Diretoria de Comunicação da Uerj
Adotada por 193 países, a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) é um ambicioso plano global que estabelece 17 objetivos e 169 metas de desenvolvimento sustentável, visando erradicar a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir a paz e a prosperidade. Considerando a relevância da iniciativa, desde 2019, o Programa Agenda 2030 na Uerj visa estimular a inserção da temática em atividades de ensino, pesquisa e extensão, além de promover a articulação e cooperação institucional. Desde então, foram realizadas diversas ações, internas e externas, incluindo eventos acadêmicos, publicação de dois e-books – “Cidades sustentáveis” e “Agenda 2030 na Uerj, Uerj na Agenda 2030” – e exposições artísticas e culturais. Conheça, a seguir, a inédita disciplina eletiva “Agenda para uma Universidade Sustentável”, válida para todos os cursos de graduação, o festival de curtas-metragens “1º CineFest Uerj Sem Muros: Desafios da Agenda 2030” e projetos desenvolvidos pelo Ecomuseu Ilha Grande.
Para o professor Ricardo Brandão, coordenador do Programa Agenda 2030 na Uerj, discutir sustentabilidade nos dias atuais é um caminho sem volta. “Estamos vendo os limites impostos ao nosso planeta. Não há mais espaço para negacionismos. Basta ligar a TV e assistir a mais um desastre climático grave e frequente em algum novo canto do mundo. Embora alguns governos recém-eleitos pareçam ignorar essas evidências de forma irresponsável, empresas, fundações e, em especial, organizações da sociedade civil têm buscado diversas soluções para enfrentar todos esses desafios”, pontua.
Segundo ele, a nova disciplina eletiva universal oferece aos alunos da Uerj um espaço de debate interdisciplinar e transversal sobre temas relacionados à sustentabilidade, como as questões das desigualdades sociais, racismo ambiental e segurança alimentar. “É uma oportunidade de prepará-los para que se tornem agentes transformadores da sociedade que precisamos construir, além de estarem aptos para ingressar no mercado de trabalho, que exigirá cada vez mais soluções sustentáveis”, afirma.
Com 30 vagas disponíveis neste semestre, as inscrições podem ser feitas por meio do sistema Aluno Online, até o dia 21 de fevereiro, usando o código FAOC 04-17549. Os encontros presenciais ocorrerão às quintas-feiras, das 8h50 às 12h20, no IFHT, sala 2.034, 2º andar, bloco F, campus Maracanã. “Os discentes terão aulas com professores de diversas unidades, podendo também interagir com colegas de vários cursos, rompendo assim as bolhas do conhecimento específico de seus campos de atuação”, ressalta Brandão.
1º CineFest Uerj Sem Muros
Também estão abertas, até o dia 20 de março, as inscrições para o 1° CineFest Uerj Sem Muros: Desafios da Agenda 2030. Destinado a alunos de graduação de todos os campi, o festival de curtas-metragens une prática audiovisual, reflexão crítica e engajamento social. Cada estudante ou grupo pode submeter um vídeo de três a oito minutos de duração, abordando um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A obra pode ser documental, jornalística ou ficcional. “O festival convida os estudantes a explorarem o cinema como ferramenta de expressão e transformação. Dessa forma, eles não apenas desenvolvem habilidades técnicas e narrativas, mas também ampliam sua compreensão sobre temas globais, como sustentabilidade, igualdade e inovação”, aponta João Ricardo de Oliveira, idealizador e coordenador da iniciativa.
Segundo ele, além do aprofundamento temático, o festival proporciona uma vivência no processo de produção audiovisual, desde a escrita do roteiro até a finalização do filme. “Os alunos podem experimentar diferentes linguagens cinematográficas e aprimorar sua capacidade de contar histórias. Além disso, a possibilidade de produzir com equipamentos profissionais ou até mesmo com um celular torna a participação mais acessível e democrática, valorizando a criatividade e a originalidade acima dos recursos técnicos”, frisa.
