Diretoria de Comunicação da Uerj
A Editora da Uerj (Eduerj) anunciou, na última terça-feira (21), o vencedor da primeira edição do Prêmio Uerj de Literatura: Luis Felipe Abreu, com a novela “São Sebastião”. A obra tem lançamento previsto para junho pela própria Eduerj, com atividades de divulgação dentro e fora da Universidade. “Operando milagres”, novela de Roger Rocha, também foi contemplada, com uma menção honrosa. Dedicada a textos ficcionais inéditos, com 80 a 120 páginas, a premiação recebeu 72 inscrições de todo o país.
A novela vencedora amarra, no tempo, duas epidemias: a crise do HIV e o acontecimento da Covid-19. No enredo, um dramaturgo, no leito da UTI, experimenta as reminiscências de uma viagem de carro com o pai e perpassa trechos de seu trabalho mais importante, um monólogo declamado por São Sebastião, padroeiro dos doentes e considerado ícone da “cultura queer”.
Importância do prêmio no cenário editorial
Luis Felipe Abreu conta que sua inscrição foi motivada pelo potencial das premiações literárias em visibilizar novos trabalhos e autores. “Isso se somou a um interesse pela Eduerj, conhecendo a importância do papel da editora no cenário nacional. Saber desse investimento atual na ficção foi uma ótima surpresa, e agora poder fazer parte dele como autor é uma alegria”, comemora.

“Mais do que meu, o prêmio é do livro, e acredito que reconhece nele não só méritos literários, mas também uma capacidade de estabelecer uma conexão com os leitores, a possibilidade de estimular diálogos”, completa Abreu.
Além de escritor, Luis Felipe Abreu é pesquisador e professor. Doutor em Comunicação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), atualmente é bolsista do Programa de Pós-Doutorado Nota 10 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Publicou seu primeiro romance, “As rimas internas”, em 2024, pela Editora Aboio.
Gustavo Krause, editor-executivo da Eduerj e idealizador do Prêmio Uerj de Literatura, considera que, para o vencedor, a premiação é muito importante por abrir espaço entre milhares de publicações num mercado já bastante difícil. “E também dá visibilidade para a Uerj, é um prêmio nacional em que foram inscritas novelas do país inteiro. Essa relevância é evidenciada pela grande quantidade de textos inscritos”, aponta.
Menção honrosa
Recebedor de uma menção honrosa, Roger Rocha conta que o reconhecimento fortalece a escolha de fazer da escrita um ofício. “Dá um fôlego extra para produzir literatura num país como o nosso e em tempos tão conturbados”, afirma.

Formado em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Roger Rocha é escritor, redator, roteirista e professor. “Ouro de Moscou” (Editora Urutau, 2021), seu romance de estreia, foi finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2022. “Mais geleia, Shackleton?” foi publicado em 2024, também pela Editora Urutau.
No enredo de “Operando milagres”, cinco personagens se enredam numa trama que envolve neopentecostais brasileiros, políticos e milicianos locais, em um país fictício da África. Nesse arranjo, a manipulação da fé de gente comum alavanca um projeto de recolonização em que a geografia, a cultura e o uso compartilhado da língua portuguesa criam os pilares para a dominação.
“A menção honrosa, para mim, é uma verdadeira vitória, considerando a qualidade do vencedor e dos concorrentes. A vinculação do prêmio a uma instituição com a credibilidade da Uerj e de sua editora foi um fator decisivo para a minha participação. Essa iniciativa, vinda do meio acadêmico, indica a adoção de critérios mais abrangentes na avaliação dos originais, ultrapassando modismos e o apelo mercadológico”, finaliza Roger.
Divulgação dos nomes dos jurados
A primeira edição do Prêmio Uerj de Literatura teve como jurados Adriana Lisboa, escritora, doutora em Literatura Comparada pela Uerj; Ieda Magri, escritora, doutora em Literatura Brasileira pela UFRJ e professora de Teoria da Literatura da Uerj; e Gustavo Bernardo Krause, escritor, doutor em Literatura Comparada pela Uerj e editor-executivo da Eduerj.