Biólogo da Faculdade de Formação de Professores da Uerj lança livro para tornar a Botânica mais atraente

12/08/202117:54

Diretoria de Comunicação da Uerj

Atire o primeiro grão de feijão quem nunca testemunhou encantado, na infância, a plantinha que germinava do caroço colocado no algodãozinho molhado, depois de alguns dias. É esse tipo de observação, enraizada na vida das pessoas, que o biólogo Marcelo Guerra Santos, da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Uerj, pretende estimular, ao incentivar o interesse dos estudantes pela Botânica. Marcelo escreveu o livro “Fruta, verdura ou legume? Um guia sobre as plantas do nosso cotidiano”, que será publicado pela EdUerj. A ideia é mostrar ao público em geral a importância das plantas e o quanto a ciência está presente na realidade diária.

Marcelo Guerra Santos ensina Botânica há mais de 20 anos

Santos conta que a ideia da obra, que agora se concretiza, surgiu há 20 anos. “O embrião do livro foi uma proposta de trabalho que eu fiz aos alunos, apresentada no I Encontro Regional de Ensino de Biologia (Erebio) em 2001”. O projeto foi retomado com o auxílio dos programas Apoio à Editoração e Jovem Cientista do Nosso Estado, ambos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Yes, nós temos mesmo bananas?

O texto aborda didaticamente a disciplina de Botânica, ilustrado por expressões artísticas variadas como pinturas de Tarsila do Amaral, literatura brasileira com José Mauro de Vasconcelos e músicas populares, com Carmem Miranda. A obra também reproduz um mapa-múndi diferente, indicando a origem de várias frutas – inclusive aquelas que muita gente considera brasileiras, mas que na verdade não são, como a manga, a jaca, o coco e até a banana (as variedades consumidas comercialmente são estrangeiras, provavelmente originárias da Ásia). “É de suma importância que o aluno perceba que aquele conhecimento botânico de seu livro didático está bem próximo dele, quando está comendo uma fruta, descascando um legume ou preparando uma salada”, exemplifica Santos.

O pesquisador relata que boa parte de seus alunos, futuros professores, chega à universidade expressando um descontentamento com a matéria devido à falta de conhecimento sobre o assunto. “É a chamada cegueira botânica”, diz, fazendo referência ao termo citado em publicação de 2001 pelos norte-americanos James H. Wandersee e Elisabeth E. Schussler, sobre a incapacidade para enxergar e valorizar as plantas. Para vencer essa barreira, o livro contextualiza o ensino e a aprendizagem da disciplina a partir dos alimentos presentes no dia a dia dos estudantes da FFP. 

Além disso, a obra traz uma mensagem de empatia com as plantas. Afinal, além de serem nosso alimento diário, atuam com grande importância no ecossistema, absorvendo o gás carbônico (CO²) da atmosfera por meio da fotossíntese e agindo na regulação climática. Segundo o professor, o trabalho é um estímulo para o desenvolvimento de cidadãos mais atentos e críticos às políticas ambientais do país e do mundo.

O livro é dedicado ao também biólogo e grande conhecedor de Botânica Paulo Fevereiro, falecido neste ano.