Três exposições simultâneas ocupam espaços culturais do campus Maracanã e são opção de programa para as férias

28/01/202517:21

Diretoria de Comunicação da Uerj

Com a temperatura no Rio de Janeiro batendo recordes de calor neste verão, uma boa opção de programa para as férias escolares e acadêmicas é visitar as exposições em cartaz nas três galerias de arte do campus Maracanã da Uerj – todas com entrada gratuita e em ambiente refrigerado.

Abrindo o ano na Galeria Candido Portinari, a exposição coletiva Universidade // Ecossistemas, inaugurada na última quinta-feira (23), é fruto de uma convocatória pública realizada em dezembro, aberta para receber trabalhos artísticos de toda a comunidade da Uerj. Obras de discentes, docentes e técnicos administrativos de diferentes unidades acadêmicas, como Instituto de Artes, Instituto de Letras, Instituto de Ciências Sociais e Faculdade de Direito, compõem a mostra, em cartaz até o dia 27 de fevereiro.

Na Galeria Gustavo Schnoor, no Centro Cultural, a exposição Corpo Onírico apresenta, até o dia 28 de fevereiro, obras de 13 artistas do projeto de iniciação científica “Arte como valor”, de estudantes de graduação dos cursos de Artes Visuais e História da Arte do Instituto de Artes da Uerj.

Na Galeria da Passagem, a exposição Jogo de Dentro foi prorrogada até o dia 21 de fevereiro, com trabalhos de Andréa Hygino, Jeff.Lewis, Marina S. Alves e Rafa Éis. Com curadoria do próprio grupo de artistas, a mostra é fruto da parceria Coart Uerj e NGoma Capoeira Angola.

As galerias de arte do campus Maracanã da Uerj estão abertas de segunda a sexta-feira, das 9h às 19h e a entrada é gratuita.

Universidade // Ecossistemas

Galeria Candido Portinari

De segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, até 27/2

28 artistas

Idealizada pelo diretor do Departamento Cultural (Decult), Alexandre Sá, e pela coordenadora de Exposições (Coexpa), Ana Tereza Prado Lopes, com curadoria das professoras do Instituto de Artes (Iart), Marisa Flórido e Renata Gesomino, a exposição Universidade // Ecossistemas reúne obras de 28 artistas, individuais ou em coletivos, entre discentes, docentes e técnicos administrativos, que põem em relevo as relações socioambientais estabelecidas entre arte, território, arquitetura e natureza, reiterando as possibilidades de reconexão entre as subjetividades humanas e não humanas, o meio ambiente e o conjunto de relações sociais que as cercam. A partir do significado do termo “ecossistema”, que evoca a imagem de uma casa (oikós em grego), com seus habitantes vivendo em conjunto de forma interligada, e da reflexão sobre a atual crise ambiental, na qual os desastres e as pandemias recentes nos mostram que não há fronteiras rígidas entre as espécies, a mostra desvela ecossistemas imbricados à Universidade, na busca urgente por novas formas de existência e convívio, em quatro teias temáticas, que se atravessam: “Fluxos e partilhas”, “Coletas e taxonomias”, “Violência e cuidado” e “Águas”.

Marisa Flórido, Renata Gesomino, Ana Tereza Prado e Alexandre Sá

De acordo com o diretor do Departamento Cultural (Decult), Alexandre Sá, o tema escolhido para ser trabalhado em 2025 é “Floresta”, que se relaciona com outras vegetações, rizomas e realidades, e já está presente nessa primeira exposição. “A ideia é pensar a Universidade além do campus Maracanã, com seus vários campi e uma grande diversidade de cursos e profissionais”, afirma Sá. “A maior parte das obras dessa mostra vem do Instituto de Artes, porque são pessoas que estão produzindo isso cotidianamente. Mas era uma preocupação nossa que viessem artistas de outros cursos. E eles vieram. Ficamos muito felizes, porque a seleção desses trabalhos de outras unidades acadêmicas em momento algum foi questionada, pois vieram com qualidade. Talvez seja uma porta de entrada para o diálogo com outras áreas do conhecimento, a tal interdisciplinaridade ou transdisciplinaridade, da qual tanto falamos, na prática”, conclui.

