Diretoria de Comunicação da Uerj
No lugar das telas eletrônicas, muito papel, tinta e pincéis. Substituindo os jogos virtuais, gincanas, desafios lógicos, visitas a laboratórios, brincadeiras com bolhas de sabão e até um refrescante banho de mangueira. É dessa forma que um grupo de meninos e meninas, de 5 a 12 anos, tem preenchido as manhãs do período de recesso escolar desde o dia 20, na 8ª Colônia de Férias Futuros Cientistas, organizada pelo Núcleo de Apoio Experimental em Bioquímica (Naeb), da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Uerj, em São Gonçalo. As atividades lúdicas, cuidadosamente desenvolvidas e planejadas durante um ano inteiro por uma equipe de estudantes licenciandos e professores da FFP, têm o objetivo de divulgar e popularizar a ciência já nos primeiros anos do ensino fundamental.
A edição deste ano, que vai até este sábado (25), recebeu o número recorde de 1.223 inscrições para as 100 vagas disponíveis, preenchidas em menos de 1 hora. Os critérios para escolha dos candidatos a futuros cientistas depende da ordem de inscrição, a proximidade da residência e estar se candidatando pela primeira vez a uma das vagas.

Para a coordenadora do Naeb e do projeto, professora Hellen Beiral, esse primeiro contato das crianças com o ambiente universitário é transformador. “O projeto promove uma imersão nas atividades de pesquisa e de extensão desenvolvidas por professores universitários e sua equipe de estudantes, que utilizam os mesmos laboratórios didáticos e de pesquisa dos estudantes de graduação. Isso proporciona aos participantes um sentimento de pertença e eles se sentem, de fato, cientistas em diversas áreas. É nessa relação que os desejos e os interesses profissionais surgem de forma concreta, não apenas na imaginação das crianças”, explica. “Sempre ouço os responsáveis pelas crianças dizerem o quanto aprendem, mesmo sem estarem presentes nas atividades. Muitos afirmam que nunca tinham visitado uma Universidade, mesmo morando tão perto, e só o fizeram graças às crianças”, acrescenta Hellen.
Não por acaso, o projeto conta com a parceria da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PR3) da Uerj. “É uma iniciativa excelente para mostrar o papel da extensão no território e na formação de vínculo entre a comunidade e a Uerj”, destaca Ana Santiago, pró-reitora de Extensão e Cultura.
Às vésperas de completar 11 anos, Alícia Brito, aluna do 6º ano de uma escola de São Gonçalo, realiza o sonho de participar de uma colônia de férias pela primeira vez. “Ontem, a gente aprendeu sobre biologia; que as antas estão em extinção aqui no Brasil e também sobre o mosquito da dengue, o Aedes aegypti. Hoje, eu descobri que existem vários tipos de abelhas. Tenho muito medo de abelha, mas essas daqui não têm ferrão”, detalha a menina, com entusiasmo.
Oportunidade também para docentes e alunos da FFP

Professora da pós-graduação em Ensino de Ciências, Ambiente e Sociedade (PPGeas), Hellen ressalta a importância do projeto para pesquisadores, docentes e alunos. De acordo com a coordenadora, o fato de a colônia de férias acontecer na FFP direciona todo o trabalho desenvolvido. “Projetos de pesquisa e de extensão relacionadas à área de ensino e formação docente são desenvolvidos a partir ou para a colônia, gerando resultados que estão presentes em diversas publicações acadêmicas, como monografias, dissertações, teses, artigos e livros; e no desenvolvimento de produtos e processos inovadores, como aplicativos, metodologias, entre outros. Os licenciandos, mestrandos, doutorandos e egressos que participam das atividades têm a oportunidade de vivenciar, na prática, o que estudaram nas diversas disciplinas ofertadas nos respectivos cursos e também de imergirem no campo de suas pesquisas”, elucida.
Rebecca Tibau é bolsista do Programa de Apoio Técnico às Atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão (Proatec). Licenciada em Ciências Biológicas e mestre em Ensino de Ciências, Ambientes e Sociedade pela FFP, é monitora do projeto desde 2022. “Para mim é fundamental não perder esse elo com a Universidade após a conclusão do meu mestrado. A minha formação continuada enquanto docente envolve não só o planejamento, organização e execução, mas também gestão do tempo, interação e socialização com os professores envolvidos nas atividades que são oferecidas ao longo da colônia de férias, além do contato com as crianças de diferentes faixas etárias”, revela Rebecca.
A 8ª edição da Colônia de Férias Futuros Cientistas tem o apoio da FFP na logística, da Pró-reitoria de Políticas e Assistência Estudantis (PR4), com a alimentação da equipe de trabalho, e da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PR3), na produção de camisetas, mochilinhas, garrafas, lanche das crianças e materiais para as oficinas. O evento se encerra com uma visita à Ilha das Flores, em São Gonçalo, onde está localizada a base militar da Marinha e o Centro de Memória da Imigração.
Fotos: George Magaraia