes do Departamento de Engenharia de Produção da Uerj têm buscado interpretar constantemente os números da Covid-19. O objetivo é oferecer ferramentas tanto para o poder público tomar decisões quanto para a população em geral compreender o avanço da doença. Os pesquisadores fazem parte do Laboratório de Engenharia e Gestão em Saúde (Legos), uma Unidade de Desenvolvimento Tecnológico criada em parceria com o Departamento de Inovação da Universidade (InovUerj) em 2016.

“Promovemos uma maior aproximação entre alunos, pesquisadores, docentes da Engenharia e áreas correlatas e as Unidades de Saúde. Atuando na tríade ensino, pesquisa e extensão, o Legos visa desenvolver conhecimento sobre as Unidades de Saúde para subsidiar a formulação de soluções de projeto e gestão que promovam melhorias no âmbito do SUS e do sistema suplementar”, afirma a coordenadora Thaís Spiegel. Com a chegada da pandemia ao país, seis integrantes da equipe concentraram seus olhares sobre os impactos do novo coronavírus.

O trabalho funciona em duas frentes: uma qualitativa, que trata das alterações nas cadeias de suprimentos, e uma quantitativa, que tem o intuito de analisar e construir modelos de previsão acerca dos pacientes contaminados. “No âmbito quantitativo estamos conduzindo o trabalho a partir de três abordagens, com propósitos diferentes”, explica a doutoranda Ana Carolina Vasconcelos.

De acordo com a pesquisadora, a primeira abordagem utiliza o total de casos observados até o momento e faz projeções de curto prazo. “Presumimos que o comportamento da curva de registros de casos não apresentará uma mudança drástica e utilizamos modelos matemáticos de previsão por séries temporais para estimar os parâmetros que a descrevem”, esclarece. A segunda proposta faz algo parecido, mas utilizando dados referentes a outros países que estão mais dias à frente na pandemia. A partir deles, inferem-se padrões estatísticos que podem ser esperados em um horizonte de médio prazo no Brasil.

“A equipe está concentrando esforços em compreender o comportamento da doença em países com mais tempo de contaminação para avaliar quais fatores influenciam o comportamento das curvas e como poderemos tomar medidas mais assertivas no Rio de Janeiro e também no contexto do país, apesar das particularidades regionais observadas”, acrescenta o doutorando Daniel Bouzon.

Análise da pandemia na cidade do Rio de Janeiro

A terceira abordagem envolve a análise estatística descritiva dos dados relativos aos casos confirmados e suspeitos no Município do Rio de Janeiro, detalhando informações como: evolução dos casos, tempo entre o início dos sintomas e a notificação pela unidade, número de infectados notificados por unidade de saúde, frequência de sintomas, incidência por faixa etária e gênero, além de tipo de tratamento (hospitalização ou UTI).

No estudo mais recente, que levou em conta dados do Painel Rio Covid-19 até 11 de maio, percebeu-se um crescimento exponencial do número de casos, alcançando mais de 10 mil infectados, mas com um achatamento da curva nos últimos dias. No entanto, segundo os pesquisadores do Legos, este achatamento ainda não indica uma melhora no quadro da pandemia no município, devido às subnotificações. As análises mostram também que o aumento no número de casos hoje irá impactar os indicadores de mortalidade em, aproximadamente, 15 dias.

Leia na íntegra as notas técnicas do Legos e acompanhe pelo Instagram vídeos explicativos sobre os métodos utilizados.