Cresce o número de programas de pós-graduação da Uerj com nota máxima na avaliação quadrienal da Capes

11/10/202218:33

Diretoria de Comunicação da Uerj

Quatro programas de pós-graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) receberam nota máxima na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação que tem a tarefa de avaliar os cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil. É a primeira vez que a Uerj alcança este número de classificados com nota 7 ao mesmo tempo. Três estreiam na posição e um se mantém nela pela quarta vez consecutiva. 

Os programas considerados em nível de excelência internacional são: Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH), do Centro de Educação e Humanidades; Educação (ProPEd), da Faculdade de Educação; Sociologia, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp); e Saúde Coletiva, do Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro (IMS).

A avaliação quadrienal da Capes  atribui aos cursos notas de 1 a 7. Os programas que recebem 1 e 2 são descredenciados. A nota 3 é o requisito mínimo para a prática do mestrado, enquanto 4 é o necessário para a oferta de doutorado. Já o 5 indica que o curso é considerado “muito bom”, e as notas 6 e 7 são conferidas somente a programas de excelência, em nível nacional e internacional, respectivamente. 

Ao todo, foram avaliados 70 programas de pós-graduação da Uerj em 2021, sendo o resultado divulgado no último dia 9 de setembro. Seis programas subiram para nota 4, tornando-se aptos para apresentação de proposta para doutorado; 12 permaneceram com nota 5, demonstrando continuidade em um trabalho de qualidade, enquanto outros cinco subiram para essa classificação. Seis obtiveram nota 6, sendo considerados de excelência no país.

A qualificação funciona a partir do preenchimento anual de relatório que reúne dados sobre cada programa, bem como o desempenho na plataforma Sucupira, da Capes. Os mais bem avaliados asseguram a oferta de bolsas aos alunos.

Na Uerj, os programas estão vinculados à Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PR2), que apoia as ações realizadas no período de avaliação, inclusive verificando se o preenchimento do relatório foi feito de forma adequada, já que qualquer deslize pode levar a um resultado desfavorável na classificação. Além dessas informações, os programas são avaliados também pelas classificações das publicações e livros elaborados por professores de seus quadros e pelos discentes.

“Fomos muito bem. Como se pode ver, foi um resultado excelente. Houve pouquíssimas quedas e estamos muito confiantes de que vamos conseguir reverter a maioria desses casos. A PR2 se oferece para ajudar os programas, e estamos trabalhando com alguns já para fazer os pedidos de reconsideração”, explica o pró-reitor de Pós-graduação e Pesquisa, Luis Antonio da Mota.

Ele lembra que a conquista é ainda maior pois ocorre num período turbulento para a pesquisa científica no país, visto que, em 2021, o investimento na área e o número de bolsas concedidas foi o menor em dez anos. Sem o incentivo na compra de insumos e equipamentos, muitos programas passam por dificuldades.

A respeito da incerteza na concessão de bolsas, Mota, que também é presidente da Região Sudeste do Fórum Nacional de Pró-reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, conta que a Uerj busca fazer o máximo para defender programas mais prejudicados, inclusive alocando recursos próprios para aumentar o número de benefícios concedidos, o que ocorre com programas implantados pela Universidade, como o Prociência e o Proatec.

“Tentamos fazer políticas para incentivar o aumento da produção e proteger quem estiver mais descoberto. Dentro da nossa limitada capacidade de agir, se a gente sentir que teve algum grupo prejudicado por uma política externa, tentamos abrandar essa diferença, buscando sempre manter uma equiparação entre as áreas”, explica o pró-reitor.

Caminhada de sucesso

A avaliação da Capes do quadriênio 2017-2020 ocorreu em meio à pandemia de Covid-19, que afligiu, dentre várias áreas, a de pesquisa científica. Sem recursos e maneiras de se reunir presencialmente, a solução foi manter a articulação entre os programas, sempre tendo como foco o trabalho de excelência, ainda que remotamente. 

Para Estela Scheinvar, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana (PPFH), a nota máxima nesse contexto pandêmico foi possível devido à união da equipe. “Foi esse acolhimento que, em vez de nos afastar ou paralisar, nos uniu e fez, da maior parte dos grupos de orientação, um espaço de troca, de produção de trabalho coletivo, ajudando, inclusive, a enfrentar a solidão imposta pela pandemia. Foi realmente muito intensa a produção de professores e estudantes nos anos de 2020 e 2021”, relata Scheinvar.

Para Talita Vidal, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação (ProPEd) da Faculdade de Educação, consagrado com a nota 7 na avaliação quadrienal da Capes pela quarta vez seguida, o contínuo sucesso se deve também ao reconhecimento e à experiência de seus profissionais. “Isso possibilita a inserção desses pesquisadores no processo de discussão e construção do Sistema Nacional de Pós-graduação no Brasil nas últimas três décadas”, conta Vidal. “E essa inserção também é formativa, também qualifica esses pesquisadores para além das reflexões que produzem em seus campos de pesquisa específicos. Penso que essa experiência tem sido fundamental para os nossos resultados”.

Para além da avaliação, Mariana Cavalcanti, coordenadora do Programa de Pós-graduação em Sociologia do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp) no quadriênio avaliado, enxerga os resultados como uma oportunidade de autoanálise e incentivo para seguir buscando melhorias. “O próprio processo de avaliação torna as nossas fragilidades evidentes, e teremos um seminário de autoavaliação para traçar um plano coletivo de constante aprimoramento do programa. Seguiremos apostando na pesquisa e formação de excelência, e no fomento de um programa socialmente engajado e relevante”, afirma Cavalcanti.

Já Washington Junger, que estava a cargo da coordenação do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do IMS, considera essencial, após a nota 7, levar em consideração o período de pandemia e todas as dificuldades enfrentadas. “Estamos organizando mais uma rodada do Seminário Estratégico do IMS que nesta edição terá como pontos centrais de discussão o retorno às atividades no pós-pandemia e o futuro do nosso programa de pós-graduação. De qualquer forma, a nota 7 também nos dá a possibilidade de ampliar a oferta de bolsas aos nossos discentes e, com isso, aumentar o número de estudantes em tempo integral, bem como o investimento na produção intelectual”, finaliza Junger.