Diretoria de Comunicação da Uerj
O ritmo compreende diversificados aspectos corporais, linguísticos e culturais. Com o intuito de provocar reflexões sobre os compassos que devemos seguir ou romper no decorrer desse processo, a Uerj inaugurou, na última quinta-feira (10), na Galeria Candido Portinari, a exposição “Arritmias”. Organizada pelo Departamento Cultural (Decult) e pela Coordenadoria de Exposições (Coexpa), a mostra gratuita está disponível para visitação até o dia 6 de dezembro, das 10h às 19h.
Com curadoria de Analu Cunha, Ana Tereza Prado Lopes, Gustavo Barreto e Marisa Flórido, “Arritmias” faz referência aos ritmos do corpo, à cadência do andar, na medida dos passos e da respiração; o ritmo itinerante em consonância ou desacordo com outros movimentos regulares e periódicos, conforme contextualiza a crítica de arte e curadora Marisa Flórido. “Quando falamos em ritmo, pensamos em sua regulação, mas todo ritmo traz uma disrupção intrínseca. Um exemplo mais simples é a criança que anda ao lado da mãe, a acompanhando. Logo, ela se submete ao ritmo da mãe. Sob ótica amplificada, precisamos pensar em qual velocidade a gente vive. Vivemos o imediatismo impulsivo das redes sociais, orientadas pelo ritmo do código binário. A qual tipo de servidão o universo digital nos coloca? O que ganhamos e o que perdemos com isso?”, questiona.
Dentre os 15 artistas participantes estão Alexandre Paes, Analu Cunha, Amador e Jr., Chang Chi Chai, Darks Miranda, Floriano Romano, Gabriela Machado, Gabriela Mureb, Ismael David, Kátia Maciel, Lin Lima, Martha Niklaus, Mayana Redin, Natália Quinderé e Roberta Paiva.
Em suas obras constam diversificados materiais como vídeos, lápis, cerâmicas, laptop, sapatos, motor vibratório de celular, cordas, minicaravelas de madeira e até cadernos e sementes; esses dois presentes na obra do artista plástico e professor Alexandre Paes. “Estudantes do Ensino Fundamental cederam seus cadernos, que, perfurados e implantados com sementes, representam ‘Culturas improváveis’. Cultivo e cultura são palavras do mesmo etno. Ambas precisam ser regadas todos os dias. Há o tempo da colheita em que o artista faz alusão metafórica com o cultivo da aprendizagem e do saber”, detalha Marisa.
Pluraridade de linguagem artística na mostra
Na visão da curadora e professora do Instituto de Artes (IART) da Uerj, Ana Tereza Prado Lopes, a mostra “Arritmias” representa uma colaboração com diferentes propostas artísticas e linguagens. “A artista Kátia Maciel criou um vídeo que representa as árvores como pulmões do mundo. Ela enfatiza essa ideia em close da imagem expandida, como se fossem os órgãos em movimentos de inspiração e expiração”, descreve Ana.
A estudante de História da Arte, Vânia Caroline Saraiva, esteve na inauguração e afirma enxergar toda a pluralidade da linguagem artística na exposição, desde estruturas espiralares a não convencionais, como cadernos e sapatos utilizados nas intervenções. No entanto, as obras que mais chamaram sua atenção foram os trabalhos manuais, com os quais tem familiaridade. “Me identifiquei com a ‘Série Vibrato’, que apresenta porcelanas esmaltadas, porque também manuseio cerâmicas. Também gostei do vídeo da Darks Miranda, que está divertido, lúdico e traz um pouco da potência feminina sobre a qual a artista discorre em suas obras”, contempla a aluna.
Fotos: George Magaraia