Empresa júnior da Uerj participa de mostra da artista visual Laura Lima no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona

28/05/202316:28

Diretoria de Comunicação da Uerj

O Instituto Politécnico do Rio de Janeiro (IPRJ), campus de Nova Friburgo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), está em festa. A Serra Júnior Engenharia, empresa formada por alunos dos cursos de graduação em Engenharia Mecânica e Engenharia de Computação da unidade, alçou voo: ela foi escolhida pela equipe da artista visual mineira Laura Lima para a automação de peças mecânicas que fazem parte da exposição “Balé Literal”, em cartaz até 25 de setembro no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona (Macba), na Espanha.

Considerada por Laura Lima como a mais importante e representativa de sua trajetória como artista, a mostra reúne objetos e pinturas que ficam pendurados nos fios da instalação, criados especialmente para a ocasião, mas ao mesmo tempo fazem referência a peças de seus 30 anos de carreira, em um formato de retrospectiva coreografada em constante movimento.

Peça automatizada pela Serra Júnior em exposição no Macba. Foto: Miquel Coll

Balé automatizado

Este é o primeiro projeto de alcance internacional da Serra Júnior Engenharia, criada há 21 anos para atender a Região Serrana do Rio de Janeiro. Morador de Nova Friburgo, o artista plástico integrante da equipe de Laura, Yoann Sora, tomou conhecimento da empresa por indicação da professora do IPRJ Lívia Jatobá, e deu início à contratação.

O trabalho, inteiramente financiado pelo museu espanhol, começou a ser desenvolvido em novembro de 2022, em três etapas: primeiro, as peças foram idealizadas por Laura; em seguida, confeccionadas por Sora; e, por fim, chegaram às mãos da Serra Júnior para o desenvolvimento da programação, por meio de componentes eletrônicos como Arduino, servomotores e motor de passo, para que se movimentassem.

“A exposição se chama ‘Balé Literal’ porque os movimentos das peças são sincronizados com uma música que a artista criou, e a intenção era que o desfile lembrasse uma apresentação de balé”, explica Vinicius Fracassio, conselheiro e assessor de Mecânica da Serra Júnior. “Nosso trabalho consistiu em automatizar partes dessas peças, que são presas em cabos de aço e se movimentam enquanto ‘desfilam’ pela galeria de arte”, acrescenta.

Desafios

O trabalho para a exposição teve o envolvimento de dez alunos do IPRJ, ao todo: Ana Carolina Coutinho, Fellipe Moraes, Kauan Peçanha, Manoel Rodrigues, Iuri Rosa, Victor Luis, Vitor Saraiva, Gabriel Calheiras, Vinícius Fracassio e Vinicius Monnerat. De acordo com a professora orientadora do projeto, Leticia Aguilera, a experiência foi enriquecedora para a Serra Júnior, que pôde consolidar os conhecimentos em automação para a composição das peças cinéticas solicitadas e divulgar a empresa em um âmbito maior. “A equipe conseguiu lidar com divergências, administrar o tempo, entregar produtos como pedido e desenvolver novas habilidades técnicas, pessoais e profissionais”, avalia.

Equipe reunida da Serra Júnior: empresa foi criada há 21 anos

Leticia ressalta ainda outro desafio encarado pela Serra Júnior: o de ter como cliente, pela primeira vez, uma artista visual. “É alguém tecnicamente muito diferente, com capacidade de abstração, produção de arte, ideias de criação completamente novas para os futuros engenheiros. Foram muitas reuniões, longas conversas e orientação para organização do passo”, relembra.

Experimentação na arte e nas ciências

Laura Lima viu na Serra Júnior a oportunidade de aliar o pragmatismo das ciências à experimentação das artes visuais. “A equipe se mostrou muito aberta a desenvolver esse projeto que foge ao uso comum dessa tecnologia, um projeto experimental. Desde a consultoria para os componentes até a composição dos códigos, houve sempre uma boa comunicação entre o nosso coordenador técnico e a empresa”, comenta ela, que também foi aluna da Uerj, onde se formou em Filosofia. “Este projeto tornou possível aliar aspectos de experimentação presentes tanto na arte quanto nas ciências, e todo mundo saiu ganhando”, destaca.

Membros da Serra Jr. desenvolveram a programação das peças

Para a artista, o grande desafio foi traduzir para aspectos técnicos toda a poética dos trabalhos artísticos e integrar uma linguagem matemática à experimentação e às novas ideias, constituindo um projeto de ponta. “Foi uma alegria alcançar o resultado desejado para essa exposição tão importante”, enfatiza.

O conselheiro da Serra Júnior destaca que a maior recompensa pelo trabalho é ter o privilégio de participar de uma exposição de arte de uma brasileira em uma das principais galerias de arte da Europa. “Tudo isso envolve um significado muito especial para a Serra Júnior, que terá uma projeção internacional, apoiando o trabalho de uma artista brasileira que ganha espaço no exterior”, comemora Fracassio.