Conferência do IBGE na Uerj reúne produtores e usuários de dados para debater desafios do Brasil na Era Digital

02/08/202416:14

Diretoria de Comunicação da Uerj

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sediou nesta semana, de 29 de julho a 2 de agosto, a Conferência Nacional dos Agentes Produtores e Usuários de Dados, promovida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Técnicos, especialistas e representantes de diferentes órgãos e empresas debateram o tema “Soberania Nacional em Geociências, Estatísticas e Dados: riscos e oportunidades do Brasil na Era Digital”. Na cerimônia de encerramento, na Capela Ecumênica, campus Maracanã, foram apresentados os relatórios das discussões realizadas em 23 grupos de trabalho e seis mesas-redondas.

Em seu discurso, a reitora Gulnar Azevedo e Silva destacou a parceria firmada entre as duas instituições. “É muito importante para a Uerj abrigar e oferecer espaços para construirmos políticas públicas consistentes com base nos dados do IBGE. A Universidade tem suas portas abertas para todos que desejam melhorar as condições de vida, saúde e educação da nossa população”, afirmou.

Integrantes da mesa de encerramento. Marcio Pochmann, presidente do IBGE, e Gulnar Azevedo e Silva, reitora da Uerj, seguram o mapa-múndi do Instituto

Já o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, apontou a relevância do evento para o campo das geociências. “Entendo que esta conferência faz parte da construção da história, da democracia, da cultura dos dados, em um período de transformação profunda que é a Era Digital. Fazemos isso com muito cuidado, preocupação e consistência para manter a credibilidade das informações que ajudam a orientar a sociedade brasileira, sobretudo os gestores públicos que estão interessados em mudar a realidade do país”, declarou. “Este evento é um movimento importante no processo que visa alterar o marco legal das estatísticas,  geociências e dados no Brasil”, acrescentou.

Tecnologia e Dados

Na última quarta-feira (31/7), além dos grupos de trabalho, foi realizada a mesa-redonda “Tecnologia e Dados”. As palestras abordaram temas como infraestrutura, compatibilidade e interoperabilidade (uso de padrões para compartilhamento de dados entre os sistemas), em um mundo cada vez mais digitalizado.

Para Ivone Lopes Batista, diretora de Geociências do IBGE e moderadora da mesa, a quantidade massiva de dados se tornou hoje um desafio não só para o governo, mas também para a iniciativa privada. “A infraestrutura de compatibilização e compartilhamento é crucial diante desse cenário”, apontou. Segundo ela, o IBGE vem se alinhando ao debate internacional sobre a integração de dados geoespaciais e estatísticos, bem como sobre padrões de comparabilidade internacionais. “A informação geoespacial digital tem valor social, econômico e ambiental. Ela é um ativo, agrega novos valores quando comparada aos mapas analógicos”, completou.

Os parâmetros geoespaciais são hoje especialmente relevantes devido ao uso e produção rotineiros de geoinformações pelo cidadão comum por meio de aplicativos e serviços digitais. “Outro importante desafio refere-se a como as informações geoespaciais colaborativas geradas massivamente por toda a sociedade podem ser incorporadas nas estatísticas ou informações oficiais”, finalizou Ivone.

Palestrantes da mesa “Tecnologia e Dados”

Na ocasião, Alexandre Barbosa, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (CETIC/NIC.br), também trouxe estudos sobre a produção de estatísticas em tempo real. “Precisamos de dados no tempo certo, a fim de que a sociedade não tenha que esperar um ano ou mais para o gestor público tomar uma decisão”, observou. Os trabalhos do órgão abordam modelos de aprendizagem de máquina e inteligência artificial, dados administrativos, dados gerados pelo usuário e dados de pesquisas.

Em seguida, Alan Santos, diretor de Relacionamento e Negócio da Dataprev, falou sobre o desafio de cruzar informações de diversas fontes para prestar atendimento ao cidadão. Ele citou o caso das enchentes no Rio Grande do Sul ocorridas neste ano, quando muitas pessoas perderam todos os pertences, inclusive os documentos. “Para conceder o Auxílio Reconstrução, foi necessário cruzar informações sobre as áreas atingidas com dados de moradia fornecidos por empresas de telefonia, bancos e prefeituras. E depois, juntar com o cadastro que pessoas e famílias fizeram, conectando ao todo mais de 100 milhões de informações”, explicou Santos.

A mesa também contou a participação de Rolando Ocampo, diretor da Divisão de Estatística Regional da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), e Leonardo Souza, chefe da Seção de Estatísticas de Energia da Divisão de Estatística da Organização das Nações Unidas (ONU).

Fotos: George Magaraia