Para Oliveira, o festival incentiva a produção cultural universitária e cria um espaço de troca entre os participantes, estimulando o diálogo entre estudantes de diferentes áreas e ampliando as possibilidades acadêmicas no setor audiovisual. “Mais do que um evento, o CineFest Uerj Sem Muros é uma experiência enriquecedora que extrapola a sala de aula, formando cineastas, comunicadores e cidadãos mais conscientes do impacto social nas suas abordagens narrativas”, conclui.
Os dez finalistas serão conhecidos no dia 21 de abril, e os vencedores (três primeiros lugares), anunciados durante a cerimônia de premiação da Uerj Sem Muros, em 6 de maio. Para mais informações, confira o Edital.
Ecomuseu Ilha Grande
Vinculado à Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PR3) da Uerj, o Ecomuseu Ilha Grande (Ecomig), localizado no município de Angra dos Reis, na Costa Verde, realiza atividades de preservação, investigação e divulgação do meio ambiente, da história e da vida sociocultural da ilha. De acordo com o professor Gelsom Rozentino, diretor da unidade, os museus podem incorporar a Agenda 2030 em suas estratégias comunicacionais para promover novas sinergias com diferentes públicos. “É fundamental reconhecer o papel das instituições de cultura e museus, não apenas como ambientes de preservação, mas também como atores para o diálogo e a ação em prol do desenvolvimento sustentável. Isso porque, ao integrarem a Agenda em seus projetos, podem ampliar seu impacto positivo na sociedade, desenvolver parcerias com setores diversos e contribuir para a construção de um futuro mais justo, equitativo e próspero”, defende em artigo publicado em 2024.

O texto, fruto de um trabalho conjunto com a museóloga da Uerj Vivianne Ribeiro Valença, apresenta os projetos do Ecomuseu relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Entre eles, destacam-se o “Ecomuseu Ilha Grande e Turismo de Base Comunitária”, que atende ao ODS 1 – Erradicação da Pobreza, estimulando a criação de produtos a partir de matéria-prima local para geração de renda, valorizando a história e a cultura das comunidades, além de fomentar e qualificar o turismo na Vila Dois Rios, que sedia o Ecomuseu.
O projeto “Ilha Grande e Saúde Comunitária” (ODS 3 – Saúde e Bem-Estar) promove cuidados preventivos de saúde em comunidades isoladas, com ênfase nas mulheres, incentivando hábitos saudáveis e melhorando a qualidade de vida dessas populações. O Ecomuseu atua como mediador, catalisador e propagador dessas ações, seguindo o calendário do Ministério da Saúde.
No verão, quando a ilha recebe muitos turistas, ocorre o aumento do acúmulo de resíduos sólidos, que são transportados e descartados no continente. Para amenizar o problema do lixo, o projeto “Ecomuseu Recicla” (ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis) ensina aos moradores técnicas de artesanato consciente, utilizando materiais recicláveis, como garrafas PET. As peças confeccionadas representam, de forma lúdica, a cultura, a flora e a fauna locais.

Alinhadas ao ODS 15 – Vida Terrestre, as ações do Parque Botânico, um dos núcleos do Ecomuseu, embasam as medidas de proteção, recuperação e uso sustentável dos recursos naturais, principalmente as florestas, combatendo a degradação e a perda de biodiversidade no Sul Fluminense. Já o projeto “Museu do Cárcere: Cultura e Liberdade” (ODS 16 – Paz e Justiça) registra e preserva a memória prisional da Vila Dois Rios, com exposições e atividades socioculturais, provocando reflexões sobre direitos humanos.
Todos esses projetos evidenciam o compromisso do Ecomuseu Ilha Grande com a sustentabilidade, em consonância com os objetivos da Agenda 2030, em um momento histórico marcado pelas mudanças climáticas. “Precisamos abordar a defesa do meio ambiente como parte inseparável do processo de desenvolvimento nacional, mas, sobretudo, entender a preservação ambiental como parte indissociável da dignidade humana e da vida”, finaliza Rozentino.