Amanda Marcolino, aluna do 8º período de bacharelado e licenciatura de Artes Visuais e autora da obra “semente-raiz-cascata” (2024), detalha o seu processo de criação. “Comecei a produzir a obra para a disciplina Laboratório 4 (“Paisagem”), a partir de um caderno que recebi de uma amiga”, lembra a artista. “A ideia inicial era fazer gravuras dos objetos que coletei em visita à Floresta da Tijuca, mas foi uma experimentação. No final, tudo acabou partindo de fotografias ou da minha memória mesmo, de desenhos. Coloquei algumas fotos e frases no livro, mas, na maior parte do trabalho, eu me debruço sobre o desenho em técnicas diferentes: giz, nanquim a caneta. Foi uma mescla dessas coisas”, completa.

Caio Couto, autor da obra “Entomologia Poética – Ecossistema Resiste”, é licenciado em Artes Visuais, também pelo Iart, e inicia o mestrado em março. O artista reflete sobre a escolha do tema. “É um trabalho que fala sobre os insetos, animais muito desprezados, mas importantes do ponto de vista ecológico. Do ponto de vista poético – e eu sou um artista e não um biólogo – falar de inseto e de ecossistema é pensar nas relações, inclusive as relações na Uerj. Quem são os alunos, de onde estão vindo? Quem são os professores? Quem são as pessoas que estão trabalhando na faculdade? Quem é a comunidade externa? Qual é a relação da faculdade com essas pessoas? Pensar um pouco tudo isso e voltar à questão dos insetos, de um certo descaso com o que é pequeno: essa é uma questão que a gente precisa rever”, conclama Couto.

Para a coordenadora da Coexpa, Ana Tereza Prado Lopes, o diálogo entre arte e natureza vem sendo desenvolvido por muitos artistas desde os anos 1960, mas hoje há um recorte específico, por conta do agravamento das condições climáticas. “Esse é um tema que cruza raças, religiões, atinge todo mundo. É absolutamente democrático, e o ecossistema é justamente isso: essa relação entre os seres humanos e não humanos, que não tem distinção, não tem preconceito. Estamos respirando o mesmo ar que a formiguinha lá da obra do Caio está respirando. Todas são relações de ecossistemas, são noções de uma ecologia, que vivemos também na Universidade”, ressalta.

Corpo Onírico

Galeria Gustavo Schnoor

De segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, até 28/2

13 artistas

Fruto de pesquisa acadêmica realizada no âmbito do projeto de iniciação científica intitulado “Arte como valor”, que abrange estudantes de graduação bolsistas e voluntários dos cursos de Artes Visuais e História da Arte do Iart, as obras desses artistas renomados e emergentes, se aproximam da ideia de corpo onírico, termo que abarca tanto uma investigação do universo da fabulação e do sonho quanto do corpo enquanto materialidade, simbologia, história e memória, bem como instrumento de sociabilidade e ancestralidade.

Jogo de Dentro

Galeria da Passagem

De segunda a sexta-feira, das 9h às 19h, até 21/2

4 artistas

A Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (Coart) da Uerj, em parceria com o projeto Ngoma Capoeira Angola, promove, até 21 de fevereiro, a exposição “Jogo de Dentro”. A mostra apresenta trabalhos de Andréa Hygino, Jeff.Lewis, Marina S. Alves e Rafa Élis. Com curadoria do próprio grupo de artistas, traz obras que transitam pelos universos da capoeira, dos orixás, de lutas e levantes, de saberes que atravessaram o oceano e semearam a luta da diáspora afro-brasileira pela vida e dignidade de seu povo.