Ânima 2025 celebra protagonismo feminino nas artes e na cultura com homenagem a Lélia Gonzalez

19/03/202513:54

Diretoria de Comunicação da Uerj
Artista J.lo Borges inaugura a pintura-mural em homenagem a Lélia Gonzalez no Centro Cultural da Uerj

 

Com uma oferta generosa de atividades em diversas linguagens artísticas, como artes cênicas, artes visuais, cinema, dança, literatura e música, a Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (Coart) da Uerj deu início, na última segunda-feira (17), à edição de 2025 do Ânima. O evento anual, que celebra o protagonismo feminino nas artes e na cultura, segue até sexta-feira (20) com uma programação intensa no campus Maracanã.

Este ano, o Ânima presta uma homenagem especial a Lélia Gonzalez (1935−1994), intelectual, autora, ativista, professora, filósofa e antropóloga brasileira, cuja trajetória inspiradora deixou um legado fundamental na luta por igualdade e representatividade raciais e de gênero. Lélia, que pode também ser considerada uma “cria da Uerj”, se formou em História e Filosofia pela antiga Universidade do Estado da Guanabara (atual Uerj), tendo sido ainda professora do ensino médio no Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-Uerj).

A abertura do evento foi rica em arte, cultura e reflexão, e teve início com a performance/instalação “Caminho de flores e pedras”, da artista Elisa Quintanilha. Na sequência, foi exibido o documentário “Projeto Memória Lélia Gonzalez” (Nilson Rodrigues, 2024), seguido por uma mesa de debate com as participações de Camila Souza (doutoranda em Políticas Públicas na Uerj) e Ana Beatriz Santos (graduanda em História na Uerj), ambas do blog Letras Pretas.

No final do dia de abertura, foi inaugurada a exposição “Obìnrin de memórias”, de Thaís Ayomide, com curadoria de Cynthia Esperança e Rafa Éis, na Galeria da Passagem, no Centro Cultural do campus Maracanã. Logo após, foi também inaugurada a pintura-mural em homenagem a Lélia Gonzalez, no Salão 2, criada pela artista J.lo Borges.

A artista Thaís Ayomide na exposição “Obìnrin de memórias”

Thaís Ayomide considera que expor em um espaço chamado Galeria da Passagem, onde as pessoas passam e observam as obras, revela o alcance da arte no cotidiano. “Trata-se de uma intervenção, pois cria a possibilidade de eu me entender como um corpo feminino que atua e que constrói perspectivas de ‘rememorizar’ a nossa construção ancestral. Isso também significa me aproximar da memória de Lélia Gonzalez. Portanto, acho que todas essas obras expostas aqui ‘têm um pezinho no passado e um pezinho no futuro’, enquanto fazem um agradecimento à vida no presente”, reflete.

Para a coordenadora da Coart, Ilana Linhales, é quase uma obrigação da Universidade promover ações que reflitam sobre a essencialidade da mulher na construção da sociedade, pois para ela essa posição necessita sempre ser reafirmada. “Precisávamos falar de Lélia Gonzalez, de uma produção acadêmica feita por uma mulher que a história faz questão de apagar. Sua reflexão sobre a sociedade, tanto do ponto de vista de gênero, como do ponto de vista de raça, até hoje carece de um maior reconhecimento. A Lélia se formou nesta Universidade, e deveria ser uma celebração diária aqui dentro”, pontua.

Mesa com Camila Souza e Ana Beatriz Santos, do Letras Pretas

O coletivo feminino Letras Pretas foi apresentado por Camila Souza como “um local de aquilombamento”. “Esse projeto possui um blog onde as nossas meninas podem publicar textos, contando um pouco cada uma sobre as suas experiências”, comenta. Sobre a homenageada Lélia Gonzalez, ela considera “impressionante” a sua produção intelectual, por incluir escritos sobre psicanálise, economia, sociologia e linguagens.

“Lélia é uma grande intérprete do Brasil. Sobre a mulher negra e suas representações, descreve muito bem como a sociedade brasileira sempre prepara para essa mulher um lugar de subalternidade. Isso explica a maneira como Lélia percebe a academia. Para ela, não faz sentido ser pesquisadora e não se posicionar politicamente”, reflete Camila.

Confira a programação completa do Ânima 2025 nos próximos dias:

19/3 (quarta-feira)

16h às 17h30 – Painel Ânima Trajetórias Femininas na Arte – mediação de Elisa Quintanilha (Auditório Cartola)

Trabalhos:

Camila Daniel – “No ‘ritmo interior’ da ‘Améfrica Ladina’: diálogos entre Victoria Santa Cruz (Peru) e Lélia Gonzalez (Brasil)”

Carolina Castro – “Colando a aldeia”

Camila Aparecida de Meneses Pires – “A arte de ser como instrumento importante para resgate da memória e potência de cada sujeito”

18h – Cine Cartola exibe o filme “Corpos invisíveis” (Quézia Lopes, 2023). Em seguida, conversa com a diretora Quézia Lopes com a mediação de Quésia Pacheco

20/3 (quinta-feira)

16h às 17h30 – Painel Ânima Trajetórias Femininas na Arte – mediação de Elisa Quintanilha (Auditório Cartola)

Trabalhos:

Morgana Albuquerque – “Entre devires e simbioses: um corpo (da terra)

Mayara Assis – “Mesa aberta” (performance no Salão 2)

Marcy – “Arte e mágica”

18h às 19h – Quintal Cultural apresenta a versão curta do espetáculo “Menina Mojubá”, com a atriz Marcela Treze e o ator Gabriel Gama. Em seguida, conversa com mediação de Malu Kovacs (Salão 2).

Fotos: George Magaraia