Diretoria de Comunicação da Uerj

Um espaço de escuta, acolhimento, troca de vivências e apoio mútuo para as mães universitárias. Assim é o “Aldeia: cuidado e acolhimento materno na Uerj”, grupo organizado pelo Departamento de Acolhida, Saúde Psicossocial e Bem-estar (Daspb), vinculado à Pró-reitoria de Políticas e Assistência Estudantis (PR4), que promove encontros mensais com as estudantes no campus Maracanã.
A iniciativa integra o projeto “Acesso e permanência de mães na Universidade”, aprovado no Programa de Incentivo às Atividades Técnico-Administrativas (Protec) desde dezembro de 2022. Com o objetivo de garantir a permanência qualificada das estudantes mães de graduação e pós-graduação, o Aldeia identifica as demandas específicas dessas mulheres e oferece um encontro interdisciplinar de acolhimento e assistência, fomentando a criação de redes de apoio internas e externas.
À frente da coordenação do projeto, a psicóloga Aline Passeri Dias conta que o grupo surgiu a partir dos relatos das estudantes que chegavam ao departamento, indicando a necessidade de ações de cuidados e promoção de saúde mental destinadas a esse público vulnerável.
“Pesquisas recentes mostram a desigualdade de gênero presente nas tarefas de cuidado, na inserção e permanência no mercado de trabalho e no ensino superior. As falas das mulheres corroboram sua vulnerabilidade no que diz respeito às queixas como o sentimento de solidão e de não pertencimento à Universidade; dificuldades em conciliar o curso e os cuidados com os filhos; desigualdade na divisão de tarefas; falta de rede de apoio; sobrecarga materna e carga mental; sentimento de culpa e necessidade de maior apoio institucional para estudantes mães”, pontua a também coordenadora do Aldeia.
O maternar na vida acadêmica
Desde a sua criação, em abril de 2023, o Aldeia já promoveu 17 encontros, além de duas confraternizações de fim de ano, reunindo mais de 70 participantes. Cláudia Fernandes, estudante do 3º período de Pedagogia, frequenta o grupo há mais de um ano, quando ainda estava grávida de Daniel, seu filho caçula. Ela conheceu o projeto por meio da Semana de Acolhimento de Pedagogia e já trouxe duas colegas para os encontros mensais do grupo, elogiado pela futura pedagoga. “O Aldeia é um espaço muito rico de acolhimento e de escuta, de compartilhamento de nossos desafios e também alegrias. Hoje falamos sobre ‘rede de apoio’ e pude citar a ajuda de outras mães que se prontificaram a cuidar do meu bebê para que eu pudesse fazer uma prova. Laços como esse são construídos graças ao grupo”, destaca a cuiabana de 38 anos.

Cláudia reconhece a dificuldade de conciliar a maternidade com a vida acadêmica, mas deixa uma mensagem às mães que ainda não conhecem o espaço. “Esforcem-se como puderem para participar em algum momento. O grupo nos ajuda a ter a vivência do que passamos durante a graduação. Outras mães dividem experiências semelhantes. Vemos como os desfechos das histórias delas podem trazer insights para lidarmos com situações que estejam ocorrendo conosco. Quem ainda não conhece o Aldeia vai gostar bastante das reuniões, que contribuirão com suas carreiras acadêmicas no maternar universitário”, diz a estudante, também mãe de Laura, de cinco anos.
Atividades para mães e crianças no mesmo ambiente
As participantes encontram no grupo um ambiente seguro para o debate de questões estruturais, como a desigualdade de gênero, evitando explicações individualizantes e que não levem em conta atravessamentos raciais, sociais e culturais presentes, segundo a coordenadora Aline Dias.
Também estão presentes na equipe a assistente social Tatiane Tavares da Silva, a psicóloga Cíntia Moreira de Souza e a assistente administrativa Fabiana Maia, do Departamento de Desenvolvimento Acadêmico e Projetos de Inovação (Dapi). Duas profissionais da equipe desempenham o papel de facilitadoras e orientam as discussões, enquanto outra profissional auxilia na brinquedoteca. As funções são alternadas a cada grupo, possibilitando um rodízio entre as vivências e trocas com alunas e crianças.

A pequena Marjorie, de apenas seis meses, acompanhou a mãe, Ericka Prado, pela primeira vez no Aldeia. A estudante do primeiro período de Filosofia frequenta o grupo desde o começo de 2025. “Comecei a graduação neste ano e, no meu primeiro dia de aula, estava em pleno puerpério. A Marjorie nasceu em fevereiro e as aulas começaram em março. No início do ano letivo teve o encontro para o qual eu vim também pela primeira vez, então foi muito simbólico. Minha filha interagiu e brincou bastante na brinquedoteca”, disse a aluna de 20 anos.
Além do espaço lúdico destinado às crianças, são realizadas com as mães dinâmicas de grupo, técnicas de relaxamento, leitura de poemas e textos, exibição de trechos de filmes e músicas que tratem de temáticas que atravessam as questões da maternidade e da vida acadêmica.
O Aldeia ocorre mensalmente, em datas divulgadas com antecedência na página do Instagram do Daspb. O próximo encontro será no dia 20 de agosto, às 14h, no Núcleo de Memória Audiovisual (Numa) da Uerj, bloco C, 2º andar do campus Maracanã. O evento é aberto para as mães que estejam cursando graduação ou pós-graduação na Universidade, sem necessidade de inscrição prévia. As interessadas deverão preencher um formulário com algumas informações, incluindo o número da matrícula para comprovar estudo na instituição. Ao final de cada encontro, as mães universitárias recebem ainda um certificado de participação.
Fotos: George Magaraia