Pesquisa do Instituto de Química pode ajudar na solução de crimes  

01/10/201911:39

Diretoria de Comunicação da Uerj

Em setembro deste ano, o professor Lippy Marques, do Instituto de Química da UERJ, foi premiado com uma bolsa de pesquisa de Jovem Cientista do Rio de Janeiro, da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) para prosseguir com o projeto Preparação de redes metalo-orgânicas de lantanídeos para aplicação como marcadores luminescentes de resíduos de tiros em arma de fogo. Na lista dos dez artigos mais baixados da revista Inorganica Chimica Acta – um dos maiores veículos de comunicação científicos mundiais, a pesquisa explora a identificação de resíduos de armas de fogo por intermédio de síntese de compostos que operam como marcadores luminescentes. O artigo foi desenvolvido com a colaboração do professor Marcos Vinicius Colaço, do Instituto de Física da UERJ, e da professora Maria Vanda Marinho da Unifal. Com a técnica, é possível determinar a origem e a distância do tiro, o tipo de arma utilizada e a altura do atirador.

Integrante do Grupo de Materiais Inorgânicos Multifuncionais, único na área da Química do Estado que trabalha com síntese e estudo fotoluminescente dos compostos de lantanídeos, Marques desenvolveu compostos químicos luminescentes, isto é, que transmitem luz quando iluminados com luz negra. Os compostos são adicionados na parte interna da munição juntamente com a pólvora e atuam como marcadores luminescentes de resíduos de arma de fogo. Tais resíduos, também conhecidos como gunshot residues, permanece no chão, nas mãos e nas roupas do atirador após o ato. Com os compostos inseridos nas balas, é possível detectar informações precisas sobre o autor do disparo.

A pesquisa possui relevância para o setor de segurança pública, pois pode ajudar na solução de crimes. O custo do projeto não seria alto, visto que os elementos lantanídeos são encontrados na natureza e sua detecção em meio aos resíduos é feita com uma simples luz negra.

Os compostos

“Não é qualquer composto que pode atuar como um marcador de tiro em arma de fogo. O composto precisa ter alguns pré-requisitos, como alta estabilidade térmica (pois a temperatura durante o disparo em uma arma de fogo pode chegar a até 2.000 graus Celsius), elevada luminescência para ser detectado e ainda não ocorrer reação química do composto com a pólvora da munição, o que comprometeria o disparo da arma”, afirma o professor Marques.

Os marcadores luminescentes são formados por lantanídeos, compostos químicos alocados no quinto período da tabela periódica. Quatro cores são aplicadas de acordo com os componentes. O elemento químico Európio (Eu), também aplicado na fabricação de tintas fluorescentes, atua na cor vermelha. Já o Disprósio (Dy) aciona a cor amarela e pode ser usado na confecção de lâmpadas. Com a cor azul, encontra-se o Túlio (Tm), usado na composição de vidros por conta da coloração. E, por fim, o Térbio (Tb) é apresentado através da cor verde. Este elemento também é ingrediente de lâmpadas fluorescentes.


O Prêmio Jovem Cientista

De empreendedorismo a educação, o Prêmio Jovem Cientista busca estimular a pesquisa científica no país e investir em estudantes e jovens pesquisadores que procuram soluções transformadoras para obstáculos da sociedade. No mês de setembro, o professor Lippy Marques foi agraciado por ser coordenador da pesquisa.