Diretoria de Comunicação da Uerj

Um espaço de interação, debate e reflexão, reunindo pesquisadores, profissionais e alunos da educação básica de escolas públicas. Assim foi a 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada de 20 a 24 de outubro nos campi Maracanã e Zona Oeste da Uerj. A edição deste ano teve como tema “Planeta Água – a cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”. A programação contou com apresentação de trabalhos, palestras, mesas-redondas, minicursos, oficinas, exposições e visitas guiadas.
Na mesa de abertura, a professora Vanessa Ferreira, coordenadora do Núcleo de Extensão da Faculdade de Oceanografia (Faoc) da Uerj, destacou a relevância do tema. “O oceano influencia a vida de todos nós, independentemente da nossa profissão, se moramos no litoral ou no interior. Cada respiração é marcada pela presença dele, que fornece a maior parte do oxigênio da atmosfera. É vital, portanto, que nós, enquanto humanidade, pesquisadores e educadores, abracemos a pauta da Década do Oceano (2021-2030) e capilarizemos ao máximo essa mensagem”, frisou.
O oceano responde por cerca de 71% da superfície terrestre e contém aproximadamente 97% da água do planeta, sendo determinante para o equilíbrio climático. Apesar disso, ele enfrenta ameaças. A ONG World Wide Fund for Nature (WWF) estima que de 9 a 14 milhões de toneladas de plástico atingem o oceano todos os anos, colocando em risco ecossistemas, incluindo a biodiversidade marinha, formada por espécies de aves, peixes, tartarugas e mamíferos.
Vanessa também apontou a necessidade de fortalecer a parceria com o ensino básico. “Essa conexão é fundamental, porque de lá virão as novas gerações de oceanógrafos, biólogos, geógrafos, professores e as mais variadas profissões”, afirmou. “Sabemos que os adolescentes e as crianças são os melhores multiplicadores de informação que existem. Por isso, é extremamente importante reforçar esse vínculo e aproveitar o encantamento, a curiosidade, a proatividade que os mais jovens têm. Eles não são o futuro, são o presente. Enquanto eles fazem acontecer, nós somos aqueles que podem orientá-los para evitarem os tropeços do caminho”, acrescentou.
Ao longo da Semana, foram realizadas mesas-redondas, discutindo diferentes aspectos da cultura oceânica, que podem ser assistidas no canal do Núcleo de Extensão da Faoc no YouTube. A SNCT da Uerj também incluiu a programação da 18ª Semana do Instituto de Matemática e Estatística (IME), que, entre outras atividades, promoveu a “Mostra sua vez” – apresentação de painéis de alunos da educação básica – e com um conjunto de oficinas chamado “Ciências para os curiosos”.
Entre os destaques da programação da SNCT da Uerj na Zona Oeste, realizada no Centro Esportivo Miécimo da Silva, em Campo Grande, estão a oficina “Como nossa genética pode influenciar no efeito de substâncias tóxicas no nosso corpo? Exemplo do mercúrio e do gene GSTP1”, promovida pelo Laboratório de Pesquisa de Ciências Farmacêuticas (Lapesf). Os visitantes também puderam conferir o estande do projeto “Uerj é Panc”, mostrando usos e benefícios das Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc), uma alternativa nutritiva, sustentável e saborosa. O projeto “Baía de Sepetiba! Aí vamos nós!” também marcou presença, discutindo como a região representa um microcosmos de conflitos socioambientais. Já o projeto “Recado farmacêutico” apresentou ao público a “Jornada do resíduo: do medicamento ao mar”, atividade de conscientização sobre a importância da utilização e descarte adequados de remédios.
Um trajeto de conhecimentos

Entusiasmados, alunos de três escolas públicas estaduais fizeram um passeio pelo campus Maracanã e receberam informações sobre os cursos de graduação, as formas de ingresso e o sistema de cotas da Uerj. Os estudantes também visitaram as instalações da segunda edição da exposição “Oceânides: Ciência e Poesia”, agora estruturada em seis eixos temáticos: “No princípio era o oceano”; “Como é doce viver no mar”; “A Ciência joga suas redes”, “Nem tudo que cai na rede é peixe” – atividade interativa sobre os microplásticos –; “Mar em Português” – instalação que valoriza poemas dedicados ao mar – e “Oceano em números”, além do espaço do projeto Tartaruga Viva.
A bióloga Mônica Dias, uma das coordenadoras do projeto, explicou as diferenças anatômicas entre as tartarugas marinhas, as de água doce (cágados) e as terrestres (jabutis). “Como estratégia de sobrevivência da espécie, as tartarugas marinhas põem muitos ovos, mas a maioria dos filhotes não chega à fase reprodutiva, muitos são predados já no percurso entre a praia e o mar”, disse. “Nós anilhamos os animais estudados, o que nos permite identificá-los e monitorá-los. Coletamos e registramos diversos dados, incluindo informações sobre seus deslocamentos, quando são recapturados”, apontou.
Dedicado ao monitoramento e à conservação desses animais na baía da Ilha Grande, o projeto Tartaruga Viva é vinculado ao programa de extensão Universidade do Mar (Unimar), sob coordenação do professor Marcos Bastos, da Faoc/Uerj. A iniciativa visa estimular atividades acadêmicas e técnicas para fortalecer ensino, pesquisa e inovação, promovendo o desenvolvimento sustentável da região costeira do estado do Rio de Janeiro.
“Todos os conteúdos são registros e evidências de processos e resultados de investigação, parcerias para incursões a campo e investimento intelectual do corpo de pesquisa da Uerj”, afirma Charbelly Estrela, uma das curadoras da exposição e coordenadora de Divulgação Científica da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (PR2).

Camila Giovana Matos Nogueira da Silva, 18, aluna do Colégio Estadual Pierre Plancher, situado em Mesquita, na Baixada Fluminense, participou das atividades e ainda visitou o ateliê do Instituto de Artes da Uerj. “Pretendo cursar Artes Visuais e sempre tive vontade de conhecer a Universidade. Essa experiência é uma oportunidade muito valiosa para nós, estudantes, e ainda nos ajuda a decidir qual graduação queremos seguir”, disse.
Abertas ao público, a Galeria Itinerante, na Praça da Democracia, e a mostra “Oceanos em números”, no hall do 6º andar do Pavilhão Reitor João Lyra Filho, ambas no campus Maracanã, podem ser visitadas até o dia 31 de outubro.
Fotos: George Magaraia